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Que tipos de funções são estas? O que estes protótipos podem fazer?

 /*1*/int func ( int (*x)(int,int) )


 /*2*/int func ( int x(int,int) ) 


 /*3*/int func1 ( int(fn)() )


 /*4*/int func2 ( int(*fn)() )

Este tipo de função é chamado de apontador para função? Como é utilizado e o porquê de ser utilizada.

typedef int cellulae_func(int, int);

void tabula(cellulae_func *cell, int lat, int alt);
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  • 1
    Você tem referência da sintaxe de todos? Tem caso que eu desconheço.
    – Maniero
    15/08/2018 às 0:32
  • Vi isto numa pagina a citar estes prototipos, porém so tinha mesmo isto. As 2 primeiras funções tem a duvida aqui stackOverflEN Porem eu não consigo perceber mesmo assim com aquelas respostas e achei util colocar aqui. 15/08/2018 às 0:37
  • Usar notação de ponteiro no nome da função ou usar o nome diretamente não faz diferença, e o compilador irá interpretar de ambas as maneiras.
    – Isac
    15/08/2018 às 0:45
  • @Isac falando da ultima função correto? Essa função apareceu num trabalho meu da faculdade e eu não percebi bem para que servia, terá algum uso bastante importante? 15/08/2018 às 0:47
  • Refiro-me a todas, que são 2 multiplicadas em 4 devido às notações diferentes. O objetivo é mesmo funcionar como um callback (algo muito comum em linguagens com chamadas assincronas), embora em C não costume ser utilizada com o mesmo objetivo. Basicamente passa uma função que irá depois ser chamada. É com base nesse principio que consegue implementar polimorfismo em C puro.
    – Isac
    15/08/2018 às 0:50

2 Respostas 2

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+50

Isto é ponteiro para função, então na forma apresentada, assim como um parâmetro pode receber uma referência para um objeto, o parâmetro pode receber uma referência para uma função.

Portanto C possui o que se chama função de alta ordem ou de primeira classe. Tratamos funções como se fossem dados.

Uma função já é naturalmente uma referência, afinal o acesso a ela se dá pelo endereço do início do código escrito nesta função, de forma análoga a um vetor que tem um ponteiro para o primeiro elemento dele. Isso vale para funções estáticas mesmo, mas neste caso o endereço está associado a um identificador existente no código e chama-se ele diretamente, não tem muito o que fazer com isto.

Mas é possível armazenar esse endereço em uma variável, ou mesmo passar como argumento para uma função que espera justamente um tipo que seja uma função. É a função mesmo, não é chamar uma função no argumento e passar o resultado dela, você passa ela. Claro que fala-se passar a função sem que esteja copiando seu código de um lugar para outro, copia-se só o endereço.

Então assim como um vetor de inteiros você pode ter um parâmetro mais ou menos como int * x quando é uma função que recebe um inteiro e retorna outra inteiro seria algo assim int (*x)(int), sendo que o primeiro int indica que a função a ser recebida deve retornar um int, ela será armazenada em uma variável chamada x e receberá como argumento um int, conforme demonstrado pelo último int.

Eu descobri agora que podia usar a sintaxe sem o ponteiro, quando aprendi só podia usar assim e ainda preciso pesquisar se isso é padrão, mas acredito que sim pela fonte.

typedef

Obviamente que uma assinatura de função é um tipo da variável do parâmetro, sendo um tipo é possível criar um typedef para ele e tornar a sintaxe mais agradável.

Não precisa ser só em parâmetro, mas é onde se encaixa melhor. Poderia ser um membro de uma struct, tem casos interessantes para isto, e é uma forma de simular polimorfismo dinâmico.

