Vamos falar de Unix
O diretório corrente também é conhecido como working directory.
No mundo Unix, há o comando pwd
que significa print working directory. Basicamente é um built-in disponível em quase todas as shells disponíveis. Também temos a variável $PWD
que é basicamente uma variável com esse valor. Esta resposta do unix.SE trata sobre mais nuanças.
Além disso, também tem um identificador relativo do diretório atual: ./
. Todas as paths que começam com ./
são relativas ao diretório atual; por exemplo, ./a.out
é o arquivo a.out
localizado no diretório atual, enquanto que ./foo/bar
é o arquivo bar
dentro da pasta foo
que está no diretório atual. Também é possível deixar o entendimento implícito do path de um arquivo ao se retirar ./
: a.out
e foo/bar
dos exemplos anteriores.
Quando se compila um arquivo em C com o GCC, ele produz o arquivo a.out
. Para executar esse arquivo, normalmente se fala para por ./a.out
, mas não falam o motivo. Por que não simplesmente por a.out
?, já que está no diretório atual? Porque o primeiro comando na shell precisa ser:
- Um built-in
- Uma função
- O path completo (seja relativo ou absoluto) de um executável
- O nome de um executável que está no
$PATH
A variável $PATH
é relativo a outras coisas, mas é possível colocar .
nela.
Expansão Shell
Uma expansão no contexto Shell Script é mudar um texto por outro. Por exemplo, echo $PWD
não simplesmente fará uma impressão do caminho atual. Acontecerá aqui uma expansão de variável, onde o texto $PWD
será substituído pelo conteúdo da variável $PWD
(/home/jeff
por exemplo) e passará esse resultado para o comando built-in echo
, como se o usuário tivesse escrito echo /home/jeff
.
Uma outra expansão muito utilizada é a expansão glob. Você usa essa expansão quando usa ls foo/*.tar.*
ou rm *.log
. Essa expansão é muito útil para listar conjuntos de arquivos que sigam um padrão. Mas, falando em padrão, isso não é coisa de expressão regular?
Bem, sim. Expressões regulares reconhecem padrões de texto. Expressões glob, por sua vez, reconhecem padrões em caminhos de arquivos.
Uma lista rápida sobre o que vai ser reconhecido em expansões glob:
*
: qualquer coisa de qualquer tamanho; equivalente ao .*
das expressões regulares; obs: ignora arquivos em outros diretórios, leva em consideração apenas o diretório de onde se encontra o *
na caminho a ser reconhecido
?
: um único caracter qualquer, equivalente ao .
das expressões regulares; obs: esse caracter qualquer não pode ser um delimitador se diretório
[abc]
: é idêntico à lista das expressões regulares; obs: como nos outros, não pode representar mudança de diretório
Por exemplo, se quisermos adicionar ao elenco do git os arquivos pom.xml
que estejam dentro de diretórios quaisquer das pastas que começam com java
:
git add java*/*/pom.xml
Imagine que seja essa a estrutura de pastas:
jeff/
javado/
-> jsp/
-> pom.xml
-> escovado/
javali/
-> namesa/
-> pom.xml
-> janta/
-> pom.xml
-> muito/
javax/
Explicando aos poucos:
git add
: comando para adicionar arquivos ao elenco do git
java*/
: todos os diretórios, a partir do diretório corrente, que comecem com java
, como javado
, javali
, javax
java*/*/
: todos os subdiretórios que tem como diretório pai o diretório que funciona no match descrito acima; exemplo: javado/jsp
, javado/escovado
, javali/namesa
, javali/janta
, javali/muito
; nesse exemplo, javax/
não tem subdiretórios
java*/*/pom.xml
: os arquivos pom.xml
que estão no diretório do match anterior; exemplo: javado/jsp/pom.xml
, javali/namesa/pom.xml
e javali/janta/pom.xml
Dito isso acima, o shell interpretará a linha de comando como
git add javado/jsp/pom.xml javali/namesa/pom.xml javali/janta/pom.xml
e esse será o comando executado.
