Quais tipos de testes (unitário, funcional, integração) funcionam melhor com os dois?
Existem situações específicas onde é mais evidente que vale a pena usar um ou outro? Exemplos em qualquer linguagem são bem-vindos.
Para testes unitários, os mocks são as principais escolhas e acredito também que os fakes tem seu lugar. Comumente, em testes unitários estamos testando o comportamento de uma classe específica e tentando ignorar ao máximo as dependências desta classe.
Neste ato de "ignorar" suas dependências, usamos o conceito de mock para apenas fazer com que estas dependências se comportem de determinada maneira para cada teste.
Com Mock
Vamos a um exemplo em Java, usando o Mockito. Digamos que quero testar um serviço CreditoService
que depende de um ParametroService
e que consulta um valor chamado bonus
através desta classe de parâmetro. Neste caso estamos preocupados em testar a implementação de CreditoService
e não nos interessa como o ParametroService funciona:
ParametroService parametroService = mock(ParametroService.class);
when(parametroService.getBonus(any(Empresa.class))).thenReturn("10.00");
CreditoService creditoService = new CreditoService(parametroService);
No exemplo acima, eu simplesmente disse para o parametroService
me retornar "10.00" ao consultar o bonus
independente da empresa
que a classe receba como parâmetro.
E a diferença principal que separa o Mock de um Fake é que com Mocks você consegue verificar e confirmar se determinadas ações ocorreram com aquele Mock, pois todas estas ações em cima do mock são gravadas. No exemplo anterior eu criei um mock e, embora tenha definido uma ação esperada por ele, não verifiquei se ele foi realmente chamado. Assim, eu posso também adicionar uma verificação que o método de bonus do parametroService foi chamado um certo número de vezes:
verify(parametroService, times(1)).getBonus(any(Empresa.class));
Com Fake
Neste mesmo exemplo, eu poderia usar um Fake
do ParametroService
. Digamos que, dependendo do valor que eu passar de empresa
, eu gostaria que o ParametroService
fizesse algo diferente internamente; qualquer tipo de lógica em cima da empresa. Por exemplo, se a empresa passada fosse uma filial, ela não teria um bonus. Podemos ter algo assim então:
ParametroService parametroService = new ParametroServiceFake();
CreditoService creditoService = new CreditoService(parametroService);
Sendo ParametroServiceFake
uma implementação da mesma interface ParametroService
usada pela implementação real:
class ParametroServiceFake implements ParametroService {
String getBonus(Empresa empresa) {
if (empresa.isFilial()) {
return "0";
}
return "10.00";
}
}
Em testes de integração e funcionais este conceito ainda existe, porém os Fakes costumam reinar.
Por exemplo, em um teste de integração eu posso criar um banco em memória ao fazer um Fake
de um classe de repositório (repository), no qual os dados a serem inseridos em um suposto banco de dados são armazenados em um Map
interno do Fake, que pode inclusive prover métodos de busca por este dado "salvo" no repositório.
Posso fazer o mesmo também ao fazer um Fake
de uma classe usada para simular o comportamento de um WebService
:
class WebServiceFake implements WebService {
String consultarNomeCliente(String cpf) {
if (cpf.equals("123.123.123-11"))
return "Augusto Moraes Filho";
return "";
}
}
Como podem ver, é uma implementação funcional porém longe da real. Mas quando você precisa simular determinados comportamentos de sistemas externos, esta técnica vem a calhar.
Podemos também utilizar em testes de integração ou funcional mocks. No Spring esta possibilidade existe e é bem acessível por meio do @MockBean
, no qual você pode, em qualquer teste de integração/funcional, fazer um mock de qualquer classe injetável.
Qual deles ou em que sentido eles são melhores ou piores quando há mudanças no sistema, isto é, para dar manutenção nos testes?
Em geral, os mocks dão menos manutenção, principalmente por causa do contexto que eles são inseridos: testes locais, unitários e isolados dos demais testes.
Já os Fakes exigem implementação de código funcional. Se temos código implementado, temos manutenção. E o problema só pióra quando um Fake
precisa estar "alinhado" com os dados de outro Fake
.
Vamos a um exemplo. Digamos que quero fazer um teste de integração que utilize dados de dois sistemas externos diferentes. Um deles tem os dados de pessoa e o outro da conta corrente. Temos então a pessoa "Eduardo", de CPF "123.123.123-11" e com a conta corrente "9876-0". Assim, posso ter um Fake
para cada sistema. Até aqui, tudo bem.
Vamos ao problema agora. Se eu buscar pelo CPF do Eduardo no primeiro sistema, ele precisa vir. Assim como se eu fizer uma busca pelo CPF no segundo sistema, para ter sua conta corrente. Se, por acaso, um dos dois lados não trazer resultados ao buscar pelo CPF, meu teste falhará. Isto por si só fará com que eu precisa me preocupar que ambos Fakes tenham CPF com dados de pessoa e conta corrente e que ninguém, no futuro, "quebre" esta ligação entre ambos que existe no cenário real de uso.