Entendendo o código
Esse é o seu trecho de código:
for(int i = 1; i <= 1000 - Xpos; i += 1) {
// tempo do projétil, que é calculado em base do I
float t = i / (float) ((power + powerSalt[(int) power]) * Mathf.Cos(angle));
// altura do projétil, calculada com base no tempo
float Y = (float) (((power + powerSalt[(int) power]) * Mathf.Sin(angle)) * t - (0.5 * g * t * t));
// adiciona o ponto obtido, abaixo no "i + Xpos" se ocasiona o ponto horizontal, então o "player.y + y" seria a cordenada vertical
Vector3 point = new Vector3(Map.toWorldX((float) i + Xpos), Map.toWorldY(player.y + Y));
// enfim, adiciona o ponto (x, y) da linha
tracer.line.points3.Add(point);
}
A primeira linha faz um laço que varia de 1 a 1000, e você mesmo disse que esse é o limite espacial do seu campo de jogo. Logo, a variável i
representa uma divisão discreta do espaço horizontal, ou seja, os valores do eixo X (talvez se tievsse chamado a variável i
de x
isso ficasse até mais claro).
A segunda linha, já dentro do laço, calcula o tempo. Como o movimento no eixo horizontal (X) é uniforme (isto é, a velocidade do movimento horizontal é constante, ou seja, não há aceleração/desaceleração), esse tempo é calculado com base na seguinte fórmula:
A formula (2) é a variação trigonométrica da fórmula (1), e é a que você utiliza no seu código. Após manipulação algébrica, e considerando-se que o espaço inicial é 0 (já que tudo começa na origem), tem-se:
No seu caso, o espaço é i
, e a velocidade é power + powerSalt[(int) power]
. Naturalmente, como você tem o ângulo (em radianos), o cosseno do ângulo é Mathf.Cos(angle)
.
Uma vez tendo-se o tempo que o projétil vai percorrer até o espaço i
(observe como o cálculo é repetido para cada trajeto crescente), a terceira linha calcula a posição do projétil no eixo Y (vertical) no tempo, utilizando a fórmula do movimento uniformemente variado (em que a velocidade do movimento vertical não é constante, já que há desaceleração na subida e aceleração na descida - a aceleração da gravidade):
A fórmula (4) é a variação trigonométrica da fórmula (3), e é a utilizada no código. Novamente, o espaço inicial é 0 (origem) e a sua velocidade é power + powerSalt[(int) power]
(sim, inicialmente a mesma, embora a velocidade real seja ponderada pela aceleração a cada intervalo de tempo). Além disso, a aceleração da gravidade (comumente chamada de g
ao invés de a
) é negativa, já que puxa o projétil para baixo (contrária à direção de lançamento). Por isso há um sinal de -
no lugar de singla de +
no código. A linha de código faz também t * t
para calcular o quadrado do tempo, e multiplica a gravidade por 0.5
para fazer a divisão por 2.
Nota: deveria ser óbvio que multiplicar por 0.5 é equivalente a
dividir por 2:
Finalmente, na quarta linha de código, o ponto no espaço bidimensional é construido a partir dos valores de X e Y calculados anteriormente. Lembre-se que X é o valor dado em i
(o seu código soma um tal de Xpos
que eu não sei o que é, mas deve ser algum valor de diferença fixa). Essa linha também mapeaia os valores de X e Y de uma métrica local para global conforme um ajuste da posição do objeto player
(que eu suponho que seja o tanque). Esse mapeamento provavelmente deve-se ao uso dessas coordenadas serem feitas fora do escopo do tanque (talvez a câmera as utilize, e por isso o mapeamento é necessário).
Adicionando vento
Uma forma bastante simplificada de adicionar vento seria considerá-lo como uma força adicional que atua apenas na horizontal, que seria favorável (se tiver soprando na mesma direção do movimento) ou contrária (se tiver soprando contra a direção de movimento). Como você disse que o seu vento só ocorre no eixo X, deve bastar simplesmente adicionar um valor positivo (se favorável) ou negativo (se contrário) à sua velocidade inicial (isto é, use power + powerSalt[(int) power] + <VELOCIDADE DO VENTO>
onde quer que a velocidade apareça). Mesmo a velocidade do vento sendo somente horizontal, não tem problema utilizar seu valor também no cálculo do Y (o componente do movimento vertical), já que a posição vai ser ponderada pela inclinação do ângulo de lançamento.
Se, por outro lado, o vento puder ter qualquer direção e sentido, eu diria que é mais apropriado você utilizar álgebra vetorial (considerando tanto a velocidade do projétil como a velocidade do vento como vetores e somando-os para ter o vetor resultante para aplicação ponto-a-ponto no cálculo da trajetória). Nesse caso, utilize as versões não trigonométricas das fórmulas (fórmulas (1) e (3)), porque o ângulo de inclinação estará "embutido" na direção do vetor.
