Criando um jogo da cobrinha no terminal, do zero
Revendo sua pergunta - eu realmente não respondi que você precisa - é um exercício de faculdade de reconstrução dos passos da cobrinha a partir da direção - e é s[o teórico, com m 0 preocupação se o jogo seria real ou não.
Mais tarde, talvez,e u ponha uma resposta menor com as dicas que você precisa para o exercício - não quer dizer que você não deva deixar os exercícios que não servem pra nada prático na geladeira um pouco e estudar este:
Tutorial de Jogo da Cobrinha completo em modo texto
Bom - você tem um outro problema aí -
se o jogo precisa ser no modo texto, não há uma forma padronizada, entre sistemas operacionais como Linux e OS X e o Windows sobre como desenhar uma tela interativa no terminal - ou ler o teclado em tempo real (sem o jogador ter que apertar <enter>
após cada movimento).
Ou seja - esse é um jogo que já foi simples num momento passado em que as interfaces de texto ofereciam uma opção fixa de controle. Agora - justamente essas funções de "veja que caractere está na posição tal" e "imprima um caractere na posição tal" é que deixavam criar jogos como esse de forma simples. Eu vou sugerir uma biblioteca para fazer o tal joguinho no modo texto - e ai com alguns exemplos, você vai ver que o jogo é ao mesmo tempo mais simples do que o que você está fazendo, e mais divertido em termos de programação.
Hoje em dia, nos ambientes Linux e OS X, com Python, você pode usar a biblioteca "curses" que vem com o Python. Já no Windows, por padrão, não funciona "curses" e você terá que usar a biblioteca msvcrt
. Você poderia determinar que só vai precisar de 3 coisas: (1) ler uma das teclas-seta em tempo "real" - (isso é, sem esperar o enter), (2) poder limpar a tela e (3) poder imprimir um caractere numa posição arbitrária (linha e coluna) da tela. Hmmm, vendo a documentação -- o "msvcrt" nao permite (3) - você está de volta no mato sem cachorro.
Ah - (santo Google) - existe uma forma de instalar o "curses" para Windows - está nesta resposta aceita do stackoverflow em inglês:
https://stackoverflow.com/questions/32417379/what-is-needed-for-curses-in-python-3-4-on-windows7
Isso dito, o Curses é um pouco chato - o seu programa ou imprime e usa input, como você faz, ou faz tudo pelo curses - a documentação dele esta aqui: https://docs.python.org/3/library/curses.html - por isso nem vou tentar colocar suporte a esse monte de perguntas e respostas pra começar o jogo que você fez. (e convenhamos - é bem legal agora que você já sabe sobre o input
e colocar seu valor numa variável - mas quem vai querer ficar respondendo um monte de perguntas só pra começar o joguinho da cobrinha? :-) )
Eu estou consultando o tutorial oficial de curses do site do Python em https://docs.python.org/3/howto/curses.html#curses-howto e adaptando para a sua questão.
Vamos por partes - primeiro, uma vamos colocar um caractere no terminal texto que possa ser movido com as teclas seta, usando a biblioteca "curses". Unicode tem um monte de caracteres legais, mas já que é pra ser "raiz", vamos usar um "*".
import curses
import locale
import time
locale.setlocale(locale.LC_ALL, '')
def main(screen):
curses.curs_set(0)
screen.nodelay(True)
y, x = 20, 20
direction = (0, 1)
while True:
key = screen.getch()
if key == curses.KEY_LEFT:
x -= 1
elif key == curses.KEY_RIGHT:
x += 1
elif key == curses.KEY_DOWN:
y += 1
elif key == curses.KEY_UP:
y -= 1
elif key in (0x1b, ord("q")): # <ESC>
break
screen.addstr(y, x, b"*")
screen.refresh()
time.sleep(0.1)
curses.wrapper(main)
Você percebe que o curses tem uma porção de burocracias - temos que chamar o setlocale
para poder imprimir carácteres unicode (num terminal com unicode, claro), temos que chamar o curs_set, nodelay para suprimir o cursor do modo texto e para ele não ficar esperando o <enter>
, como um input
comum. Além disso, a chamada wrapper
que chama a função main
já inicializa a tela, e configura umas 4 ou 5 coisas.
Com essas chamadas fora do caminho, podemos começar a pensar no programa -
eu ponho o "*" inicialmente na posição "20, 20" (pra que ficar perguntando pro usuário isso? - o jogo pode ter algumas posições de início pré-configuradas, ou pode simplesmente sortear uma posição, mas não vai mudar o jogo ficar perguntando a posição inicial da cobrinha para o usuário - a não ser pra pior).
