Primeiro, preciso dizer que uma das URLs parece estar mal construída.
Pelo texto entende-se que a URL /users/name/guilherme
retornaria todos os usuários que possui name
igual a guilherme
. Se é uma busca, não é um recurso do servidor, então não pode ser mapeado para uma "uniform resource locator". Buscas são feitas por query strings, então a URL deveria ser algo como:
/users/?name=guilherme
Neste caso, o caminho que será acessado no servidor¹, definido pelo path da URL, será /users
, portanto o recurso será devidamente localizado, será efetuada a busca e, neste caso, não serão encontrados resultados. Esta situação configura uma requisição tratada com sucesso pelo servidor, portanto uma resposta "200 OK"; como não foram encontrados resultados, provavelmente o corpo da resposta será uma lista vazia ou estrutura análoga:
HTTP/1.1 200 OK
Content-Type: application/json
{
"total": 0,
"users": [],
"query": {
"name": "guilherme"
}
}
Perceba que retornar uma lista vazia não significa responder com o corpo vazio. Isso dificilmente será recomendado. Explícito é sempre melhor que implícito. Por exemplo, na resposta acima não só foi retornado "users": []
indicando a ausência de resultados como foi retornado "total": 0
e a busca efetuada. Quem for tratar a resposta não terá dúvidas que a busca foi feita com sucesso e não obteve resultado. Não ter dúvidas é sinal de ausência de ambiguidade e isso sempre é interessante.
Já para a URL /users/7
a situação muda. Você não está efetuando uma busca, mas sim acessando um recurso específico do servidor. Neste caso, não existindo um usuário com identificador igual a 7, o retorno deverá ser "404 Not Found".
Assim como comentado em Pular a rota devido a parametro mal formatado é um erro de sintaxe? a resposta 404 indicará que no momento da requisição o recurso não existe, mas no futuro, por ventura, poderá existir. Isso é importante para o cliente que está fazendo a requisição pois ele saberá que poderá futuramente fazer a mesma requisição e obter uma resposta diferente.
Mas perceba, isso não é uma regra, apenas algo que se aproxima ao idiomático do HTTP, pois busca eliminar ao máximo a redundância. Dependendo dos requisitos a redundância pode ser benéfica quando é de interesse praticar a segurança por obscurantismo². Em alguns casos gerar a redundância nas respostas HTTP é proposital para ocultar as regras de implementação da API, porém este é um contexto difícil de se trabalhar, pois aumentando a redundância você intrinsecamente aumenta o grau de dificuldade das integrações.
É comum, no entanto, vermos APIs com o retorno para /users/?name=guilherme
sendo a resposta 404 da mesma forma:
HTTP/1.1 404 Not Found
Content-Type: application/json
{
"total": 0,
"users": [],
"query": {
"name": "guilherme"
}
}
E é comum também vermos a resposta com o corpo indicando os detalhes da resposta, o que diminuiria a redundância nesse exemplo. Se você reduz a redundância pelo corpo, o código da resposta passa a ser supérfluo, então dependerá diretamente das regras de implementação do seu projeto, só busque ser coerente. Ao definir a resposta em um desses recursos, utilize-a para todos os recursos semelhantes. Uma resposta 404 para /users/?name=guilherme
e uma resposta 200 para /posts/?category=sports
deixaria sua API incoerente e prejudicaria ainda mais qualquer integração.
204 No Content
A resposta 204 não deve ser usada para indicar que a busca não teve resultados. Semanticamente falando - e é isso que importa quando analisamos a fundo qual resposta utilizar - quando fazemos uma busca esperamos como resultado uma lista; quando a busca não possui resultados, será esperado que recebemos uma lista vazia. O servidor recebeu a requisição, a entendeu e conseguiu interpretá-la e executá-la. Retornar a resposta 204 neste caso implicará que o cliente assuma por inferência que não houveram resultados, mas nunca lhe dará a segurança disso.
Seria o mesmo que você chegar a um feirante, pedir se ele possui tomates para vender e ele não te responder. Você pode entender que por não ter te respondido ele não possua os tomates, mas também pode ser que ele não entendeu que foi uma pergunta e, portanto, julgou que não havia necessidade de uma resposta. Gerar dúvidas no cliente não é semântico. Diferentes clientes podem entender de forma distinta e a confusão estará armada. Você pode até documentar muito bem sua API e deixar explícito que haverá o retorno 204 quando não encontrar resultado, mas nesse caso você acaba gerando uma dependência muito grande com sua própria documentação sem qualquer tipo de benefício.
Quando a resposta 204 No Content deve ser usada?