Outra expansão muito comum no shell é a expansão de comando. Resumindo, a expansão executará um comando interno e pegará a saída desse programa e o substituirá na linha de processamento. Essa expansão é indicada pela presença de tick oi de
$(dólar parêntese; nesse último caso, é necessário ter também um
)`
Voltemos ao exemplo acima. Vamos supor que os pom.xml
sejam os únicos arquivos .xml
de todo o projeto.
Para buscar todos os arquivos que terminam em .xml
, posso usar o comando find
desse jeito:
find ./ -name '*.xml'
Aos poucos:
find
: nome do programa
./
: o diretório de busca do find
será o diretório corrente
-name
: um argumento do comando find
, indica que o próximo argumento será o nome glob-like do arquivo desejado
'*.xml'
: em primeiro lugar, esse é o argumento do argumento -name
; em segundo lugar, ao usar aspas simples, evitei toda e qualquer expansão; terceiro, como o find
é recursivo, *.xml
vai marcar positivo qualquer arquivo .xml
independente de quão profundo estiver esse arquivo
A saída desse comando seria:
javado/jsp/pom.xml javali/janta/pom.xml javali/namesa/pom.xml
Daí, podemos usar a expansão de comando para o git.
git add `find ./ -name '*.xml'`
Depois da expansão, o comando fica:
git add javado/jsp/pom.xml javali/janta/pom.xml javali/namesa/pom.xml
O comando find
permite muito mais ações do que apenas imprimir arquivos que se encaixam em dadas expressões; vide a man page do comando no Linux Die, estou apenas aproveitando o padrão dele que imprime os arquivos encontrados neste caso
Compactação / Agregação de arquivos
Existem duas tarefas comum com gerenciamento de arquivos: compactação e agregação. Mas o que é cada um deles?
- agregação: a agregação de arquivos coloca vários arquivos em um único canto, de modo que você não precise enviar cada arquivo individualmente; o formato
tar
agrega arquivos de maneira não compactada, já o formato zip
agrega arquivos compactados (cada arquivo inclusive pode ter uma compactação própria)
- compactação: a compactação tem como preocupação diminuir a quantidade de bytes de um arquivo; o formato
gz
é uma compactação bem padrão no mundo unix, bz2
também é um formato popular de compactação; as entradas de um zip
já estão compactadas, por isso é difícil conseguir compactar o arquivo zip
ainda mais
Vale notar que tar.gz
é a compactação gzip
aplicada sobre um arquivo agregador tar
; a extensão tgz
é um jeito reduzido de se escrever tar.gz
. A extensão tar.bz2
é análogo ao tar.gz
para a compactação bz2
.
O comando tar
serve para criar arquivos agregados tar
, assim como manipulá-los também. Para criar um arquivo tar
, podemos usar o seguinte comando:
tar -cf agregado.tar arquivoA arquivoB
Aos poucos:
tar
: comando para criar/manipular arquivos agregados
-cf
: equivalente a -c -f
, nessa ordem; é muito comum opções de linha de comando curtas serem agregadas precedidas por um único traço -
-c
: flag para indicar que será criado um novo arquivo
-f
: flag que necessita de argumento, indica qual será o arquivo a ser manipulado (neste exemplo, o arquivo será criado)
agregado.tar
: o argumento da flag -f
, é o nome do arquivo sendo manipulado
arquivoA arquivoB
: todos os outros argumentos que não sejam argumentos de flag são os caminhos dos arquivos/diretórios que serão agregados; neste caso apenas dois arquivos, arquivoA
e arquivoB
Nos primórdios, o comando tar
só servia para o fim de manipular arquivos tar
, mas então devido à popularidade dos arquivos tar
compactado, ele começou a ter opções de compactação também. O seguinte exemplo cria o tar.gz
do exemplo anterior em um único comando:
tar -czf compact.tar.gz arquivoA arquivoB
De novidade aqui apenas a flag -z
, que indica que se deve usar a compactação gzip
sobre o tar
gerado.
