Responderei a pergunta apontando alguns fatos e vantagens sobre as linguagens. Faça a escolha por conta própria:
- C pode ser compilado em qualquer arquitetura.
Uma das primeiras coisas que acontece quando surge uma arquitetura nova é a criação de um compilador para a linguagem C (talvez tomando por base um compilador existente, apenas acrescentando um novo target). O ponto é que qualquer que seja a arquitetura que você encontre, é praticamente garantido que você pode escrever um programa em C e compilar nela. Isso ocorre porque C é uma linguagem "simples" e de bastante baixo nível. C++ é imensamente mais complexo e é provável que venha a encontrar arquiteturas que ainda não tenham suporte para a linguagem.
No entanto é preciso dizer que essa diferença entre as linguagens é cada vez menos significantes conforme as coleções de compiladores se tornam mais amplamente usadas. Para o GCC ou o Clang (LLVM), por exemplo, você pode adicionar novo backend que compila a representação intermediária específica dos compiladores para a sua arquitetura alvo e imediatamente terá suporte a todas as linguagens (frontend) que o compilador suporta. Se tratando de microcontroladores, o GCC suporta muitas das arquiteturas deles, sendo perfeitamente aceitável escrever um programa em C++ no lugar do usual C.
Mentira! Esse é um mito mais histórico que outra coisa. O fato é que compiladores de C++ são muito mais complexos que compiladores de C, logo é difícil aplicar otimizações a transformações que beneficiem a velocidade. Mas os compiladores de hoje são muito melhores que os compiladores de ontem e essa diferença está amplamente superada. A afirmativa na verdade se inverte. O C++ tem recursos que permitem escrever código mais eficiente que em C mantendo a elegância. Observe templates e funções constexpr como um exemplo. Mas claro, em C++ você tem muitos recursos de alto nível que seriam menos eficientes que lidar com a implementação mais simples. É claro que é menos eficiente usar std::regex
no lugar de escrever um parser que processe um const char*
na mão. Mas tudo que pode ser escrito em C, pode ser escrito em C++ com exatamente a mesma eficiência. Há apenas vantagens.
- C tem uma ABI bem definida dentro de cada sistema
Tanto o Linux quanto o Windows definem uma API em C para as aplicações usarem. Junto com isso, eles também definem uma ABI, uma forma em assembly de passar os argumentos para essas funções do sistema e de nomear-las. Sendo assim qualquer compilador vai usar o mesmo mecanismo que o sistema operacional para escrever a passagem de argumentos e a nomenclatura das funções internas do código. Isso significa que dado uma biblioteca binária qualquer, posso carregar um símbolo e chamar ele como uma função com a confiança de que estou fazendo isso certo.
Já no C++ não há uma convenção bem definida quanto a isso, cada compilador usa uma ABI diferente e não é difícil ver versões diferentes do mesmo compilador usando uma ABI diferente para acomodar algum novo recurso. Sendo assim é muito mais complicado escrever uma interface para o C++. A maioria das linguagens de script, por exemplo, só aceitam extensões nativas que tenham sido escritas em C (ou em C++, mas exportando uma interface no formado do C).
Você pode compilar C para quase qualquer arquitetura. Em qualquer ambiente você vai ter uma ABI estável. Logo, se você quer fazer uma ferramenta que gere código portável, usar C como output é perfeitamente aceitável. Observe o bison como um exemplo. Ainda assim, eu aconselharia a dar uma olhada no que o LLVM tem a oferecer nesse aspecto. Você gera assembly no estilo do LLVM (não é tão baixo nível quanto os assemblies para maquinas reais) e ele produz um executável na plataforma alvo. É isso que o Clang faz.
- C++ provê recursos a custo zero
Um lema do C++ é zero overhead, sobrecarga zero. Se você não usa um determinado recurso, você não paga por ele. Esse princípio garante que a linguagem seja cheia de recursos, mas, ao mesmo tempo, ela seja tão rápida quanto você queira. Basta evitar alguns pontos chaves, como RTTI (run-time type identification), polimorfismo ou exceções. A linguagem também pode trabalhar sem o sistema operacional, basta não utilizar a biblioteca padrão e escrever tudo por conta própria.
- Compiladores de C são mais rápidos e gastam menos memória
Verdade. Em geral compilar um programa em C é mais rápido por ser uma linguagem mais simples. O principal motivo para código C++ ser mais pesado de compilar são os templates. Eles produzem grande quantidade de funções adicionais especializadas que precisam receber inline e serem otimizadas. Além dos cálculos que acontecem em tempo de compilação via expressões constantes. Quem já compilou algo que inclua boost que o diga. Seja como for, esse raramente é um motivo decisivo para escolher uma linguagem sobre a outra, mas um ponto a se considerar em projetos muito grandes.
- C é o mais usado em projetos de código aberto
Isso é mais um fator primariamente histórico. A 20 ou 30 anos, quando a maioria dos grandes projetos que vemos hoje estavam engatinhando, C++ não era tão popular e os compiladores de C++ eram muito inferiores aos de C em questões de qualidade e performance. Então ir para o C foi uma escolha natural. E hoje converter um projeto desse porte para uma linguagem diferente é uma tarefa monumental, mas não impossível. Com C++ é possível escrever código muito mais limpo, modularizado e organizado, as vantagens são muitas. No entanto ainda há uma grande e irracional resistência ao uso de C++.
C é obsoleto. C++ é o substituto.
Mais um equivoco. C e C++ são linguagens diferentes, embora compartilhem partes em comum. Cada uma possui seu uso. Mas nenhuma delas está morta. Novas revisões e atualizações são criadas regularmente, mantendo-as modernas. Como um exemplo, em 2011 ambas ganharam suporte nativo a threads. Outro ponto a deixar claro é que nem todo código de C é código válido de C++, especialmente a conversão entre tipos de ponteiros. Em C existem até mesmo recursos que ainda não chegaram ao C++, como a palavra chave restrict
, mencionada por @luiscubal nos comentários, embora a maioria dos compiladores suporte como uma extensão.