O que aconteceu aqui: quando você passa para a função conferir
a variável p
, ele faz exatamente isso: o valor de p
. Porém, qualquer mudança que afete o valor de p
dentro da função não interfere no mundo fora da função. Em compensação, você alterar um valor apontado por p
é bem diferente.
Vamos fazer um teste de mesa? Vou "rodar" o programa e acompanhar os seus estados internos, como seria rodado após ser compilado pelo GCC ou coisa equivalente. Considerando aqui inteiros e ponteiros com 1 bytes por questão de simplicidade
Primeiro, iniciamos o programa. Temos a seguinte stack:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: $$B # num
0B: $$C # num
0C: $$D # p
0D: $$E # p
Tudo com lixo na memória (porque não foram inicializados). Então vamos até o scanf(&num)
. Vamos supor que a pessoa entrou com 1
:
00: $$1 # *v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # p
0D: $$E # p
Então chamamos a função conferir
. Nesse caso, o compilador entende que devemos copiar os valores das variáveis e indicar para a função que eles estão no seu alcance. Veríamos globalmente assim a memória:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # p
0D: $$E # p
0E: $$D # (conferir) p
0F: $$E # (conferir) p
10: 1 # (conferir) numero
11: 0 # (conferir) numero
12: &0G # (conferir) vetor
13: &0G # (conferir) vetor
14: 0 # (conferir) i
15: 0 # (conferir) i
16: 0 # (conferir) flag
17: 0 # (conferir) flag
Note que estou usando a notação "&0G
" para indicar que é um apontamento para a "posição de memória" "0" no escopo "global", para não confundir com variáveis inteiras nem com o "posicionamento local", mostrado a seguir
Localmente, veríamos algo assim:
-6: $$D # p
-5: $$E # p
-4: 1 # numero
-3: 0 # numero
-2: &0G # vetor
-1: &0G # vetor
00: 0 # i
01: 0 # i
02: 0 # flag
03: 0 # flag
Ao fazer p = &i
, isso é o que acontece:
-6: &14G # p
-5: &14G # p
-4: 1 # numero
-3: 0 # numero
-2: &0G # vetor
-1: &0G # vetor
00: 5 # i
01: 0 # i
02: $$X # flag
03: $$Y # flag
Na visão global:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # p
0D: $$E # p
0E: &14G # (conferir) p
0F: &14G # (conferir) p
10: 1 # (conferir) numero
11: 0 # (conferir) numero
12: &0G # (conferir) vetor
13: &0G # (conferir) vetor
14: 5 # (conferir) i
15: 0 # (conferir) i
16: $$X # (conferir) flag
17: $$Y # (conferir) flag
Note que o valor de memória nas posições 0C
e 0D
não sofreram alteração. Quando a chamada retornar, "virtualmente" perdemos a pilha da função, ficando apenas com isso:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # p
0D: $$E # p
Que é exatamente o estado anterior. Mas, como resolver isso? O comportamento desejado seria, de algum jeito, tornar "global" o valor de i
sem usar um return
.
Para tal, a primeira coisa que se deve prestar atenção é que não desejamos alterar o valor de p
dentro da função, mas sim o valor apontado por p
. Isso significa que fazer p = XXX;
é um pecado, pois estaria alterando o valor de p
. Para alterar o valor apontado por p
, precisamos fazer *p = XXX;
. Leia mais.
A outra coisa que precisamos tomar cuidado é que precisamos de uma região de memória adequada para esse fim. E um lixo na variável de ponteiro não vai nos ajudar com isso. Portanto, temos duas opções:
- apontar para uma variável local conhecida (deveria ser criada nesse momento)
- criar dinamicamente um espaço de memória para receber esse valor
A segunda abordagem não vou nem explorar aqui, apenas a citei para que você possa estudar mais depois. No caso da primeira, minha sugestão é:
- ter uma variável qualquer inteira na
main
(vamos chamá-la de qualquer
)
- não ter variáveis do tipo ponteiro na
main
- passar para a função
conferir
o endereço da variável qualquer
Ficaria assim o trecho modificado:
int conferir(int vetor[], int numero, int *p)
{
int i=0, flag=0;
for(i = 0;i < 5; i++){
if(numero == vetor[i]){
flag = 1;
break;
}
}
*p = i;
return flag;
}
int main()
{
int v[5], num=0;
int qualquer;
printf("Digite o número para ser conferido com o vetor:\n");
scanf("%d", &num);
if(conferir(v,num,&qualquer) == 1){
...
Rodando o teste de mesa:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: $$B # num
0B: $$C # num
0C: $$D # qualquer
0D: $$E # qualquer
Tudo com lixo na memória (porque não foram inicializados). Então vamos até o scanf(&num)
. Vamos supor que a pessoa entrou com 1
:
00: $$1 # *v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # qualquer
0D: $$E # qualquer
Então chamamos a função conferir
. Nesse caso, o compilador entende que devemos copiar os valores das variáveis e indicar para a função que eles estão no seu alcance. Veríamos globalmente assim a memória:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: $$D # qualquer
0D: $$E # qualquer
0E: &CG # (conferir) p
0F: &CG # (conferir) p
10: 1 # (conferir) numero
11: 0 # (conferir) numero
12: &0G # (conferir) vetor
13: &0G # (conferir) vetor
14: 0 # (conferir) i
15: 0 # (conferir) i
16: 0 # (conferir) flag
17: 0 # (conferir) flag
Note que estou usando a notação "&0G
" para indicar que é um apontamento para a "posição de memória" "0" no escopo "global", para não confundir com variáveis inteiras nem com o "posicionamento local", mostrado a seguir
Localmente, veríamos algo assim:
-6: &CG # p
-5: &CG # p
-4: 1 # numero
-3: 0 # numero
-2: &0G # vetor
-1: &0G # vetor
00: 0 # i
01: 0 # i
02: 0 # flag
03: 0 # flag
Ao fazer *p = i
, isso é o que acontece:
-6: &CG # p
-5: &CG # p
-4: 1 # numero
-3: 0 # numero
-2: &0G # vetor
-1: &0G # vetor
00: 5 # i
01: 0 # i
02: $$X # flag
03: $$Y # flag
Na visão global:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: 5 # qualquer
0D: 0 # qualquer
0E: &CG # (conferir) p
0F: &CG # (conferir) p
10: 1 # (conferir) numero
11: 0 # (conferir) numero
12: &0G # (conferir) vetor
13: &0G # (conferir) vetor
14: 0 # (conferir) i
15: 0 # (conferir) i
16: $$X # (conferir) flag
17: $$Y # (conferir) flag
Ao retornar da função e "desempilhar" suas variáveis, temos:
00: $$1 # v,v[0]
01: $$2 # v[0]
02: $$3 # v[1]
03: $$4 # v[1]
04: $$5 # v[2]
05: $$6 # v[2]
06: $$7 # v[3]
07: $$8 # v[3]
08: $$9 # v[4]
09: $$A # v[4]
0A: 1 # num
0B: 0 # num
0C: 5 # qualquer
0D: 0 # qualquer
Com o devido efeito colateral, que era alterar o valor da variável qualquer
.