Você meio que matou a charada. Minha impressão também é que isso é natural em frameworks.
Componentes de frameworks podem crescer para se tornar bem complicados. Imagine como o código de formulários de Django deve ser grande! Já sabemos, porém, como lidar com códigos grandes: dividimo-los em vários arquivos.
Por que criar vários arquivos
Considere um framework hipotético, por exemplo, que tenha vários tipos de classes que representam páginas Web. Todas herdarão de uma classe base chamada Page
; haverá uma classe que apenas serve conteúdo estático de um arquivo, e será chamada ResourcePage
; outra classe terá várias facilidades para JavaScript e CSS, e se chamará RichPage
; uma terceira pode ler Markdown e gerar HTML e se chamará MarkdownPage
etc. Se usássemos um só arquivo, teríamos uma estrutura como abaixo:
- framework
- page.py
E page.py
teria várias classes:
class Page(object):
# ...
pass
class ResourcePage(Page):
# ...
pass
class RichPage(Page):
# ...
pass
class MarkdownPage(Page):
# ...
pass
# E assim por diante...
O usuário do framework pode escrever algo simples com from framework.page import RichPage
, mas certamente page.py
será enorme! Uma alternativa é criar vários arquivos:
- framework/
- page/
- page.py
- resource.py
- rich.py
- markdown.py
- __init__.py
O código ficará muito mais manutenível, né?
Por quer importar classes no __init__.py
Para facilitar
O código ficará mais manutenível, mas agora nosso pobre usuário deve importar classes assim:
from framework.page.rich import RichPage
Como bem disse Phillip J. Eby:
um programador Python [...] provavelmente vai se irritar ao digitar Foo.Foo.someMethod
quando deveria ser apenas Foo.someFunction
.
Então, para ajudar a vida dos nossos usuários, importamos todas as classes no __init__.py
:
from .page import Page
from .resource import ResourPage
from .rich import RichPage
from .markdown import MarkdownPage
Agora nosso usuário pode, feliz, apenas invocar:
from framework.page import MarkdownPage
Para não quebrar o que já funcionava
Por vezes a principal razão para isso é compatibilidade retrógrada. Nosso framework era pequenino, e todo o código cabia elegantemente no page.py
. Aos poucos, foi crescendo, e resolvemos separá-lo em arquivos diferentes. Neste caso importar tudo no __init__.py
é ainda mais importante, pois permite que códigos que usassem a versão antiga continuem rodando na nova.
Para deixar o namespace limpo
Suponha que nossa classe MarkdownPage
use uma classe MarkdownParser
. No caso em que tempos apenas um grande page.py
, MarkdownParser
estará disponível pra quem importar page.py
. Entretanto, isto não é o ideal: MarkdownParser
é um detalhe de implementação.
Ao colocar a MarkdownPage
em markdown.py
, podemos importar apenas o que queremos dela para dentro do __init__.py
, limpando o namespace.
Vale a pena fora de frameworks?
Bem, isso depende... Em projetos pequenos, quase certamente não. Mas veja só, se seu projeto for grande e tiver uma boa arquitetura, ele será modular, então alguns componentes dele serão, para efeitos gerais, frameworks que outras partes do mesmo projeto vão usar, não é verdade? Assim, não estranhe muito se esse padrão aparecer em outros projetos também.