Em geral
- talvez, depende
- talvez, depende
- talvez, depende
Um pouco menos geral
INDEXES
melhoram buscas com valores específicos nas colunas indexada (incluindo joins) mas incorrem overhead em INSERT|UPDATE
, vide Quais as vantagens e desvantagens do uso de índices em base de dados?.
FOREIGN KEYS
vão afetar negativamente tempo de INSERT|UPDATE
, o que é lógico já que ter que garantir integridade referencial envolve checagens extras (pense em como você implementaria esse mecanismo e vai ver que não tem como fugir de um custo extra). Elas também podem acelerar operaçõesSELECT
, contudo como e porque vai depender do banco de dados sendo usado.
O impacto "negativo" de FKs
e INDEXES
em inserções/atualições é claramente documento em alguns bancos, ex: PostgreSQL recomenda remover indexes e foreign keys em bulk inserts, o mesmo para MySQL.
O impacto positivo de FKs
em SELECTS
é algo meio obscuro, sinceramente nunca havia ouvido falar disso e não encontrei documentação explicita sobre, mas existem relatos pela net e até um exemplo abaixo mostrando como de fato isso ocorre.
Sendo preciso
Use EXPLAIN
: PostgreSQL, MySQL, SQLite, Oracle, SQL Server.
Vamos pegar seu exemplo e fazer uma análise rasa dele no MySQL
:
CREATE TABLE niveis (
id INT,
nome VARCHAR(255)
);
CREATE TABLE usuarios (
id INT,
nivel_id INT
);
Sem indexes e fks com a query
EXPLAIN SELECT A.*, B.nome FROM usuarios AS A JOIN niveis AS B ON B.id = A.nivel_id \G
temos:
*************************** 1. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: A
partitions: NULL
type: ALL
possible_keys: NULL
key: NULL
key_len: NULL
ref: NULL
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: NULL
*************************** 2. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: B
partitions: NULL
type: ALL
possible_keys: NULL
key: NULL
key_len: NULL
ref: NULL
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: Using where; Using join buffer (Block Nested Loop)
Vamos focar na coluna type
com valores ALL
e ALL
. O que isso indica é que todas as linhas da tabela A
vão ser escaneadas e para cada uma delas nós vamos escanear todas as linhas da tabela B
, o equivalente ao seguinte pseudo-código:
para id in A:
para id_2 in B:
if id == id_2:
print(id, id_2)
Uma operação O(n^2)
.
Agora usando INDEXES
(PRIMARY KEY
gera UNIQUE CLUSTERED INDEXES
em MySQL
):
ALTER TABLE niveis ADD PRIMARY KEY (id);
ALTER TABLE usuarios ADD PRIMARY KEY (id);
mysql> EXPLAIN SELECT A.*, B.nome FROM usuarios AS A JOIN niveis AS B ON B.id = A.nivel_id \G
*************************** 1. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: A
partitions: NULL
type: ALL
possible_keys: NULL
key: NULL
key_len: NULL
ref: NULL
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: Using where
*************************** 2. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: B
partitions: NULL
type: eq_ref
possible_keys: PRIMARY
key: PRIMARY
key_len: 4
ref: test.A.nivel_id
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: NULL
Novamente temos ALL
para A
, mas agora com eq_ref
para B
. ALL
vai percorrer todas as linhas de A
e eq_ref
vai utilizar o index
e pegar apenas as linhas necessárias, equivalente a:
para id in A:
if B possui id:
print(id, id)
O(n)
.
Por fim vamos análisar com a FOREIGN KEY
:
ALTER TABLE usuarios ADD FOREIGN KEY (nivel_id) REFERENCES niveis(id);
mysql> EXPLAIN SELECT A.*, B.nome FROM usuarios AS A JOIN niveis AS B ON B.id = A.nivel_id \G
*************************** 1. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: A
partitions: NULL
type: index
possible_keys: nivel_id
key: nivel_id
key_len: 5
ref: NULL
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: Using where; Using index
*************************** 2. row ***************************
id: 1
select_type: SIMPLE
table: B
partitions: NULL
type: eq_ref
possible_keys: PRIMARY
key: PRIMARY
key_len: 4
ref: test.A.nivel_id
rows: 1
filtered: 100.00
Extra: NULL
index
+ eq_ref
. Segundo a documentação index
é "praticamente" ALL
, porém geralmente mais rápido pois faz a busca completa na estrutura de indexão ao invés de diretamente na tabela. Ou seja, ainda O(n)
, mas mais veloz que ALL
+ eq_ref
.
Por fim é importante deixar claro que resultados de EXPLAIN
variam, e muito, conforme dados e quantidade deles, então é importante não ficar preso a primeira análise pois ela vai precisar ser repetidada conforme seu banco cresce e a estratégia de indexação pode mudar várias vezes (isso não quer dizer que o EXPLAIN
é inútil em uma database vazia, o banco não vai fazer mágica para transformar suas queries ineficientes em algo decente, um ALL
, ALL
por exemplo é quase sempre um mal sinal).
Comentários
Primeiramente se você não tem certeza de que isso vai causar um impacto visívelmente negativo na sua aplicação (quase nunca vai), use foreign keys. Razões:
- O banco de dados é otimizado para lidar com isso, tentar replicar essas checagens na sua aplicação vai definitivamente ser mais lento.
- A grande força de
SQL
é ser uma linguagem declarativa, você não especifica "como" fazer, apenas "o quê". Isso vale para a integridade referencial, você declara quais relações existem sem precisar implementar elas em código. Levando a ideia para seu código você teria que fazer as duas coisas, declarar as relações e implementar as checagens, não muito produtivo.
- Se o seu modelo é grande, se seu app é complicado e você não tem uma longa barba e se chama Ken Thompson (ou algum dos outros barbudos antediluvianos) você vai gerar incosistência no seus dados se tentar manter eles coerentes trantando tudo na aplicação. É um fato da vida, aceite.
Sobre os INDEXES
não tem receita de bolo, você vai ter que avaliar o uso geral da sua aplicação e que tipos de queries
são feitas para poder determinar quando utilizar eles. Sim, EXPLAIN
é complicado e tedioso, mas você não precisa usar a todo momento, apenas quando estiver em dúvida sobre o comportamento do RDBMS
em queries
complexas, aí não tem como fugir.