Quando a resposta para a requisição não demandar um corpo. A situação mais comum disso é em atualizações de informações. Imagine a situação: o usuário acessou seu perfil no site, entrou em editar perfil e, assim, está vendo todas as informações atuais no formulário. Ele decide então alterar alguns campos e salvar. Nesse momento o usuário já possui todas as informações atualizadas na tela, por que você iria transmitir essas mesmas informações do servidor para o cliente sendo que você já as possui no cliente? Isso seria adicionar uma carga desnecessária na comunicação. Para o cliente em si isso talvez nem faça tanta diferença; o tempo gasto a mais para transmitir o corpo possivelmente seria de alguns milissegundos (ou segundos em casos piores)³, mas nada que chegasse a afetar a usabilidade da API. Porém, para um servidor que precisa responder milhares de requisições por hora, essa informação a menos que ele não precisará enviar pode fazer muita diferença.
Imagine que você precisa solicitar ao estagiário que ele mude a posição da cafeteira no escritório. Hoje ela fica na cozinha, mas você quer que ela seja instalada na sua mesa. Você pode chegar pro estagiário e pedir "Saudações terráqueo, por favor, mude a posição da cafeteira. Traga ela da cozinha para a minha mesa". O estagiário, eficiente como sempre, prontamente faz a mudança e a fim de te informar que a tarefa foi executada ele chega até você e responde uma das opções abaixo:
- Pronto!
- Pronto, mudei a cafeteira de lugar. Agora ela está instalada na sua mesa.
Concorda que ambas as respostas são completas e não deixam dúvidas do que foi feito? Mesmo que a resposta seja apenas "Pronto!", você já sabia que a cafeteira estava na cozinha e que seria instalada na sua mesa, então somente uma confirmação já seria suficiente. De forma análoga, a segunda resposta também te dá a confirmação que a tarefa foi realizada, com a diferença que ela também afirma aquilo que você já sabia.
Na resposta HTTP é a mesma coisa. Se você já possui conhecimento atual e você o modifica, você tem todas as ferramentas necessárias para inferir qual será o novo estado do recurso, assim apenas uma confirmação de sucesso bastará.
Inclusive, a resposta 204 No Content costuma possuir o cabeçalho ETag, que é um valor único responsável por identificar o estado do recurso. Assim, junto com as informações do recurso você possuirá a ETag atual do mesmo, que você deverá enviar junto com a requisição de atualização através do cabeçalho If-Match. Se o recurso no servidor estiver exatamente no mesmo estado que o cliente possuía, a atualização é autorizada e o novo ETag é devolvido na resposta. Caso o recurso esteja em um estado diferente do que o cliente possui, a atualização das informações deverá ser recusada informando ao cliente que a versão do recurso que ele possui está desatualizada. Isso evita o problema de "lost update".
Vamos supor a situação: tenho as informações de um usuário (nome e e-mail) e desejo atualizá-las. Eu acesso o recurso:
>> GET /user/1 HTTP/1.1
>> Host: localhost
>> ...
Obtendo a resposta:
<< HTTP/1.1 200 OK
<< Content-Type: application/json
<< ETag: 1000001
<< ...
<<
<< {"name": "Anderson Carlos Woss", "email": "anderson@localhost"}
Eu altero o e-mail e mando salvar, fazendo, assim, a requisição de atualização:
>> PUT /user/1 HTTP/1.1
>> Host: localhost
>> Content-Type: application/json
>> If-Match: 1000001
>> ...
>>
>> {"email": "anderson@woss"}
Neste caso, eu tenho o nome e e-mail originais e sei o que foi mudado, então sei que o novo estado será {"nome": "Anderson Carlos Woss", "email": "anderson@woss"}
, a resposta à requisição não precisa me dizer isso, seria redundante. Então uma possível resposta utilizando a HTTP 204 seria:
<< HTTP/1.1 204 No Content
<< ETag: 1000002
<< ...
Veja que a resposta informará o novo valor de ETag indicando o novo identificador do recurso. Se for feita outra requisição de atualização informando o valor antigo, a atualização não ocorre e a resposta 412 Precondition Failed será retornada:
>> PUT /user/1 HTTP/1.1
>> Host: localhost
>> Content-Type: application/json
>> If-Match: 1000001
>> ...
>>
>> {"email": "john@due"}
A resposta seria:
<< HTTP/1.1 412 Precondition Failed
<< Content-Type: application/json
<< ETag: 1000002
<< ...
<<
<< {"error": "As informações estão desatualizadas. Atualize-as antes de fazer uma edição"}
Isso evitaria que a primeira alteração fosse sobrescrita pela segunda (problema de "lost update").
(1): Lembrando que a URL é um valor opaco e não necessariamente reflete a implementação do servidor, então dizer que o caminho acessado no servidor a partir do path da URL nem sempre é válido.
(2): Segurança por obscurantismo: Como se chama a técnica de esconder componentes para assegurar informações?
(3): Desconsiderando casos especiais em que o corpo da resposta poderia ser gigantesco.
404 = O servidor encontrou nada que corresponda ao URI de solicitação.