No caso, você desejar "elementos comuns" descarta-me a possibilidade de se pensar em arranjo. Pelo conceito que estou acostumado de arranjo a ordem importa. Numa interseção, a ordem é totalmente irrelevante.
Por exemplo, os arranjos {0,1}
e {1,0}
são diferentes. Se forem tratados como conjuntos, entretanto, eles são os mesmos conjuntos. Não conheço qual seria a definição formal de interseção para arranjos, porém para conjuntos é assim:
Se você não tem limitação alguma com o Java que está usando, pode usar o Set
diretamente e resolver o seu problema. Algo mais ou menos assim (versão Java 8):
int []a = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 };
int []b = {0, 1, 2, 3};
// cria um objeto da classe Set sobre o array a
Set<Integer> setA = IntStream.of(a).boxed().collect(Collectors.toSet());
// cria um objeto da classe Set sobre o array b
Set<Integer> setB = IntStream.of(b).boxed().collect(Collectors.toSet());
// determina a interseção: verifica se os elementos de a estão em b, transformando em array logo em seguida
int []c = setA.stream().filter(b::contains).mapToInt(Integer::intValue).toArray();
Agora, isso me parece um exercício proposto por um professor de modo que você desenvolva toda a lógica por traz disso, usando-se do mínimo de implementações externas do assunto. Então, posso assumir que é tudo contigo? Isto é, todo código sendo executado provém d seu teclado?
Pois bem, o primeiro passo seria dar um jeito de sobreviver à limitação do tamanho do conjunto. Eu proponho uma solução porca, nojenta e engenhosa: criamos um vetor rascunho do tamanho máximo possível e operamos em cima dele. Então, dado que contamos todos os elementos da interseção, criamos um vetor de tamanho adequado e jogamos do rascunho para o novo array a parte interessante:
int []a = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 };
int []b = {0, 1, 2, 3};
int []rascunho = new int[a.length < b.length? a.length: b.length];
int tamanhoIntersecoesNoRascunho = 0;
// iterando sobre os elementos no vetor a
for (int elA: a) {
// primeiro, devo verificar se já foi inserido no rascunho para não repetir...
boolean contidoRascunho = false;
for (int i = 0; i < tamanhoIntersecoesNoRascunho; i++) {
// sim, já fora inserido no rascunho
if (elA == rascunho[i]) {
contidoRascunho = true;
break;
}
// se já está no rascunho, vá para o próximo elemento a ser processado
if (contidoRascunho) {
continue;
}
// verifica se pertence ao outro conjunto
for (int elB: b) {
// foi detectada a interseção
if (elA == elB) {
rascunho[tamanhoIntersecoesNoRascunho] = elA;
tamanhoIntersecoesNoRascunho++;
break;
}
}
}
}
// criando o vetor final, de tamanho adequado
inc []c = new int[tamanhoIntersecoesNoRascunho];
for (int i = 0; i < tamanhoIntersecoesNoRascunho; i++) {
c[i] = rascunho[i];
}
Essa solução simplesmente funciona, mas ela (em sua atual encarnação) é ruim por diversos motivos:
- seu tempo de execução é de
o(n * m)
, sendo n
o tamanho do primeiro conjunto e m
o tamanho do segundo conjunto; creio que piore um pouco mais se tiver uma grande interseção, porém isso não mudaria a complexidade assintótica
- exige um gasto de memória extra, mesmo sendo plausível que esse espaço no final acabe nem sendo utilizado
Você até consegue melhorar a parte do tempo de execução usando a lógica de, inicialmente, pré-processar os vetores para deixá-los em ordem crescente. Nesse caso, porém, note que a iteração deve ser distinta. Leia mais [1] [2]. Abstraindo a parte da ordenação, ficaria assim a detecção:
int []a = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 };
int []b = {0, 1, 2, 3};
// ... rotina misteriosa que ordena a e b ...
