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Em Java, posso passar métodos como parâmetros?

Exemplo:

public class Teste {
    public String metodoA(){
        //faz alguma coisa
    }

    public void metodoB(double numero){
        //faz alguma coisa
    }

    public void metodoC(Metodo metodo, double numero){
        metodo(numero);
    }

    public void metodoD(Metodo metodo){
        metodo();
    }

    public static void main(String[] args) {
        Teste teste = new Teste();
        teste.metodoC(metodoA, 10.2);
        teste.metodoD(metodoB);
    }
}

Outro exemplo:

public double getRuntime(int[] vetor, Metodo metodo){
    this.initialTime = System.nanoTime();
    metodo(vetor);
    double tempo = System.nanoTime() - initialTime;
    return tempo;
}

Chamando o método seria assim:

getRuntime(vetor[], BubbleSort.bubbleSort());

A execução seria assim(Variando o método a ser chamado que no caso foi bubbleSort()):

public double getRuntime(int[] vetor, Metodo metodo){
    this.initialTime = System.nanoTime();
    BubbleSort.bubbleSort(vetor);
    double tempo = System.nanoTime() - initialTime;
    return tempo;
}

Continua confuso e pelo que fiquei sabendo o java não permite passagem de métodos como parâmetros. Mas quais seriam as alternativas para se conseguir este objetivo?

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  • 2
    Passar o retorno do metodo como paramtro, sim, agora usar um metodo como se fosse um objeto, creio que não.
    – user28595
    24/01/2016 às 14:58
  • 1
    Tente explicar melhor o que pretende fazer. No método main() o que são metodoA e metodoB? São métodos do objecto teste?
    – ramaral
    24/01/2016 às 15:37
  • 1
    Sim, metodoA e metodoB são métodos do objeto teste. 24/01/2016 às 16:59

3 Respostas 3

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TL;DR

Existem várias formas de parametrizar métodos em Java:

  • A de mais baixo nível por reflexão;
  • A tradicional usando uma interface específica;
  • Diretamente na forma mais moderna introduzida no Java 8

Exemplos

Dada a classe abaixo:

class Sorting {
    public static void staticSort(String[] vetor) {
        Arrays.sort(vetor);
    }
    public void sort(String[] vetor) {
        Arrays.sort(vetor);
    }
}

E o seguinte vetor de String:

String[] vetor = { "Maria", "José" };

Reflexão

Podemos usar o tipo Method para receber a referência do método, assim:

public static long executar(Method metodo, String[] vetor) {
    long initialTime = System.nanoTime();
    try {
        metodo.invoke(null, new Object[] { vetor });
    } catch (IllegalAccessException e) {
        throw new RuntimeException(e);
    } catch (InvocationTargetException e) {
        throw new RuntimeException(e);
    }
    return System.nanoTime() - initialTime;
}

O método invoke da instância de um método permite chamar o método referenciado. O primeiro parâmetro é a instância do objeto, mas se o método for estático basta passar null e depois um array com os parâmetros, que no caso é um array de String.

Obtermos a referência ao método assim:

Method metodo = Sorting.class.getDeclaredMethod("staticSort", String[].class);

E a chamada ao método fica assim:

executar(metodo, vetor);

Os problemas da reflexão incluem:

  • Ela pode levar a erros em tempo de execução que não são pegos em tempo de compilação, pois os nomes dos métodos são recuperados usando simples Strings.
  • Desempenho. Usar reflexão é muito mais lento.
  • Código verboso e "feio", tendo que tratar várias exceções complicadas.

Usando interfaces

Uma forma indireta de passar um método é usar interfaces específicas para o determinado uso.

O exemplo mais comum disso são threads que implementam a interface Runnable. Aliás, esta interface pode e é usada em diferentes aplicações que precisam passar um método a ser executado que não recebe nem retorna valor.

De qualquer forma, você pode criar sua própria interface. Exemplo:

interface Sorter {
    void sort(String[] vetor);
}

E então pode criar quantas implementações quiser. Exemplo:

class BubbleSorter implements Sorter {
    @Override
    public void sort(String[] vetor) { ... } 
}

E o método consumidor será:

void executar(Sorter sorter, String[] vetor) { ... }

Então o método principal será algo assim:

Sorter bubbleSorter = new BubbleSorter();
executar(bubbleSorter, vetor);

A vantagem dessa abordagem é que ela é eficiente, torna o código fácil de entender e também estender com novos tipos de implementações.

A desvantagem é que exige a criação de novas interfaces para cada tipo de método que você quer parametrizar.

Esta é uma abordagem razoavelmente flexível, pois permite que qualquer objeto possa implementar essa interface, mas não tão flexível, pois você só pode ter um método sort por classe e tem que ter a mesma assinatura.

Referências de Métodos do Java 8

Não é só de lâmbdas que o Java 8 ganhou fama. Esta versão também introduziu referências a métodos.

Existem três formas principais de representar semanticamente as referências de métodos, usando as seguintes interfaces:

  • Consumer: um método consumidor que recebe um parâmetro e não retorna nada.
  • Supplier: um fornecedor que não recebe parâmetros e retorna um valor.
  • Function: uma função que recebe um parâmetro e retorna um valor.

