Aqui vai uma resposta sumariada (e não 100% correcta). Este assunto é bastante extenso para explicar num post, se não ficares satisfeito terás de ser tu a pesquisar para aprofundar a questão. Só quero dar-te uma ideia simples, aconselho que aprofundes mais o assunto.
Mas primeiro, vou supor que não sabes C e dar uma breve explicação em como o código é transformado em app.
Podemos dizer que existem 3 passos (na verdade são mais, mas conhecer estes três é o suficiente para ter uma boa noção do processo):
1) Pré-compilação
Isto é quando o código é preparado para compilação, quando as directivas #define
, #ifdef
, etc. são processadas. Ou seja, se tivermos um #define MyDef 3
, ao fim deste passo todos os sítios do código com MyDef
terão 3.
É também este passo que gere as redefinições de macros, por exemplo, se tivermos os ficheiros a.h
#define MyDef 3
e b.h
#define MyDef 4
Quando usarmos o MyDef
, o seu valor dependerá na ordem em que incluímos os headers
.
#import "a.h"
#import "b.h"
// MyDef == 4
#import "b.h"
#import "a.h"
// MyDef == 3
2) Compilação
Este é o sumo de todo o processo, por isso é que se chama de compilação também aos três passos juntos, porque este é o principal.
É este passo que transforma o código em linguagem máquina. Este passo resulta em ficheiros binários como código executável. Tem os bytes que o processador irá interpretar durante a execução para saber o que fazer.
Estes binários parciais têm também referências para os outros binários parciais e bibliotecas do iOS (as .framework).
3) Linking
Este é o último passo. É quando todos os binários parciais resultantes do 2 são juntos num só executável.
É também aqui que os recursos são adicionados ao binário final.
Ao usar a directiva @class
estamos a dizer ao compilador que a classe existe e que não é preciso verificar a sua existência, delegando essa verificação para o linking
.
Por exemplo:
@class XPTO;
@interface YPTO : NSObject
@property (strong, nonatomic) XPTO *xpto;
//...
@end
Este .h
diz ao compilador não te preocupes com a XPTO isso será tratado no linking
.
Isto tem um problema, não tendo uma referência para a classe, o compilador não a sabe usar. Por isso, no .m
adicionamos o #import
:
#import "YPTO.h"
#import "XPTO.h"
@implementation YPTO
- (void)yMethod
{
[xpto xMethod];
}
//...
@end
Sem o #import
, o compilador não sabe qual a referência do método xMethod
a usar quando criar o binário parcial do YPTO. Isto pode ser visto da seguinte maneira. A directiva @interface
cria as referências, se o compilador não lê a @interface
não sabe quais as referências a usar.
O que acontece é que o compilador (e também o pré-compilador) quando percorre o YPTO.m
irá i) ler o YPTO.h
, ii) ler o XPTO.h
e ii) ler a @implementation YPTO
.
Quando usar @class
ou #import
?
Usa o @class
quando não precisas do #import
.
Pessoalmente, tento ter o mínimo de #import
s nos .h
possível. Usando o exemplo das classes XPTO e YPTO. Imagina que mais tarde criamos uma classe ZPTO que usa a YPTO, mas não precisa da XPTO. Ao fazermos o #import "YPTO.h"
, o compilador não perderá tempo a ler o XPTO,h
nem os #import
s dele.
Outra vantagem é que reduzimos a possibilidade de termos, por exemplo,
a.h
#import "b.h"
b.h
#import "a.h"
Onde ao ler o a.h
, o compilador iria ler o b.h
, que por sua vez faria o compilador ler o a.h
, b.h
, a.h
, ad infinitum.
Eu poderia apagar os imports de todas minhas classes que fazem referência a outras classes e simplesmente escrever @class
e aí sim importá-las no implementation file?
Vou supor que quando falas em apagar das classes te referes aos .h
.
A reposta parece ser "sim, podes". Mas há duas coisas a ter em atenção.
Primeiro, não é boa ideia.
Sei que parece ir em contradição com o que respondi à outra questão, mas o que disse foi que pessoalmente tento ter o mínimo de #import
s nos .h
possível.
Por vezes é preferível ter #import
s no .h
.
Voltando ao exemplo das classes XPTO e YPTO. Imagina que todos os métodos da YPTO recebem e/ou retornam instâncias de XPTO. É muito provável que quem importe o YPTO.h
também queira importar o XPTO.h
, viste que YTPO tem uma relação de dependência da XPTO. Neste caso fará sentido que o #import "XPTO.h"
esteja no YPTO.h
.
Segundo, não podes.
Embora pareça que sim, existem situações onde tal não é possível.
@class Super
@interface Class : Super
//...
@end
Neste exemplo, o compilador não terá uma referência para a classe Super e não saberá como resolver a herança.
Como extra, quero avisar que se quiseres fazer algo semelhante ao @class
para protocolos, podes fazê-lo com o @protocol
.
Por exemplo,
@protocol Delegate;
@interface Class : NSObject
@proprety (weak, nonatomic) id<Delegate> delegate;
//...
@end
No entanto, não é possível fazer
@protocol Delegate;
@interface Class : NSObject <Delegate>
//...
@end
pois o compilador não terá a referência do protocolo.