Compactando todos os arquivos de um diretório individualmente
Como cada arquivo será compactado individualmente, não precisamos agregá-los. Então basta chamar o compactador, gzip
. Sabendo qual o comando que será chamado, precisamos agora saber como iremos iterar sobremos arquivos.
Vou colocar o comando a ser executado em uma função, compactfile
, assim outro comando de compactação pode ser usado.
Criação de compactfile
A priori, precisamos apenas chamar o comando gzip
com o arquivo desejado.
compactfile() {
arquivo_original="$1"
gzip "$arquivo_original"
}
E se eu quiser um dry run? Bem, poderíamos emular um dry run assim:
compactfile_dryrun() {
arquivo_original="$1"
echo gzip "$arquivo_original"
}
Bem, podemos tentar unificar esses dois comandos em um só... vamos delegar para o próximo momento o como é feita a detecção se é dry run, por hora vai ser hard coded se é ou não dry run:
compactfile() {
dryrun=true # se não for dry run, só por false aqui
base_cmd='gzip'
arquivo_original="$1"
cmd_args="$base_cmd \"$arquivo_original\""
$dryrun && cmd_final="echo $cmd_args" || cmd_final="$cmd_args"
$cmd_final
}
Bem, agora sobre a detecção do dry run... eu vejo normalmente usarem duas alternativas para isso: -n
e --dry-run
. Vamos por essa detecção com um case
?
compactfile() {
dryrun=false
case "$1" in
-n|--dry-run)
dryrun=true # detectei que quero fazer uma dry run
shift # remove o primeiro argumento e puxa os seguintes em uma posição
;;
esac
base_cmd='gzip'
arquivo_original="$1"
cmd_args="$base_cmd \"$arquivo_original\""
$dryrun && cmd_final="echo $cmd_args" || cmd_final="$cmd_args"
$cmd_final
}
Iteração for
, lista com glob
Iterar sobre um glob puro tem a desvantagem de não acessar recursivamente os arquivos.
Só conseguimos pegar aqueles que estão no nível do diretório corrente (vou fazer dry run só para mostrar qual será o efeitos cada ponto):
compactdir=.
for arq in $compactdir/*; do
if [ -f "$arq" ]; then
compactfile -n "$arq"
fi
done
Bem, agora eu mostrei duas novas estruturas do shell:
if
: estrutura sintática da forma if CMD; then CMD_IF; else CMD_ELSE; fi
; a parte do else
é opcional; se CMD
retornar verdadeiro (retorno 0), executa o bloco de comandos CMD_IF
; caso seja falso (retorno diferente de 0) e exista else
, executa o bloco de comandos CMD_ELSE
;
- comando
test conditions
, ou sintaxe [ conditions ]
: a estrutura sintática que começa com [
tem o mesmo efeito que o comando test
, apenas exige que seja fechado com um ]
; no caso, -f
é um operador unário que verifica a existência de um arquivo comum (diretórios não servem), retornado verdadeiro caso ele exista e falso caso contrário; você pode ler mais sobre o comando test
na documentação
Nota sobre a sintaxe [ conditions ]
:
Os espaços são OBRIGATÓRIOS, senão o shell vai entender outra coisa
Iteração for
, usando expansão do comando find
compactdir=.
for arq in `find $compactdir/`; do
if [ -f "$arq" ]; then
compactfile -n "$arq"
fi
done
Iterando no próprio find
O @cemdorst colocou isso na resposta dele. Devo admitir que não sabia disso até então. Adaptando o que ele usou com a função de compactação personalizado compactfile
, temos o código a seguir.
Também devo admitir que demorei muito para responder
compactdir=.
find $compactdir -print0 -exec compactfile -n '{}' \;
tar
é ser uma coleção de arquivos, para depois aplicar a compressão gzip em cima e transformar em um.tar.gz
, outgz
por curto. O ideal para o seu caso seria rodar apenas o gzip sobre os arquivosfind pasta/
... hoje eu preciso ir, espero ter ajudado