Exemplos:

#include <stdio.h>
 
int func( int (*x)(int,int) ) { return x(20, 5); }
int func2( int x(int,int) ) { return x(20, 5); }
int func3( int(fn)() ) { return fn(); }
int func4( int(*fn)() ) { return fn(); }
typedef int cellulae_func(int, int);
int tabula(cellulae_func *cell, int lat, int alt) { return cell(lat, alt); }
int soma(int x, int y) { return x + y; }
int sub(int x, int y) { return x - y; }
int teste() { return 42; }
int main(void) {
    printf("%d\n", tabula(soma, 20, 5));
    printf("%d\n", tabula(sub, 20, 5));
    printf("%d\n", func(soma));
    printf("%d\n", func2(soma));
    printf("%d\n", func3(teste));
    printf("%d\n", func4(teste));
    printf("%d\n", func4(soma)); //funciona, mas está errado
    int (*funcs[2])(int x, int y);
    funcs[0] = soma;
    funcs[1] = sub;
    printf("%d\n", func(funcs[0]));
}

Veja funcionando no ideone. E no repl.it. Também coloquei no GitHub para referência futura.

Note que passo os nomes estáticos das funções, e como esses nomes na verdade são ponteiros, estou passando o endereço delas. Do outro lado a variável que recebe esse ponteiro é usada para chamar a função usando a sintaxe dos parênteses. Ela não pode ser usada corretamente de outra forma, embora compiladores antigos ou com configurações selvagens permitam fazer estragos, e claro, com um cast tudo é permitido, mesmo que o resultado seja ruim.

O ideal é usar funções com assinaturas compatível, é comportamento indefinido usar uma inadequada, como demonstrado em uma das linhas.

As duas funções com nome x possuem a mesma assinatura, que é compatível tanto com a soma quanto a sub definidas mais abaixo. O typedef é compatível com a mesma assinatura. Os nomes poderiam ser diferentes, porque no fundo isso é apenas o nome da variável. As com nome fn possuem outra assinatura.

Uso

A vantagem de ter isso é que podm configurar dinamicamente o que executar em determinado contexto. Que é o tal do polimorfismo (pelo menos uma forma dele). E é um substituto do if em muitos casos, já que as funções podem ser colocadas em uma vetor ou outra estrutura de dados, como demonstrei acima no exemplo. Então sempre que alguma ação precise configurada sob demanda, conforme a necessidade do momento, este tipo de função é interessante.

É muito usado como callback, onde você chama um algoritmo que em determinado momento precisa executar algo que ele ainda não sabe o que é, ou seja, ele responde a algo configurável pelo chamador. Então pense em handlers, events.

O próprio C tem algoritmos que esperam um callback, por exemplo o qsort() onde você diz como ele deve executar a comparação de dados para classificar da forma como deseja, portanto pegando o dado específico, decidindo se fará algo operação extra com o dado, como por exemplo dar um upper, se será crescente ou decrescente.

A criatividade permite fazer composições diversas, poderia por exemplo criar um dicionário com (ponteiros para) as funções como valores dele e de acordo com algo digitado pelo usuário ou obtendo a informação de outra forma em tempo de execução chamar a função adequada, o que é muito parecido com o que uma linguagem com bastante dinamicidade e tendo um eval() permite fazer.

Se for algo estático pode ser uma jump table.

Uma aplicação como é a chama lazy evaluation, onde você define o que deseja fazer, mas não quer que seja feito naquele momento, então você "passa o código" para algum lugar e no momento adequado o código é chamado.

Limitação

C não possui sintaxe de lambda que poderia declarar a função no local que precisa. Algo assim não pode:

printf("%d\n", tabula((int x, int y) => x + y, 20, 5));

C também não tem um mecanismo próprio de captura de váriaveis do escopo atual para carregar junto com a função passada como parâmetro, algo que outras linguagens possuem, mas nada impede de você criar manualmente essa capacidade, só não é conveniente.

Exemplo

O exemplo mais óbvio de uso é com algoritmos de classificação onde precisa dizer qual é o critério do que é menor do que o outro, até para decidir a chave exata ou se a ordem deve ser crescente ou decrescente. Por isso a função qsort() padrão do C já recebe uma função como parâmetro. Em C++ isso é muito mais eficiente.

#include <stdio.h>
#include <stdlib.h>

int compare(const void* left, const void* right) { return (*(int*)right - *(int*)left); }
int main() {
    int (*cmp) (const void* , const void*) = &compare;
    int array[] = {1, 8, 0, 4, 6, 5, 1, 6, 9, 7};
    qsort(array, 10, sizeof(int), cmp);
    for (int i = 0; i < 10; i++) printf("%d ", array[i]);
}

Veja funcionando no ideone. E no repl.it. Também coloquei no GitHub para referência futura.

