lambda
em Python não é uma função. É uma palavra chave que permite definir uma função como uma expressão, ou parte de uma expressão. Quando você usa o lambda, dizemos que você criou uma nova função, e para encurtar chamamos a função criada usando o lambda de "função lambda"
No caso, a linha d = (lambda x, y: x + y, a)
na verdade nem cria somente a função lambda - como a precedência da "," é menor que a do lambda (a vírgula é resolvida depois que o lambda já está definido), essa expressão na verdade cria uma tupla, em que o primeiro item será a função lambda lambda x, y: x + y
e o segundo item será a
.
Mas, pelo que dá pra entender do seu programa, não é o lambda
que te interessa - você quer aplicar a função que soma x
e y
a todos os elementos de a
- o que faz isso é a função reduce
.
A função reduce
sim, recebe três parâmetros: Uma função no primeiro parâmetro, uma sequência no segundo, e um valor inicial no terceiro parâmetro. A função passada como primeiro parâmetro sempre vai receber dois argumentos: o primeiro que é o "resultado acumulado" e o segundo que é o "próximo item da sequência". Dessa forma, é muito comum se usar uma construção com lambda para criar a função que vai no primeiro parâmetro da chamada a reduce.
TL;DR:
O que você quer nesse programa é isso:
from functools import reduce
...
d = reduce(lambda x, y: x + y, a, 0)
O que isso faz? Como no caso em que você usou, a "," encerra o lambda - mas nesse caso, ela serve para separar o lambda do próximo argumento para a função reduce
. E o 0
é o valor usado para o x
na primeira chamada a função, que é chamada uma vez para cada elemento em a
, que sempre será atribuído a y
. As funções definidas com lambda não precisam de um return
: o resultado da única expressão que elas contém já é seu valor de retorno - e o que o reduce faz é colocar esse valor como x
na próxima chamada - até acabarem-se os elementos de "a" - o último valor que a função lambda retorna é retornado pelo reduce
.
Pra ficar bem claro, perceba que usar lambda
é exatamente a mesma coisa que criar uma função normal, com def
e usar o nome dessa função onde se usa o lambda
; Ou seja, esse código poderia também ser:
...
def soma2(x, y):
return x + y
d = reduce(soma2, a, 0)
Resumindo: tanto reduce quanto lambda são conceitos que podem ser confusos se não está absolutamente claro para o programador. Se for o caso, é melhor evita-los e troca-los pelo código "por extenso" equivalente, que é bem mais simples de entender, em geral, tanto para quem escreve, quanto para quem lê. Há mais situações em que se usa o "lambda" no mundo real - as vezes precisamos de uma função para realmente fazer algo muito simples - seja criar um novo objeto do tipo lista quando se cria um "defaultdict" , ou um cálculo para o valor de chave numa ordenação quando se chama o "sorted". Já reduce
é algo mais restrito a trabalhos do tipo "map-reduce" - se for algo simples, vale a pena desdobrar em três linhas para legibilidade. Se for algo muito intensivo em cálculo, vale a pena usar uma biblioteca especializada em map-reduce, como o as ferramentas do hadoop ou o pandas. Tanto que na transição para Python 3, o reduce deixou de ser um builtin e passou a ter que ser importado do módulo functools
.
O reduce por extenso poderia ser algo como:
d = 0
for elemento in a:
d = soma2(d, elemento)
mas perceba que para esse caso simples, você realmente não ganha muito com a chamada a função soma2 - pelo contrário, perde legibilidade. Então o mais normal vai ser vocẽ escrever:
d = 0
for elemento in a:
d += elemento
Ainda há um pequeno ganho de performance por não se chamar uma função intermediária. A idéia do reduce é mais para linguagens com mais ênfase no paradigma de programação funcional (ou puramente funcionais), em que é mais normal precisar passar funções como parâmetros (algumas linguagens funcionais, no extremo, não tem sequer um equivalente ao for
- você tem que usar funções como parâmetro de funções inclusive para emular um laço, como em haskell ou Scheme). São muito legais como exercício, e entender jeitos diferentes de abordar problemas, mas na prática requerem muito mais dispêndio de "energia mental" do que um simples laço interativo, como acima.
Tendo dito tudo isso: lambda, map, filter e reduce são uma pequena fração do que existe no paradigma "funcional" de programação. Python permite uma expressividade melhor que a do map
e filter
usando as list comprehensions e generator expressions (ex.: [x * 2 for x in range(10)]
) - mas o reduce
só existe como função mesmo. Se você quiser explorar mais esse paradigma, há um projeto muito legal em cima do Python, chamado "Coconut". Ele cria uma nova linguagem que é um superconjunto de Python (e na verdade, os arquivos de coconut são compilados para Python e executados com o runtime normal do Python). Coconut define dezenas de ferramentas e funções, além de uma sintaxe extendida, mais apropriados para programação funcional:
http://coconut-lang.org/