No corpo desse "while True" eu estabeleço oq eu chamamos de "laço principal" do jogo - é o techo de código que roda todo o frame de jogo - e que vai atualizar a posição dos elementos, ler o teclado, etc -- por mais sofisticado que seja um jogo - pode ser o GTA VIII - , ele vai ter que ter um "laço principal" - em alguns frameworks de programação de jogos, o laço pode ser embutido no framework, e você só configura algumas funções suas que serão chamadas quando acontecerem eventos - mas o laço está lá.
Dentro do laço, a primeira coisa é chamar screen.getch()
- é um método do curses (na verdade no objeto "screen" que o wrapper passa para a nossa função) que lê o código numérico de uma única tecla. COmo setamos o nodelay
acima, essa chamada retorna instantaneamente - se nenhuma tecla estiver pressionada, ela vai ter um valor especial.
Em seguida, várias linhas de programação Python pura: 5 if
s comparando o código pressionado com os das teclas seta - como esses valores, não são padronizados em ASCII ou outro encoding - ao contrário da tecla "q" ou mesmo do "ESC", temos que comparar com constantes pré-definidas no próprio módulo curses. (Outros frameworks para jogos que permitem leitura de teclado também tem que usar esse recurso para ter o código das setas, teclas de função (F1, F2, ...), "prtscr", etc...)
Mas - então, não tem segredo -se o usuário pressionou "seta pra direita", somamos 1 na coordenada x,e assim por diante.
Em seguida, a chamada à função addstr(linha, coluna, caractere)
coloca o caractere na posição definida. Pronto - tudo o que precisávamos! So que não - lendo a doc, vemos que ele só desenha mesmo, quando chamamos o método refresh
- e por fim, uma pausa programada de 1/10 de segundo - para que o asterisco não se mova o mais rápido possível. A duração dessa pausa é que você vai controlar depois, de acordo com o nivel de dificuldade, para determinar a velocidade da cobrinha.
Uma última coisa sobre a "burocracia" de se usar curses: tudo o que você manda pra tela, e pega de volta é em "bytes" - em Python 3, trabalhamos direto com "texto" (as strings de Python 3 são o antigo objeto "unicode" do Python 2) - o que significa que o curses não sabe nada de carácteres acentuados, ou emojis - você tem que passar tudo mastigado pra ele - strings normais de Python tem que ser transformadas em Bytes com seu método "encode" - ou, no caso, como estamos só colocando carácteres simples, podemos escrever os bytes direto colocando um b"
para abrir a string no código do programa.
ótimo - teste até aqui - e tenha em mente que quando criaram as primeiras variantes da cobrinha, na década de 70, era esse ambiente de terminal que as pessoas tinham.
Agora, pra começar a transformar isso no jogo da cobrinha: (1) ela não pode ficar parada, tem que ter sempre uma direção. Se você usar um único numero para a direção como no seu código, toda vez que for usar a direção vai ter que usar uma sequência de "if"s pra atualizar qualquer coisa. direcao = 3
: a coordenada y deve ser atualizada? Para cima ou para baixo?
Como teremos que estar atualizando sempre as coordenadas x e y, a direção pode ser uma sequência de dois números, já com os valores para atualizar cada variável.
import curses
import locale
import time
locale.setlocale(locale.LC_ALL, '')
def main(screen):
curses.curs_set(0)
screen.nodelay(True)
y, x = 20, 20
direction = (1, 0)
while True:
key = screen.getch()
if key == curses.KEY_LEFT:
direction = (-1, 0)
elif key == curses.KEY_RIGHT:
direction = (1, 0)
elif key == curses.KEY_DOWN:
direction = (0, 1)
elif key == curses.KEY_UP:
direction = (0, -1)
elif key in (0x1b, ord("q")): # <ESC>
break
x += direction[0]
y += direction[1]
screen.addstr(y, x, b"*")
screen.refresh()
time.sleep(0.1)
curses.wrapper(main)
Agora, nem preciso ficar explicando mais coisas - perceba que o jogo da cobrinha começa a aparecer naturalmente - e é só uma questão de programação agora. E, surpresa: você não "redesenha a tela toda" nesse tipo de jogo - simplesmente, acrescenta um caractere na nova posição da cabeça da cobrinha, deixando os que já estavam lá - era assim que o jogo ficava rápido nos computadores antigos onde foram criados. (Um jogo moderno redesenha a cena toda, todos os frames, recalculando por vezes dezenas de milhares de polígonos, texturizando e iluminando tudo -se for um jogo 3D)
