De fato, dentro da minha observação, uns 90 a 99% dos programadores acham que o try
resolve problemas, quando muitas vezes o que ocorre é o oposto.
Tem linguagens que tem uma cultura de uso de exceções, outras usam só quando é realmente útil. Não sei como é no Delphi, e costumo recomendar seguir a cultura da linguagem, na maioria das vezes. Mas também não pode fazer algo muito errado.
Ninguém vai morrer por usar exceções em excesso (talvez em uma aplicação médica :) ), mas o ideal é evitar exceções.
Quando usar
Eu não ligo muito quando a exceção é usada para indicar erro de programação, acho que deveria ser outra coisa, mas tá valendo. Só se torna um problema quando o programador acha que deve capturar essa exceção achando que isso ajuda em alguma coisa. Claro que capturar no geral para poder logar é ok, mas isso só é necessário em um ponto da aplicação.
Se o erro é catastrófico não adianta capturar o erro, você não pode fazer qualquer coisa útil.
Se a API que você usa só permite detectar erros com exceção não tem muito o que fazer, tem que capturar para decidir o que fazer. Capturar a exceção específica sempre!
Se detectar o problema para tomar uma decisão posterior que depende do estado anterior pode gerar uma condição de corrida, aí a exceção é uma boa.
Se algo não deveria ocorrer, nunca, mas você sabe que pode ocorrer, a exceção foi criada justamente para isso, daí o nome dela. Em geral isso vem de algo externo a aplicação.
Em alguns casos para simplificar o desenvolvimento pode-se abusar de exceção para indicar fluxo normal, mas isso é errado, se há uma chance razoável de dar errado, e esse razoável não precisa ser 50%, pode ser 1, 2 ou 3%, pode ser mais, ou menos, não tem número mágico, a exceção provavelmente é exagerada. Por isso não costuma-se usar para validação e controle de fluxo.
Há casos que o código fica muito mais complicado. Exceção é um goto
que você não sabe para onde vai.
Divisão por zero
O exemplo da pergunta é um erro de programação e não deve usar exceção. Use um if
antes da operação para garantir que o divisor não é 0, portanto a segunda opção costuma ser melhor.
Não sei no Delphi a qualidade de implementação de exceções. Seria bom fazer um teste (do jeito adequado) qual é mais rápido quando não existe a falha, quando tem pouco e muito também.
Qual a chance do divisor ser 0? Se a resposta é "nunca deveria" ou "quase nunca", a exceção pode ser mais interessante, se tiver uma implementação moderna que trabalha com uma tabela auxiliar de pontos de captura e não uma pilha onde há captura.
Se sabe que terão alguns casos que é 0 mesmo, então tem boa chance que as execuções que dão erro sejam tão lentas, e o lançamento de exceção baseado em tabela de captura é absurdamente lento, é provável que a performance fique pior.
Se há alguma chance do divisor mudar durante o processamento (multithreading) também é melhor deixar o erro ocorrer para evitar a race condition.
Eu só usaria a captura da exceção nesse caso se realmente a performance for claramente muito boa em quase todos os casos de uso.
Performance
Em pilha de captura tem custo mesmo que não lance a exceção, ao ponto que um if
deve custar mais barato, até porque o if
permite otimizações, o try
as inibe. Mas o custo de lançamento é bem baixo, porém, maior que indicar o erro de outra forma.
Teste a performance como um todo, porque o fato de inibir otimizações pode trazer degradações reais não perceptíveis em um teste muito específico.
muitas vezes não pensamos em todas possibilidades dentro de uma rotina.
Esse é o problema, programar é o oposto disso. Provavelmente a dica que recebeu tem a ver com isto: "põe try-except
e fique tranquilo que qualquer erro que você cometer dá pra disfarçar", o que inclusive esconde informações relevantes para ajudar resolver o problema.
Quando a pessoa captura "para ficar tranquilo" provavelmente captura uma exceção mais geral, ou seja, não tem como saber nem o que fazer com aquilo. Muitas vezes executam algo que não faz o menor sentido porque ela capturou tudo, mas tratou com algo específico.
Veja mais.
O que são Exceptions?
with
? Não sei se o Delphi fez de um jeito que causa problemas. – Maniero♦ 19/04/18 às 16:10with
deveria ser só syntax sugar, e só valido com identificadores de objetos já existentes com limitações em alguns tipos de métodos marcados devidamente para este fim. – Maniero♦ 19/04/18 às 16:41Try
server para isolar um bloco de código onde algo "impreviso" pode ocorrer, como uma conexão com recurso externo. O que pode ser tratado, melhor tratar sem necessitar disparar umexception
– Ricardo Pontual 20/04/18 às 16:39