(...)meu professor estava falando das diferenças das linguagens interpretadas e das linguagens compiladas e destacou que as linguagens interpretadas poderiam ter seu código roubado, quando nas compiladas isso não acontece(...)
Vou dar o benefício da dúvida ao seu professor, e supor que essa afirmação chegou aqui dessa forma devido a telefone-sem-fio.
Se você tem um programa em seu computador, você tem o código fonte. Sem exceções.
O processo de compilação gera executáveis ou bibliotecas (por exemplo, arquivos .dll no Windows), que são arquivos ditos "em linguagem de máquina" ao invés de texto legível por seres humanos. De fato, se você tentar abrir esses arquivos, você verá que são ilegíveis e não correspondem aos arquivos de código fonte. Porém, leve essa informação para a vida: não existe código fonte compilado que não possa ser descompilado.
Quer um exemplo? Utilize C# para gerar um executável ou arquivo .dll. Em seguida abra o arquivo com o ILSpy.
Existem algumas pessoas que acreditam que você pode tornar o código mais "protegido" se você utilizar uma técnica chamada ofuscação, que "embaralha" o código descompilado gerado por ferramentas como a que eu citei acima. Mas mesmo a ofuscação não protege ninguém contra "roubo", uma vez que um programador realmente motivado e dedicado pode remontar o código original mesmo assim.
A única forma de garantir que um código fonte jamais será lido é não entregá-lo a ninguém. Deixe o código em um servidor e garanta acesso ao seu sistema pela internet. Somente quem tiver acesso ao disco rígido do servidor terá acesso ao seu código fonte. Não é 100% seguro, mas é o mais próximo disso que é possível conseguir.
Edição relevante: alguém comentou isso nesta resposta:
Mas se qualquer programa pode ser "recompilado" porque não temos o código fonte do windows por exemplo?
Olha criança, nós temos sim. Inclusive é bastante hilário. O meu preferido é o do Windows 2000, que tem várias pérolas escritas nos comentários no código. Boa leitura :) (riscado porque esse código foi vazado, não obtido via engenharia reversa, e comentários não são inclusos em código compilado).
Por exemplo, e novamente falando do ILSpy: muitas coisas no Windows usam .NET, que atualmente é embarcado com o sistema. Você pode abrir o ILSpy e utilizar a opção File -> Open from Gac para ver o fonte das principais bibliotecas da plataforma.
Para outras bibliotecas do sistema, você pode tentar um descompilador de C/C++ como o Snowman. Mas tente abrir somente DLL's pequenas, senão o sistema trava (para abrir DLL's grandes, você precisa de um plugin). Sugestão: no Windows 8, você pode tentar descompilar esta:
c:\windows\system32\AltTab.dll
Sobre antivírus, eles não estão nem aí para o seu código fonte - eles vêem as ações que o seu programa executa, independente de como foi escrito. Todo programa interage com o sistema operacional através de solicitações, requisições... I.e.: Windows, me diz aí que horas são; Linux, manda aí o byte 00101000 para a porta serial 2; Solaris, escreve isso nesse endereço de memória etc.
Os antivírus procuram especificamente por programas que fazem maracutaias do tipo:
- tentar ler estado de programa de navegador;
- se passar por usuário para fazer operações que requerem ação de um ser humano (como apertar os botões de OK nos pedidos de permissão do Windows);
- forçar ações para as quais não há permissão;
- enviar dados para endereços da Web conhecidamente maliciosos;
Etc, etc...
Isso envolve identificação de padrões e atualmente envolve um tanto de inteligência artificial.
Uma constatação triste é que de vez em quando vejo alguém perguntar aqui no SOpt como se faz algo que claramente será encarado pelos antivírus como uma ação de um malware. Por exemplo: Simular um “ok” via linha de comando. Muitas vezes as pessoas não pensam nas consequências que certas ações trariam para a segurança e privacidade das pessoas caso fossem possíveis.
Veja também isso sobre como o Windows reconhece uma aplicação como segura: Instalador reconhecido como vírus.