O que precisamos para o jogo estar completo: fazer com que a cobrinha se "apague" depois que tiver andado o seu tamanho - e fazer com que ela detecte uma colisão. Para essa segunda parte, ainda podemos usar uma função do curses
para "ver" o caractere numa dada posição - isso existe - e é o que permitia os joguinhos de cobrinha de antigamente serem mais simples do que hoje. Por que o correto hoje seria em vez de "olhar" para a tela, verificar usando as estruturas de dados que temos, se a cobrinha bateu com algo - seja um a parte dela mesma, uma parede, uma "maçã" (que faz ela aumentar de tamanho e o jogo progredir), etc... Principalmente por que se o jogo for no modo gráfico, ou mesmo em 3D, não é possível "reconhecer" o que está numa posição para onde a cobrinha se move. (nesse caso com o curses, poderíamos ver o caractere e usar um "if" para saber se é um "@" representando uma maçã, ou um "#" representando uma parede, por exemplo). Essa resposta já virou um capítulo de livro, mas não precisa ser o livro inteiro - vou manter o caso simples em que "olhamos" a tela com o método screen.instr(linha, coluna)
:
import curses
import locale
import time
locale.setlocale(locale.LC_ALL, '')
encoding = locale.getpreferredencoding()
def main(screen):
curses.curs_set(0)
screen.nodelay(True)
y, x = 20, 20
direction = (1, 0)
while True:
key = screen.getch()
if key == curses.KEY_LEFT:
direction = (-1, 0)
elif key == curses.KEY_RIGHT:
direction = (1, 0)
elif key == curses.KEY_DOWN:
direction = (0, 1)
elif key == curses.KEY_UP:
direction = (0, -1)
elif key in (0x1b, ord("q")): #
break
x += direction[0]
y += direction[1]
if screen.instr(y, x, 1) != b" ":
screen.addstr(10, 15, "Você morreu!".encode(encoding))
screen.refresh()
time.sleep(3)
break
screen.addstr(y, x, b"*")
screen.refresh()
time.sleep(0.1)
curses.wrapper(main)
E por fim, criamos um comprimento inicial desejado para a cobrinha, guardamos todas as coordenadas (x, y) pelas quais ela passou - e ao atingir esse comprimento, apagamos o último "*" naquela posição. Graças as listas de Python, é trivial fazer isso. (mas você pode aprender mais e fazer de forma mais elegante usando o collections.deque
). Isso são literalmente mais 6 linhas de código - e o jogo estaria "completo", exceto que sem graça nenhuma. Aproveito para incluir a "maçã" que aumenta o comprimento da cobrinha em 5 traços de cada vez. Não tem segredo também - usamos o módulo "random" para sortear a maçã. COlocamos pontuação e uma verificação dos limites da tela (o curses expõe o tamanho do terminal em curses.COLS e curses.LINES) - acho que só isso:
import curses
import locale
import time
import random
locale.setlocale(locale.LC_ALL, '')
encoding = locale.getpreferredencoding()
def sorteia_maca(screen):
pos = random.randrange(0, curses.COLS), random.randrange(0, curses.LINES)
screen.addstr(pos[1], pos[0], b"@")
def main(screen):
curses.curs_set(0)
screen.nodelay(True)
y, x = 20, 20
direction = (1, 0)
comprimento = 5
corpo = []
sorteia_maca(screen)
pontuacao = 0
while True:
key = screen.getch()
if key == curses.KEY_LEFT:
direction = (-1, 0)
elif key == curses.KEY_RIGHT:
direction = (1, 0)
elif key == curses.KEY_DOWN:
direction = (0, 1)
elif key == curses.KEY_UP:
direction = (0, -1)
elif key in (0x1b, ord("q")): # <ESC>
break
x += direction[0]
y += direction[1]
corpo.insert(0, (x, y))
if len(corpo) > comprimento:
final = corpo.pop()
screen.addstr(final[1], final[0], b" ")
cabeca_em = screen.instr(y, x, 1)
if cabeca_em == b"@":
pontuacao += 5
comprimento += 5
sorteia_maca(screen)
elif cabeca_em != b" " or x >= curses.COLS or y > curses.LINES or x < 0 or y < 0:
screen.addstr(10, 15, "Você morreu! Pontos: {}".format(pontuacao).encode(encoding))
screen.refresh()
time.sleep(3)
break
screen.addstr(y, x, b"*")
screen.refresh()
time.sleep(0.1)
curses.wrapper(main)
Pronto - completamente jogável! Você pode incrementa-lo com várias coisas agora - por exemplo, fazendo a maçã mudar de lugar de tempos em tempos, pode colocar "fases" com "paredes" e aumentando a velocidade, pode mudar para uma tela gráfica usando "pygame" ou outro framework, em vez de mante-lo em modo texto, pode escrever uma classe em orientação a objetos pra cobrinha - permitindo que você tenha mais instâncias dela na mesma tela, as demais sendo controladas pelo computador (ou - ligar o jogo em rede, e ter uma cobrinha controlada por outro jogador)