Principais diferenças:
- Em Kotlin funções são
first-class citizens
, ou seja, a linguagem permite manipular funções com as principais, se não todas, operações disponíveis para outras entidades: passagem de argumentos, retorno de funções, modificações, atribuição de variáveis, etc... Isso nos permite utilizar alguns conceitos da programação funcional como: funcões puras, funções sem efeitos colaterais; funções de alta ordem, que tomam funções como parâmetro, como retorno, ou como ambas; imutabilidade, onde estados internos permanecem inalterados, incluindo as próprias collections
da linguagem.
Exemplo 1:
fun callAction(action: (String) -> Unit) = action("Hello world!")
fun printMessage() = callAction { text -> println(text) }
printMessage()
Exemplo 2:
// Ou utilizando a referência do método
fun callAction(action: (String) -> Unit) = action("Hello world!")
fun printMessage() = callAction(::println)
printMessage()
Exemplo:
infix fun Int.plus(text: String): Int = this + text.toInt()
println(1 plus "2")
// é o mesmo que
println(1.plus("2"))
- Kotlin suporta funções de extensão, que nos dão a habilidade de extender uma classe com uma nova funcionalidade sem ter que herdar dela, ou usar qualquer tipo de padrão de projetos como Decorator.
Exemplo:
import java.math.BigDecimal
fun Int.toBigDecimal() = BigDecimal(this)
println(4.toBigDecimal())
- Kotlin suporta sobrecarga de operadores, que nos permite fornecer implementações para um conjunto predefinido de operadores em nossos tipos. Lista completa de operadores pode ser encontrada aqui.
Exemplo:
data class Money(var value: Int)
operator fun Money.plusAssign(value: Money) {
this.value += value.value
}
val money = Money(10)
money += Money(20)
println(money.value) // 30
Exemplo:
data class User(val name: String, val age: Int)
val jane = User("Jane", 35)
val (name, age) = jane // destructuring declaration
println("$name, $age years of age") // prints "Jane, 35 years of age"
- Kotlin possui sealed-classes, que são usadas para representar hierarquias de classes restritas, quando um valor pode ter um dos tipos de um conjunto limitado, mas não pode ter qualquer outro tipo. Eles são, em certo sentido, uma extensão de classes enumeradas: o conjunto de valores para um tipo enum também é restrito, mas cada constante enum existe apenas como uma única instância, enquanto uma subclasse de uma classe selada pode ter múltiplas instâncias que podem conter estado.
Exemplo:
sealed class Expression {
data class Const(val number: Double) : Expression()
data class Sum(val e1: Expression, val e2: Expression) : Expression()
object NotANumber : Expression()
}
fun eval(expr: Expression): Double = when (expr) {
is Expression.Const -> expr.number
is Expression.Sum -> eval(expr.e1) + eval(expr.e2)
Expression.NotANumber -> Double.NaN
}
Exemplo:
val x: String = ""
val y : String? = null
println(x.length) // 0
println(y?.length) // null
y?.let(::println) // println não é chamado porque y é nulo
Notas:
- Em resumo, Kotlin nos permite a implementação de conceitos do paradigma de Programação Orientada a Objetos quanto de Programação Funcional, nos permitindo extrair o melhor dos dois mundos, com uma linguagem concisa e ainda assim incrivelmente poderosa.
- Sendo um pouco pragmático, tudo o que se faz com Kotlin pode ser feito com Java, em relação a funcionalidades, mas acredito que Kotlin se torna melhor em relação a praticidade, simplicidade e produtividade.
- Para quem tiver interesse em aprender a linguagem, existe o Kotlin Koans onde são passados alguns desafios e você tem de fazê-los.
- Site de documentação da linguagem: kotlinlang.org
- Documento de especificação da linguagem: kotlinlang.org/docs/kotlin-docs.pdf
Além dos pontos citados, há vários outros conceitos que são interessantes, mas que não coloquei aqui para não me extender mais.