Sim -
O jeito mais fácil de fazer não é perfeito - mas é suficiente para a maioria dos casos -
Trata-se de fazer uso do mecanismo que a linguagem tem de escrever funções que recebem um número arbitrário de parâmetros com nome - para isso, basta preceder o nome de um parâmetro com dois asteriscos - **
(em quase todo código Python que você olhar, esse parâmetro vai se chamar kwargs
- abreviação de "Keyword arguments" - ou encurtado para kw
- no entanto essa é só uma convenção de nome - o importante são os dois **
.)
Para encurtar, a sua classe derivada acima poderia ficar assim:
from Testes import POO
class Fisica(POO.Cliente):
def __init__(self,sexo, **kwargs):
super().__init__(**kwargs)
self.sexo = sexo
Pronto -o que isso significa: o parâmetro sexo
é obrigatório para o método __init__
desta subclasse, e ela não se importa de receber quaisquer outros parâmetros com nome.
O parâmetro kwargs
dentro deste método será um dicionário de Python - normalzinho, contendo todos os outros argumentos passados. Você pode inspeciona-lo, altera-lo, etc... (experimente colocar um print(kwargs)
, por exemplo).
E aí, na chamada para super()...
o mesmo kwargs é usado no mecanismo reverso: quando colocamos **
no prefixo de um argumento na chamada de uma função ou método, ele assume que a variável após os **
é um mapa ( "mapping", um dicionário é um tipo específico de mapa) - e desdobra os conteúdos chave: valor
desse mapa como parâmetros e argumentos para a função chamada.
Nesse caso, se a classe Fisica fosse chamada com Fisica(sexo='F', nome='Simone', idade=35)
, kwargs seria um dicionário contendo {'nome': 'Simone', 'idade': 35}
, e super().__init__(**kwargs)
seria equivalente a super().__init__(nome='Simone', idade=35)
É importante notar que essa sintaxe com dois "**" exige que os argumentos sejam passados com nome - só assim o Python pode criar um dicionário com chaves de par e valor: ou seja, idealmente a chamada tem que ser Fisica(sexo='F', nome='Simone', idade=35)
. se for desejado trabalhar com parâmetros posicionais. i.e. Fisica('F', "Simone', 35)
, deve se usar apenas um "*", e o parâmetro recebido com os demais argumentos na ordem em que foram passados é uma tupla, não um dicionário. Justamente por que a assinatura com todos os parâmetros possíveis/desejados não fica explícita na subclasse, é mais recomendado se trabalhar com os argumentos com nome, assim, ninguém precisa "adivinhar" a ordem de envio, e as chamadas podem ser em ordem arbitrária.
Note que esse mecanismo é bastante flexível - se você preferir, pode simplesmente colocar **kwargs
e nenhum parâmetro a mais na definição do método, e extrair os dados usados por cada subclasse do próprio dicionário, com o método .pop()
, por exemplo (que recuperar um valor do dicionário e remove o par chave/valor correspondente):
class Fisica(POO.Cliente):
def __init__(self,sexo, **kwargs):
self.sexo = kwargs.pop('sexo', '-')
super().__init__(**kwargs)
(O segundo parâmetro para o 'pop' é o valor padrão - no caso, se a pessoa não passasse "sexo" como argumento, a string '-' seria usada).
Por que eu falei que isso não é perfeito?
Só por que assim alguém que inspecione o método __init__
da subclasse não tem como ver os nomes e especificações dos parâmetros na superclasse - só apareceriam "sexo" e "kwargs". Então uma IDE que dependa disso para te ajudar com o auto-complete, por exemplo, vai se perder.
Uma boa recomendação nesses casos é documentar os parâmetros extras, que vocẽ sabe serem necessários na doc-string da classe.
Os mecanismos de introspecção de Python permtiriam a criação de um decorator pra classe, por exemplo, que poderia mudar a assinatura dos métodos com kwargs dentro de uma classe para refletir os parâmetros da super-classe - mas isso seria algo bem avançado, e complexo. É até possível que exista algum módulo externo que já faça isso.
super().__init__()
? Tem outro post aqui que fala disso talvez ajude. pt.stackoverflow.com/questions/22452/…