int i = 0;
int j = 0;
int idxRascunho = 0;
int []rascunho = new int[a.length < b.length? a.length: b.length];
int ultimoElementoAdicionado = 0;
while (i < a.length && j < b.length) {
if (a[i] == b[j]) {
int candidato = a[i];
if (idxRascunho == 0 || ultimoElementoAdicionado != candidato) {
rascunho[idxRascunho] = candidato;
idxRascunho++;
}
i++;
j++;
} else if (a[i] < b[j]) {
i++;
} else { // a[i] > b[j]...
j++;
}
}
// criando o vetor final, de tamanho adequado
inc []c = new int[idxRascunho];
for (int i = 0; i < idxRascunho; i++) {
c[i] = rascunho[i];
}
Essa solução melhora a parte do desempenho, porém continua com problema de memória...
Para resolver isso, que tal uma lista ligada? Então, assumindo que o código é totalmente nosso, podemos fazer uma lista ligada. No caso, nossa lista será extremamente simples e cada nó conterá apenas 3 informações:
- o número que ele carrega consigo
- o ponteiro para o próximo elemento da lista (
null
significa fim da lista)
- o tamanho da lista até então, contando o nó atual
Podemos adicionar um método utilitário nela que transforma a lista em um vetor de inteiros.
Assim, nossa classe de nó de lista ligada pode ser definida assim:
class Nodo {
final Nodo proximo;
final int tamanho;
final int conteudo;
// para construir um novo nó, só preciso ser informado de seu conteúdo e do vizinho
Nodo(int conteudo, Nodo proximo) {
this.conteudo = conteudo;
this.proximo = proximo;
this.tamanho = (proximo != null? proximo.tamanho: 0) + 1;
}
static int[] toArray(Nodo nodo) {
if (nodo == null) {
return new int[0];
}
int []vetor = new int[nodo.tamanho];
for (Nodo it = nodo; it != null; it = it.proximo) {
// como armazenamos em cada nó o tamanho do lista que se segue + 1,
// então se pusermos o seu conteúdo na posição it.tamanho-1 manteremos
// a ordem de inserção dos nodos dentro do vetor, então o vetor
// gerado estará ordenada
vetor[it.tamanho - 1] = it.conteudo;
}
return vetor;
}
}
Como a lista ligada contém, necessariamente, o maior elemento descoberto na interseção, então podemos criar a seguinte função utilitária para saber se, por acaso, o elemento já foi inserido na interseção:
private static boolean candidatoEhNovidade(int candidato, Nodo ultimoNodo) {
// se está nulo é porque não tem elementos na interseção
if (ultimoNodo == null) {
return true;
} else {
return candidato != ultimoNodo.conteudo;
}
}
Então, em cima disso, podemos dar uma abstração em um método que faz a manutenção da lista, retornando a nova cabeça da lista:
private static Nodo insereSeNovidade(int candidato, Nodo ultimoNodo) {
if (candidatoEhNovidade(candidato, ultimoNodo)) {
return new Nodo(candidato, ultimoNodo);
} else {
// nada a fazer, então a lista continua no mesmo estado
return ultimoNodo;
}
}
E o miolo do programa seria isso:
int []a = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 };
int []b = {0, 1, 2, 3};
// ... rotina misteriosa que ordena a e b ...
int i = 0;
int j = 0;
Nodo cabecaLista = null;
while (i < a.length && j < b.length) {
if (a[i] == b[j]) {
cabecaLista = insereSeNovidade(a[i], cabecaLista);
i++;
j++;
} else if (a[i] < b[j]) {
i++;
} else { // a[i] > b[j]...
j++;
}
}
// criando o vetor final, de tamanho adequado
inc []c = Nodo.toArray(cabecaLista);
Assim, sem fazer uso de nada da biblioteca padrão do Java (exceto, talvez, na lacuna referente à ordenação), conseguimos criar a lista em tempo o(n log n)
e com uso de memória assintoticamente igual ao tamanho da interseção entre os dois conjuntos.