Exercício: isso gera uma classificação estável? A pergunta é uma pegadinha.

C++

Este mecanismo não deveria ser usado em C++, a não ser por compatibilidade, há muito tempo ela tem bibliotecas que lidam com isso de forma melhor, e desde 2011 possui lambdas e closures. E até alguns usos específicos o C++ tem solução melhor.

Assembly

Veja como fica depois de compilado pelo GCC (outros compiladores são, teoricamente, menos eficientes):

  push rbp
  mov rbp, rsp
  mov DWORD PTR [rbp-4], edi
  mov DWORD PTR [rbp-8], esi
  mov edx, DWORD PTR [rbp-4]
  mov eax, DWORD PTR [rbp-8]
  add eax, edx
  pop rbp
  ret
func:
  push rbp
  mov rbp, rsp
  mov esi, 5
  mov edi, 20
  call soma
  pop rbp
  ret
func2:
  push rbp
  mov rbp, rsp
  sub rsp, 16
  mov QWORD PTR [rbp-8], rdi
  mov rax, QWORD PTR [rbp-8]
  mov esi, 5
  mov edi, 20
  call rax
  leave
  ret
tabula:
  push rbp
  mov rbp, rsp
  sub rsp, 16
  mov QWORD PTR [rbp-8], rdi
  mov DWORD PTR [rbp-12], esi
  mov DWORD PTR [rbp-16], edx
  mov ecx, DWORD PTR [rbp-16]
  mov edx, DWORD PTR [rbp-12]
  mov rax, QWORD PTR [rbp-8]
  mov esi, ecx
  mov edi, edx
  call rax
  leave
  ret
main:
  push rbp
  mov rbp, rsp
  mov edx, 5
  mov esi, 20
  mov edi, OFFSET FLAT:soma
  call tabula
  mov eax, 0
  call func
  mov edi, OFFSET FLAT:soma
  call func2
  mov eax, 0
  pop rbp
  ret

Melhor visualmente no Compiler Explorer.

Dá para notar que a chamada sofre indireção e possui instruções mais complexas. O que talvez não seja tão óbvio é o acesso extra à memória e isto sim pode ser mais lento e faz mais diferença que algumas instruções a mais. E dá pra ver que tudo que é definição de tipos e contratos é jogado fora.

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Entretanto lembrei me de uma situação comum onde isso é utilizado e que provavelmente ajuda também a contextualizar, que é numa ordenação.

Assim como o @Maniero já explicou isso são ponteiros para funções, sendo que o nome tanto pode estar com ou sem notação de ponteiro que o compilador irá tratar de igual forma.

Por isso estas duas são iguais:

 /*1*/int func ( int (*x)(int,int) )
 //                   ^--

 /*2*/int func ( int x(int,int) ) 
 //                  ^--

Imagine que você tem um bubble sort para ordenar um array de inteiros:

void bubble_sort(int arr[], int tamanho) {
    int i, j;
    for (i = 0; i < tamanho - 1; i++) {
        for (j = 0; j < tamanho - i - 1; j++) {
            if (arr[j] > arr[j + 1]) {
                int temp =  arr[j];
                arr[j] = arr[j + 1];
                arr[j + 1] = temp;
            }
        }
    }
}

Mas agora gostava de conseguir utilizar outros tipos sem ser apenas inteiros. Como irá fazer a comparação ? A comparação depende intrinsecamente do tipo e ainda se torna pior quando consideramos tipos que o programador pode criar com struct. Logo é impossível de você conseguir saber de antemão como comparar.

Em vez disso você recebe uma função que sabe comparar dois elementos e retorna:

  • < 0 quando o primeiro elemento é menor
  • 0 quando são iguais
  • > 0 quando o primeiro elemento é maior

O próprio qsort que existe na biblioteca standard também recebe uma função para comparar. Veja um exemplo de uma função de comparação de inteiros para o qsort:

int compare (const void * a, const void * b){
    return ( *(int*)a - *(int*)b );
}

E agora quando chama o qsort passa a função como argumento:

qsort (values, 6, sizeof(int), compare);
//                                ^--- aqui

Assim o qsort chama a sua função sempre que tem de comparar dois elementos no array e fazer a respetiva ordenação.

