"Segurança" nesse caso se refere somente a um programador acidentalmente acessar uma variável de um modo diferente daquele pretendido pelo autor da classe (não necessariamente um programador diferente). Vou dar um exemplo:
class Fração {
int numerador;
int denominador; // Não pode ser zero
public int calcular() { return numerador / denominador; }
}
Se você puder acessar as variáveis diretamente, você precisa sempre se lembrar de que denominador
não pode ser zero. Mas e se você esquecer? No hora, não vai acontecer nada... Mas tempos depois, quando outra parte do código chamar calcular
, ele vai dar um erro de divisão por zero. Numa hora que você não está esperando, e vai ficar parecendo que foi a chamada ao cálculo que provocou a exceção (tornando mais difícil depurar).
Agora, digamos que você mude a visibilidade dessa variável pra private
e crie um getter e um setter:
class Fração {
int numerador;
private int denominador; // Não pode ser zero
public int getDenominador() {
return denominador;
}
public void setDenominador(int denominador) {
if ( denominador == 0 )
throw new IllegalArgumentException("O denominador não pode ser zero!");
this.denominador = denominador;
}
public int calcular() { return numerador / denominador; }
}
Nesse caso, você continua tendo de lembrar que não pode passar zero, mas e se você esquecer, o que muda? Muda que a exceção será lançada imediatamente ao tentar atribuir o valor, apontando a linha de código exata em que o erro ocorreu, de modo que fica muito mais fácil identificar e corrigir o erro.
Note que, no caso de numerador
, não faz sentido criar getter e setter, você pode fazê-lo (por convenção) ou não.
Há outros benefícios de se ter uma camada de abstração a mais em torno de suas variáveis, por exemplo permitindo que você mude a representação interna da sua classe mantendo seu contrato constante. Esses benefícios são mais significativos quando se deseja ter uma API estável, ou quando se programa em uma equipe grande em que nem todos sabem exatamente o que o código do outro faz.
Em geral a perda de performance em se usar um método a mais é irrisória frente aos benefícios que essa técnica traz. Entretanto, se você está sempre criando getters e setters "porque aprendi que é assim que tem que ser", mas nunca ou raramente precisa validar um campo, ou refatorar a implementação, ou não tem ninguém além de você mesmo consumindo sua API, aí a coisa muda de figura: não só você gasta mais tempo escrevendo um monte de código inútil, como as pequenas perdas em performance ao longo de todo o projeto se acumulam, podendo dar uma diferença significativa (eu duvido, me parece micro-otimização, mas vai saber... talvez o Java do Android não seja tão otimizado pra tratar desse caso quanto a JVM oficial).
Creio que essa é a razão por trás dessa recomendação de não usar no Android. O código fica "menos seguro"? Fica. Mas é só uma questão de ser mais cuidadoso na hora de programar (e isso sim é sempre "boa prática"). Em relação ao produto final, isso por si só não causa nenhuma vulnerabilidade no código nem nada desse tipo.
Google diz para NÃO usar, por questões de perfomance (somente no caso do Android)
, diria que é duplicada. Como o @jsantos1991 disse, poderia nos dizer de onde tirou essa informação?