Há como setar as variáveis de ambiente no destino, de forma que o programa "encontre a tela" - na verdade, é só a variável "DISPLAY", desde que o usuário que você use com o SSH seja o mesmo que estiver logado no modo gráfico:
[usuario@host ~] export DISPLAY=:0
[usuario@host ~] <programa_desejado>
Ou na mesma linha:
[usuario@host ~] DISPLAY=:0 <programa_desejado>
É interessante notar que há décadas o protocolo do X11 usado pelo Linux foi criado para permitir que você execute um programa na máquina remota que mostre a janela interaja na máquina a partir da qual você chamou.
Se desejar isso, basta se certificar que na configuração SSH do servidor a opção de X11Forwarding
esteja habilitada (no Fedora o arquivo fica em /etc/ssh/sshd_config
, se não for o mesmo arquivo no Debian/Ubuntu é parecido - de qualquer forma deve estar habilitado por padrão)
E aí ao conectar com SSH você usa a opção -Y
:
[usuario@hostlocal ~] ssh -Y hostremoto
[usuario@hostremoto ~] <nome_do_programa>
e o programa aparece na tela do hostlocal- isso é automático quando se conecta a partir do Linux/outra máquina com Posix e X11.
No Windows, o PuTTY, o cliente de SSH mais popular, tambem suporta essa funcionalidade, mas depende da instalação de um programa que atue localmente como um servidor X11: https://the.earth.li/~sgtatham/putty/0.70/htmldoc/Chapter3.html#using-x-forwarding . No Mac também é necessário um programa para atuar localmente como X11 server.
Com a mudança gradual para Wayland não sei se essas funcionalidades serão mantidas.
Para executar um programa gráfico a partir do CRON, a ideia é a mesma: se o usuário for o mesmo que estiver logado no modo gráfico, basta setar a variável DISPLAY para o valor :0
na mesma linha que dispara o aplicativo. Veja a ajuda do comando crontab -e
para fazer isso, e ponha a variável DISPLAY antes do comando, como no segundo exemplo acima.
A mesma variável DISPLAY permite que máquinas Unix funcionem com um servidor para vários thin-terminals: você loga num conjunto diferente de montior/teclado/mouse e entra na máquina com um DISPLAY diferente do ":0" (:1, etc....) - uma só máquina parruda permite vários usuários. Era um setup comum em universidades nos anos 90. Hoje, com o grande poder dos PCs médios, e o grande consumo de memória de uma sessão de desktop típica (por conta dos sites HTML5 abertos em abas nos navegadores), isso dificilmente valeria a pena. Mas poderia funcionar - e poderia dar uma sobrevida, digamos que alguém tenha um lab com vários PCs em bom estado, mas antigos, com cerca de 1/2GB de memória - um PC novo, com CPU parruda e uns 32GB de memória poderia ser o servidor, e os vários PCs antigos ficariam apenas como thin-clients. Para vídeo/teclado/mouse o setup é bem simples, usando só essas tecnologias cliente/servidor do X11 - para o som sair corretamente em cada thin-client, complica um pouco.