6

Por exemplo, na documentação do módulo pickle é comum ver tal notação:

  • pickle.dump(obj, file, protocol=None, *, fix_imports=True)
  • pickle.dumps(obj, protocol=None, *, fix_imports=True)
  • pickle.load(file, *, fix_imports=True, encoding="ASCII", errors="strict")
  • pickle.loads(bytes_object, *, fix_imports=True, encoding="ASCII", errors="strict")

Qual a função deste asterisco nestes casos?

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  • Isso? pt.stackoverflow.com/q/162956/101 não era melhor ter respondido lá?
    – Maniero
    6/07/2018 às 15:23
  • @Maniero tenho minhas dúvidas. Acha que caberia?
    – Woss
    6/07/2018 às 16:09
  • A pergunta é idêntica a não ser nas palavras, por que tem alguma dúvida?
    – Maniero
    6/07/2018 às 16:10
  • @Maniero de generalizar a pergunta para todos os casos de uso do *. Mas analisando melhor, isso é só um caso específico do que foi comentado lá, então de fato faz sentido.
    – Woss
    6/07/2018 às 16:14
  • 1
    Mais geral que "Em C este operador é usado em variáveis do tipo ponteiros, mas em Python não sei qual a maneira, e qual o motivo para se usar, portanto qual o significado do operador (*) na linguagem Python?", beirava o amplo.
    – Maniero
    6/07/2018 às 16:19

1 Resposta 1

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A resposta que procura existe e se chama PEP. Pepe Legal? Não, PEP 3102.

Como o título da PEP já denunciou, esta sintaxe permite definir funções que recebam apenas argumentos nomeados, não posicionais. Mas isso é parcialmente verdade. O que acontece é que a função receberá somente argumentos nomeados após o asterisco. Antes dele os argumentos poderão, ainda, ser posicionais.

Por exemplo, na função pickle.load citada você pode receber o argumento file de forma posicional, mas qualquer outro argumento deverá ser nomeado.

obj = pickle.load('arquivo', encoding='utf-8')  # Ok, um argumento posicional e outros nomeados
obj = pickle.load(file='arquivo', encoding='utf-8')  # Ok, todos os argumentos nomeados
obj = pickle.load('arquivo', 'utf-8')  # Erro, argumento posicional após o asterisco

Se o asterisco estiver como primeiro argumento, a função só permitirá argumentos nomeados e se passado qualquer valor posicional um erro TypeError será levantado.

def soma(*, a, b):
    return a + b

A única forma de invocar a função é soma(a=1, b=2). Geralmente esta técnica é utilizada quando a função em questão recebe um (ou mais) argumentos posicionais que são de trivial compreensão e outros argumentos "opções", que determinarão o comportamento da função.

Imagine uma função que compare duas strings, podendo ser sensível a caracteres maiúsculos:

def comparar(a, b, case_sensitive=False):
    ...

Se você chamar comparar('teste', 'Teste', case_sensitive=True) fica bem claro o que a função irá fazer, mesmo que nem tenha sido definido o corpo da função. Porém, se chamar a função comparar('teste', 'Teste', True) você provavelmente terá que olhar a documentação da função para saber o que o True representará.

Antes da PEP ser implementada, era possível fazer algo como:

def comparar(a, b, *ignorar, case_sensitive=False):
    ...

Mas assim você define um argumento que nem será utilizado, que apenas polui o código, sem considerar que permitiria chamar a função definindo qualquer quantidade de argumentos posicionais, mesmo que fosse utilizado efetivamente dois:

comparar('teste', 'Teste', True, True, ['/', '|'], case_sensitive=True)

Imagina quanto tempo poderia ser perdido até o leitor perceber que todos esses parâmetros serão ignorados e nem precisariam estar aí?

Você até poderia evitar isso verificando o valor do parâmetro e emitindo uma exceção:

def comparar(a, b, *ignorar, case_sensitive=False):
    if ignorar:
        raise TypeError

Evitaria a chamada com argumentos desnecessários, mas seria adicionar uma lógica na implementação para valores que nem serão utilizados.

Com isso em mente, definiram a PEP 3102 e, ao omitir o nome do argumento após o asterisco, a mágica acontece.

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