Existem outros tipos de interfaces funcionais mais especializadas, mas estas são as mais genéricas.

Um método de execução genérico poderia então ser escrito assim:

public static long executar(Consumer<String[]> metodo, String[] vetor) {
    long initialTime = System.nanoTime();
    metodo.accept(vetor);
    return System.nanoTime() - initialTime;
}

Usamos a interface Consumer, já que nosso método apenas recebe um vetor de String e não retorna nada.

A chamada ao nosso método de execução usando o método de ordenação estático descrito mais acima ficaria assim:

executar(Sorting::staticSort, vetor);

Se quisermos fazer referência a um método de instância, basta usar o nome da instância antes do operador ::, assim:

Sorting instancia = new Sorting();
executar(instancia::sort, vetor);

Esta abordagem é mais flexível e superior semanticamente do que as edições anteriores.

Note que qualquer método que seja compatível com a interface usada como parâmetro pode ser passado como referência. Não precisa ser necessariamente as 3 interfaces que mencionei assim. Por exemplo, se você usar a interface Comparator como parâmetro, pode passar como referência qualquer método que recebe dois parâmetros do mesmo tipo. Você pode usar suas próprias interfaces também.

A limitação aqui fica na quantidade de parâmetros. Se você quiser passar vários valores, vai precisar ter uma interface com a quantidade certa de parâmetros com os mesmos tipos. No entanto, esta limitação é essencial para que o programa seja compilado com segurança, caso contrário vários erros iriam passar despercebidos até o momento de execução.

Considerações

Nos exemplos acima, usei um vetor de String como tipo. Isso pode parecer limitador. Entretanto, lembre-se de que você pode usar genéricos para criar interfaces funcionais que "obrigam" o código cliente a passar um método que seja uma função, consumidor ou fornecedor respeitando as regras de tipos impostas por você.

Finalmente, se quiser imprimir o vetor e conferir o resultado, pode usar isso:

System.out.println(Arrays.stream(vetor).collect(Collectors.joining(", ")));
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De uma maneira geral, de forma direta, não.

É possível criar uma classe, que pode ser até anônima, que contenha esse método e aí chamar o método desta classe segundo alguma convenção adotada. Também é possível uma classe implementar uma interface com do método que precisa ser passado e sua implementação ser realizada no momento da instanciação da classe.

Isto era muito adotado até o Java 7 e ainda é por alguns programadores que não gostam do estilo um pouco mais funcional que Java está seguindo agora.

Em Java 8 as lambdas foram introduzidas e é uma forma de passar um código como parâmetro, que é uma simplificação do processo, embora não seja exatamente o que deseja.

Não vou me arriscar por um exemplo porque nunca usei isto em Java. Tem uma resposta no SO que dá um bom exemplo. No link anterior também tem várias formas de atingir este objetivo.

Tem outras opções, como reflexão, mas acho que estas são melhores.

Coloquei no GitHub para referência futura.

3

Não será bem o que pretende mas julgo que será o mais perto que se possa conseguir(sem usar reflection).

Defina uma interface:

public interface Action<T>
{
    void execute(T valor);
}

Por cada método que queira executar em getRuntime() crie uma classe que implemente essa interface.
Por exemplo:

public class BubbleSortAction implements Action<int[]>{

    public void execute(int[] valor){
        BubbleSort.bubbleSort(valor);
    }
}

Declare o método getRuntime() desta forma:

public <T> double getRuntime(T valor, Action<T> metodo){
    this.initialTime = System.nanoTime();
    metodo.execute(valor);
    double tempo = System.nanoTime() - initialTime;
    return tempo;
}

Chame-o assim:

int[] vetor = {1,2,3,4};
BubbleSortAction bubbleSortAction = new BubbleSortAction();
getRuntime(vetor, bubbleSortAction);

Usando Reflection seria qualquer coisa assim(não testei)

public double getRunTime(Class<?> classe, String metodo, Object... parametros) 
        throws  NoSuchMethodException, InvocationTargetException, IllegalAccessException {
    Class<?>[] parametrosClasse = new Class[parametros.length];
    for(int i = 0; i < parametros.length; i++){
        parametrosClasse[i] = parametros[i].getClass();
    }
    Method m = classe.getClass().getMethod(metodo, parametrosClasse);
    long initialTime = System.nanoTime();
    Object ret = m.invoke(classe, parametros);
    double tempo = System.nanoTime() - initialTime;
    return tempo;
}

Para usar:

    int[] vetor = {1,2,3,4};
    try {
        getRunTime(BubbleSort.class, "bubbleSort", vetor);
    } catch (NoSuchMethodException e) {
        // TODO Auto-generated catch block
        e.printStackTrace();
    } catch (InvocationTargetException e) {
        // TODO Auto-generated catch block
        e.printStackTrace();
    } catch (IllegalAccessException e) {
        // TODO Auto-generated catch block
        e.printStackTrace();
    }

Notas:

  • Terá de ter cuidado em não se enganar na ordem e tipo de parâmetros passados.
  • Não se enganar no nome do método.
  • O tempo que demora a executar um método via reflection, à partida, é maior do que quando chamado normalmente.

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