Se a linguagem Python é interpretada, por que motivo existem arquivos .pyc que são bytecodes compilados?
1 Resposta
O Python, assim como o Java, trabalha com uma máquina virtual. No caso do Java, é mandatório enviar à máquina virtual apenas o código compilado, portanto o código do .class
. No Python, a própria máquina virtual trabalha com o compilador da linguagem, então ela aceita código Python puro .py
como, também, sua versão em bytecode .pyc
.
Sobre questão de uma linguagem ser chamada de interpretada e outra ser chamada de compilada: em ambos os casos, ocorre compilação e interpretação. No caso do Java, a compilação ocorre num momento anterior à execução, na chamada ao javac
para fazer a transformação .java -> .class
. Após ser gerado o .class
, há a interpretação dos bytecodes gerados para executar o programa. Posso fazer uma analogia aqui com C e o processador da minha máquina x86; o gcc
vai transformar o código C em linguagem de máquina x86, para que então o processador receba o binário e os execute.
Em Python, o processo de compilação não precisa ocorrer a priori, acontecendo em um momento posterior. Assim como em Java e em C, há sim uma leitura de código fazendo a validação de gramática (detecção de erros de sintaxe) e a transformação em algo mais fácil de operacionalizar. O resultado de uma compilação bem sucedida é um conjunto de bytecodes Python equivalentes ao código Python original. Após esse processo de compilação, passa-se para o interpretador de bytecodes fazer o tratamento deles, assim como a JVM (Java Virtual Machine) faz com o compilado do Java, análogo ao como o processador x86 faz com o binário gerado pela compilação do arquivo C.
Para evitar passar pelo processo inteiro de compilação novamente, que exige uma validação da gramática e procura por erros sintáticos, uma vez gerada a compilação do código Python, ela pode ser armazenada para uso futuro. Isso é feito por uma questão de otimização. Enquanto não houver mudanças em seu arquivo .py
original, o .pyc
gerado será fiel ao código desejado, comportando-se de maneira esperada. No momento que você altera o .py
, há a detecção dessa mudança e o compilador Python entra em campo para gerar o novo .pyc
.
Em casos em que não é possível gerar o arquivo .pyc
(por exemplo, código Python rodando a partir de um sistema de arquivos somente leitura), essa otimização não ocorre, então sempre ocorrerá a compilação do código original para, então, ocorrer a interpretação e execução de seus bytecodes.
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@jsbueno , tem alguma pergunta/resposta sobre arquivos
.pyo
? Eu havia pensado que havia coberto isto na minha resposta, mas lendo novamente percebi que não o fiz. 18/06/2018 às 15:59 -
1Arquivos
.pyo
são quase a mesma coisa que os.pyc
- mas são gerados quando o Python é chamado com a opção-O
de "optimized" - na prática o compilador não gera o código de algumas instruções que deveriam ser usadas só pra depuração/testes como os comandosassert
. A diferença dessa otimização costuma ser bem pequena, então não se encontram muitos arquivos.pyo
por aí.– jsbueno18/06/2018 às 16:06 -
1Nessa resposta talvez valesse a pena completar que a partir do Python 3.5 (ou será que foi do 3.4?), os arquivos
.pyc
passaram a ser colocados na pasta__pycache__
e com o nome e versão do compilador integrados ao nome do arquivo.pyc
- isso permite que arquivos .py na mesma pasta possam ser executados por versões diferentes do Python sem conflito com opyc
gerado.– jsbueno18/06/2018 às 16:08 -