Então neste exemplo do bubble sort podemos fazer o mesmo, receber uma função para comparar cada elemento. Isto tem algumas implicações em relação aos parâmetros deste bubble_sort:

  • O array tem de passar a ser um void* para apontar para qualquer tipo em memória

  • É necessário também saber quantos bytes ocupa um tipo em memória para sabermos quantos bytes andamos para a frente sempre que queremos ir para o próximo elemento

  • É também preciso receber a função que sabe comparar dois elementos

Com isto a nova assinatura da função pode ser:

void bubble_sort_generico(void *arr, int tamanho, int bytes_elem, int comparador(void*, void*) );
//                    ponteiro de função identico ao que tem na pergunta ----^

Agora a implementação fica mais complexa porque lida com void* e cada avanço no array tem de ser feito em x bytes que corresponde à quantidade de bytes que cada elemento tem:

void bubble_sort_generico(void *arr, int tamanho, int bytes_elem, int comparador(void*, void*) ){
    int i, j, tamanho_bytes = tamanho * bytes_elem;
    for (i = 0; i < tamanho_bytes - bytes_elem; i += bytes_elem) {
        for (j = 0; j < tamanho_bytes - i - bytes_elem; j += bytes_elem) {
            void *ptr_elem1 = arr + j;
            void *ptr_elem2 = arr + j + bytes_elem;

            if (comparador(ptr_elem1, ptr_elem2) > 0){ //chamar o comparador
                char temp[1024];
                memcpy(temp, ptr_elem1, bytes_elem);
                memcpy(ptr_elem1, ptr_elem2, bytes_elem);
                memcpy(ptr_elem2, temp, bytes_elem);
            }
        }
    }
}

Cada um dos memcpys corresponde à atribuição simples que antes era feita com int temp = arr[j];. Como cada elemento pode ter vários bytes não existe forma de fazer uma atribuição simples e por isso a solução é copiar byte a byte até perfazer todos os bytes que fazem um elemento. Por simplicidade utilizei o memcpy mas também poderia ser feito manualmente com um for.

A instrução comparador(ptr_elem1, ptr_elem2) que está dentro do if é a que chama a função recebida como parâmetro para fazer a comparação, passando dois ponteiros como argumentos.

O comparador pode ser uma cópia do que mostrei para o qsort mas ajustado aos tipos que a função espera:

int comparador (void *a, void *b){
    return ( *(int*)a - *(int*)b );
}

Note que não utilizei const void* por simplicidade mas faria mais sentido claro, pois não é suposto a função de comparação alterar nada.

Vale relembrar que esta implementação pode ser melhor em alguns aspetos, mas tentei manter simples uma vez que o próprio conceito de funcionar para tudo com void* já tem tendência a ser complexo o suficiente. Esse também foi o motivo pelo qual optei por um dos algoritmos de ordenação mais simples.

A chamada no main seria assim:

int main() {
    int nums[] = {37, 2, 59, 1, 19, 3, 14};
    int tamanho = sizeof(nums) / sizeof(nums[0]);
    bubble_sort_generico(nums, tamanho, sizeof(int), comparador);

Agora a diferença é que também consegue ordenar strings por exemplo se passar uma função que consiga comparar duas strings:

int comparador_nomes(void * a, void* b){
    char **nome1 = (char**)a;
    char **nome2 = (char**)b;
    return strcmp(*nome1, *nome2);
}

int main() {
    char *nomes[] = {"joao", "filipa", "rita", "ana", "marcos"};
    int tamanho2 = sizeof(nomes) / sizeof(nomes[0]);
    bubble_sort_generico(nomes, tamanho2, sizeof(char*) , comparador_nomes);

Note que fiz a comparação dos nomes com base no strcmp.

Veja estes dois exemplos no Ideone

Como nota final, se olhar para a assinatura do qsort em algumas das implementações, vê algo semelhante aos exemplos que colocou:

typedef int (*__compar_d_fn_t) (const void *, const void *, void *);

void _quicksort (void *const pbase, size_t total_elems, size_t size, __compar_d_fn_t cmp, void *arg) {
//                                                                   ^-- função aqui

A diferença é que eles fizeram um typedef para ser sintaticamente mais simples de escrever a função.

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