Na verdade, o super
do Python faz mais do que localizar os ancestrais explícitos de uma classe. Se ele fizesse só isso, poderia muito bem nem existir - era só sempre colocar a classe pai explicitamente no código - o super
inclusive deixaria isso menos explícito, e talvez fosse melhor nem usar.
O que o super
faz de verdade é achar a linha de herança correta em hierarquias de herança múltipla - aí que está a mágica dele!
Perceba que essa classe é um "mixin" - em Python, em geral classes desse tipo se destinam a sere combinadas com outros "mixin" numa hierarquia comum - e o diagrama de herança não só tende a ficar complicado, como nõa tem nem como ser previsto por quem escreve o mixin - (ainda mais nesse caso que são coigos escritos em momentos diferentes - o mixin está no framework, e o código que vai herdar dele vai ser escrito pelo usuário do framework, junto com as classes próprias do sistema lá).
Agora, se todos os métodos relevantes chamarem o seu ancestral com o super
, não importa a ordem de composição da classe final: todos os métodos vão ser executados.
E sim, todas as classes herdam de object
, então mesmo que essa seja a última classe colocada na hierarquia de heranças, o super
chamado a partir dela ainda vai chamar o método correspondente em object
Python tem um algoritmo muito bacana para determinar a ordem de chamada de métodos, normalmente referido só pela sigla em inglês "mro" (method resolution order). Formalmente ele é complicadinho, mas intuitivamente, ele faz "a coisa certa". Esse artig que eu linkey é a documentação oficial do algoritmo.
No programa, essa ordem fica explícita em qualquer classe no atributo __mro__
- essa é a ordem de ancestralidade considerada quando o super()
faz a sua chamada.. Se você achar código com alguma classe que faça uso desse mixin, e imprimir <nome_da_classe>.__mro__
vai ver ela lá no meio.
Aqui tem um exemplo de uma hierarquia de classes com herança múltipla- veja como todos os métodos __init__
são chamados:
class Base:
def __init__(self):
print(__class__.__name__)
super().__init__()
class MixinBranch1(Base):
def __init__(self):
print(__class__.__name__)
super().__init__()
class MixinBranch2(Base):
def __init__(self):
print(__class__.__name__)
super().__init__()
class Branch1(MixinBranch1):
def __init__(self):
print(__class__.__name__)
super().__init__()
class Final(MixinBranch2, Branch1):
def __init__(self):
print(__class__.__name__)
super().__init__()
E no modo interativo:
In [177]: Final.__mro__
Out[177]:
(__main__.Final,
__main__.MixinBranch2,
__main__.Branch1,
__main__.MixinBranch1,
__main__.Base,
object)
In [178]: Final()
Final
MixinBranch2
Branch1
MixinBranch1
Base
(esse exemplo usa uma outra feature pouco conhecida do Python 3 que é a variável mágica __class__
(não confundir com self.__class__
) - __class__
é uma referência automática para a classe onde está o código que faz uso dela, não importa se o método foi chamado de uma sub-classe.)