O operador ::
foi adicionado ao Java 8 e faz parte de expressões que referenciam métodos (Method Reference Expressions).
As referências a métodos (Method References) funcionam como complemento aos lambdas.
Um lambda é como um trecho de código que você pode passar como argumento para um método. Só que às vezes esse trecho de código se repete ou já está implementado em algum método, portanto, você pode simplesmente referenciar um método qualquer.
Segundo a documentação, existem basicamente quatro tipo de referências a métodos:
1. Método estático
public static void medirTempo(Runnable rotinaDemorada, Supplier<Long> timestampSupplier) {
long inicio = timestampSupplier.get();
rotinaDemorada.run();
System.out.format("Tempo: %d ms", timestampSupplier.get() - inicio);
}
Runnable
é uma interface funcional que abstrai uma tarefa a ser executada. Ela não recebe nem retorna valor. Supplier
é uma interface funcional cuja execução retorna um valor de um certo tipo, Long
neste caso.
Dada uma rotina que demora:
Runnable rotinaDemorada = () -> {
try {
Thread.sleep(1000);
} catch (InterruptedException e) {
throw new RuntimeException(e);
}
};
Podemos chamar o método assim:
medirTempo(rotinaDemorada, System::currentTimeMillis);
Coloquei o lambda numa variável separada para fins didáticos, mas poderíamos passar ele diretamente como parâmetro.
Assim, passamos um lambda e depois o método estático currentTimeMillis
da classe System
como argumentos. Quando a rotina de medição executa, timestampSupplier.get()
é exatamente o mesmo que System.currentTimeMillis()
. O método estático é chamado duas vezes, no início e no fim, onde a diferença de tempo é então impressa no console.
Note que System.currentTimeMillis()
não recebe parâmetros e retorna um número longo, portanto é compatível com a interface funcional. O mesmo serve para o lambda que é atribuído para a variável Runnable
, isto é, ele não tem parâmetros e não retorna valor.
2. Método de uma instância específica
Exemplo:
public int tamanho(Supplier<Integer> s) {
return s.get();
}
Supplier
é uma interface funcional cuja execução retorna um valor de um certo tipo, Integer
neste caso.
Podemos chamar o método assim:
String s = "Hello, Instance Method!";
int t = tamanho(s::length);
Aqui passamos o método length
do objeto s
como argumento. Quando a rotina executa, s.get()
é exatamente o mesmo que s.length()
. O tamanho da String
é retornada.
Note que s.length()
não recebe parâmetros e retorna um inteiro, portanto é compatível com a interface funcional.
Outro ponto interessante é que você poderia passar List.size ()
para a rotina com a interface funcional. Portanto, o mecanismo de compatibilidade de interfaces permite um outro nível de programação genérica.
3. Método de uma classe aplicado a qualquer instância
Exemplo:
public int tamanho(Function<String, Integer> f) {
return f.apply("Hello, Class Method!");
}
Function
é uma interface funcional que recebe um valor do tipo T
(String
) e retorna um valor do tipo R
(Integer
).
Podemos chamar o método assim:
int t = tamanho(String::length);
Aqui passamos o método length
da classe String
como argumento. Quando a rotina executa, f.apply("...")
é exatamente o mesmo que chamar o método "...".length()
, ou seja, na String
passada como argumento para apply
.
Note que no exemplo anterior, a interface funcional não sabe a qual objeto o método pertence. Neste exemplo, podemos chamar o método em qualquer instância do tipo.
4. Referência a um construtor
Exemplo:
public String newHello(Function<String, String> f) {
return f.apply("Hello, Constructor!");
}
Function
é uma interface funcional que recebe um valor do tipo T
(String
) e retorna um valor do tipo R
(também String
).
Podemos chamar o método assim:
String s = newHello(String::new);
Aqui passamos o construtor String(String)
como argumento. Quando a rotina executa, f.apply("...")
é exatamente o mesmo que instanciar a String assim: new String("...")
.
Na prática, não existe muita diferença entre esta abordagem e a anterior, exceto que usar construtores facilita a utilização de objetos imutáveis como String
, BigDecimal
, Integer
e outros ao usar a API funcional.
Sobre a transformação do NetBeans
O código gerado pela IDE não é bom:
int soma = 0;
return numeros.stream().map((numero) -> numero).reduce(soma, Integer::sum);
Mapeamento desnecessário
Não sei porque a IDE gerou uma chamada ao método map
. Ele serve basicamente quando você quer transformar todos os valores de um stream em alguma outra coisa, gerando um novo stream. Neste caso é totalmente desnecessário.
O código abaixo gera o mesmo resultado:
int soma = 0;
return numeros.stream().reduce(soma, Integer::sum);
Variável desnecessária
A variável soma
não é necessária, já que define apenas um valor inicial.
O código abaixo gera o mesmo resultado:
return numeros.stream().reduce(0, Integer::sum);
Alternativa: IntStream.sum()
A API de Streams do Java 8 possibilita executar uma determinada operação numa sequência de valores e agregar o resultado de alguma forma. Isto é análogo às operações de agregação do SQL como SUM
e AVG
.
Um dos exemplos é o método reduce
que possui os parâmetros:
- Valor inicial
- Método de agregação
Entretanto, existem atalhos para as operações comuns em números tais como na classe IntStream
que implementa sum
, min
, max
, average
e count
.
Na documentação de sum
, lê-se que que ela é equivalente a reduce(0, Integer::sum)
. Portanto, poderíamos reescrever o código assim:
return numeros.stream().mapToInt(Integer::intValue).sum();
Alternativa: array de primitivos
O matpToInt
no exemplo anterior apmente é necessário porque o stream inicial não era do tipo IntStream
.
Isso não seria necessário se ao invés de List<Integer>
você tivesse um array primitivo int[]
.
Exemplo:
int[] numerosArray = new int[] { 1, 2, 3 };
Então o código para usar o sum
seria apenas:
return IntStream.of(numerosArray).sum();
reduce
.