Por exemplo, suponha que você tenha a sua velocidade do projétil e do vento definidas como vetores, da seguinte forma:
Vector2 veloc = new Vector2(10, 20)
Vector2 vento = new Vector2(2, 0);
Vector2 res = veloc + vento;
Ao fazer uma soma vetorial você obtem um novo vetor (res
) que é uma velocidade "combinada". Observe o gráfico abaixo:
O vetor da velocidade do projétil (veloc
) está em roxo, desenhado a partir da origem (0, 0). O vetor do vento (vento
) está em verde, também desenhado a partir da origem (0, 0). Esse mesmo vetor do vento também foi desenhado a partir de outra origem, a "ponta final" do vetor de velocidade (ou seja, no ponto (10, 20)), em um azul claro, apenas para demonstrar graficamente a ideia de soma vetorial. O resultado dessa soma é um novo vetor (res
), desenhado em vermelho, e que resulta no ponto (12, 20). Veja como o vetor resultante (em vermelho) "aponta" para a mesma localidade do "caminho" percorrido pelos dois vetores que foram somados (roxo + verde).
Nesse exemplo, o vetor da velocidade do vento (vento
) tinha valor 0 no componente vertical (o valor de Y), por isso ele é um vento meramente horizontal (como dá pra perceber claramente no gráfico). Porém, ele poderia ter qualquer direção e sentido. Por exemplo, se ao invés de soprar para a direita horizontalmente com força 2, o vento soprasse em sentido noroeste:
Vector2 veloc = new Vector2(10, 20)
Vector2 vento = new Vector2(-5, 7);
Vector2 res = veloc + vento;
Teria-se o seguinte gráfico resultante:
Observe que a velocidade original do projétil (em roxo) foi afetada pelo vento (em verde) de forma a produzir uma velocidade resultante apropriada (em vermelho), tal qual anteriormente descrito.
Se você utilizar vetores no lugar de valores únicos para as velocidades, pode utilizar as fórmulas citadas anteriormente pra fazer algo assim:
Vector2 veloc = new Vector2(10, 20)
Vector2 vento = new Vector2(-5, 7);
Vector2 s = 0 + (veloc + vento) * t - (g * t * t);
Note na última linha como a aplicação da fórmula física (3) continua igual, com a diferença de que o valor resultante espacial (s
) é agora um vetor (que contém ambos os componentes X e Y).
Observe também que a variável g
, que hoje no seu código é um valor único, poderia também ser um vetor. A gravidade "natural" seria algo como Vector2 g = new Vector2(0, -9.8)
(lembre-se que você precisaria voltar o sinal de +
no cálculo da fórmula, já que o sinal negativo está embutido no sentido do vetor), porque atua só no eixo Y e para baixo. Mas você poderia até implementar uma gravidade diferente num jogo espacial, por exemplo, fazendo algo como Vector2 g = new Vector2(2, 7)
(essa "gravidade" maluca num jogo puxaria tudo pra cima, e levemente pra direita). :)
Finalmente, observe que, apesar de várias pessoas terem comentado, até hoje você não descreve na pergunta como o projétil se move no seu jogo. Você diz que usa a Unity, mas não explica se o movimento do projétil é controlado por você (isto é, fazendo os cálculos da mesma forma como descrito até aqui e a translação manualmente), ou se você simplesmente aplica uma força inicial de impulso e a física da Unity cuida do resto. Como "vento" não é um recurso que exista nativamente na física da Unity, precisaríamos saber também se o vento que você diz já funcionar no projétil (tanto que o traçado real não condiz com o que você desenha) é constantemente aplicado ao corpo rígido do projétil por algum código seu. No mundo real o vento é uma força constantemente ativa, de forma similiar à gravidade, e por isso é constantemente aplicado ao projétil que se move. Se você quiser reproduzir isso, vai ter que considerar o vento não como uma velocidade, mas como uma aceleração. Nesse caso, faria mais sentido ter algo como:
Vector2 veloc = new Vector2(10, 20)
Vector2 vento = new Vector2(2, 0);
Vector2 g = new Vector2(0, -9.8);
Vector2 s = 0 + veloc * t + ((g + vento) * t * t);
Isto é, somando os vetores de aceleração do vento e gravidade para ter a aceleração correta sendo aplicada a cada instante de tempo.
Para informações sobre as fórmulas, consulte este site. Se
precisar, compare o que foi aqui explicado com as explicações nesta
minha outra resposta.
Vector3
ali e pela tag que vc adicionou depois). Devia ter deixado mais claro na pergunta desde o começo. Aliás, já que vc usa Unity, por acaso o projétil está usando a física nativa da engine? Se sim, vc deveria indicar isso! Outra coisa, facilitaria muitíssimo que alguém te ajudasse se vc fornecer um Exemplo Mínimo, Completo e Verificável para facilitar os testes e implementação.