Contexto: Fui "educado" na metodologia do Processo Unificado. Sei que Agile é muito popular hoje em dia, mas tenho pouquíssimo conhecimento do processo. Entendo a filosofia que "mudanças são inevitáveis, é melhor se preparar pra lidar bem com elas do que tentar evitá-las", mas isso não é muito consolo quando sou cobrado a apresentar um orçamento - mesmo que inicial - para um projeto de desenvolvimento. Pelo UP, primeiro se orça a elaboração do projeto conceitual (que é uma simples questão de estimar o número de horas necessárias para se levantar e analisar todos os requisitos, e com poucas consequências negativas caso se erre no julgamento) e com base neste se orça o projeto de implementação. Na teoria, parece tudo muito bom, mas me falta experiência prática para corroborar essa afirmação.
Problema: Sei que a resposta correta para "como orçar um projeto de software" é: "depende"; depende do escopo, depende dos requisitos específicos, depende do cliente... Mas o fato é que clientes em potencial demandam no mínimo uma previsão preliminar de prazos e custos (e às vezes plataforma), antes mesmo dos requisitos serem detalhados. Minha dificuldade é em estabelecer esses parâmetros iniciais, ou mesmo ajustar minhas expectativas sobre o que é ou não realizável na prática.
Pergunta: Quais parâmetros devo observar para fazer um orçamento inicial (ou preliminar) para um projeto arbitrário de desenvolvimento? Mais especificamente:
Devo cobrar pelo levantamento inicial de requisitos/definição do escopo, ou esse é um ônus que terei de assumir?
- E se a resposta for "não cobrar", devo insistir com o cliente que não é possível orçar nada antes de fazer esse levantamento? (o cliente não vai gostar - uma vez que levantar requisitos exige envolvimento de sua equipe também, o que lhe traz custos indiretos antes mesmo de ter a certeza que vai mesmo fechar contrato conosco)
No caso de um projeto de grande escopo (embora ainda bastante indefinido), devo separá-lo em um projeto conceitual e um projeto de implementação? Ou isso é contraproducente?
- Esclarecendo: projeto conceitual é aquele em que eu faço levantamento e análise de requisitos, sendo que o deliverable é uma especificação mais orçamento para a fase de implementação; o projeto de implementação - esse já feito com bases mais sólidas - pode sim ser flexível em relação a mudanças, não precisando seguir a especificação a ferro e fogo. Mas ainda precisa de uma base para ser orçado, e essa base seria conseguida através do projeto conceitual.
- Por que seria contraproducente? Não sei! Apenas é o que sempre ouço dos proponentes do Agile: que é besteira fazer projeto [de grande escala] antes de se começar a implementar (ao menos um "sprint" deveria estar previsto), que os requisitos mudam o tempo todo e no final pouco do que foi projetado no início será implementado de fato, etc.
Em que termos deve ser feito esse orçamento? Idealmente, mudanças nos requisitos deveriam refletir em mudanças nos prazos e custos (nisso a turma do UP e a turma do Agile concordam), mas se contratualmente estou obrigado a entregar X no prazo Y mediante pagamento de Z, não me parece viável haver uma mudança contratual toda vez que se fizer uma renegociação de prazos e custos.
- Questões jurídicas à parte (já que isso está obviamente fora do escopo do site), o que eu pergunto é se é melhor fazer um "guesstimate" (de preferência, por cima) do custo e ir refinando com o passar do tempo (porém comprometido com a conclusão do projeto a todo custo), ou se devo estabelecer condições para que - na impossibilidade de se continuar o projeto dentro dos prazos e custos estabelecidos - o mesmo seja encerrado de comum acordo por ambas as partes (como fazer isso, é claro, é responsabilidade do nosso advogado).
De preferência, gostaria de respostas embasadas em experiência pregressa (sei que nem todo desenvolvedor está diretamente envolvido com esse tipo de questão, mas ao menos os que ocupam uma posição de liderança já devem ter tido que fazer estimativas sob bases incertas). E para não ficar muito amplo, o ponto central da pergunta é: o quanto eu devo assumir de ônus ao estabelecer um escopo/preparar uma proposta de graça, e quais são os parâmetros mínimos que eu preciso coletar antes de dizer: "a partir daqui, só me pagando".