TL;DR
Existem várias formas de parametrizar métodos em Java:
- A de mais baixo nível por reflexão;
- A tradicional usando uma interface específica;
- Diretamente na forma mais moderna introduzida no Java 8
Exemplos
Dada a classe abaixo:
class Sorting {
public static void staticSort(String[] vetor) {
Arrays.sort(vetor);
}
public void sort(String[] vetor) {
Arrays.sort(vetor);
}
}
E o seguinte vetor de String
:
String[] vetor = { "Maria", "José" };
Reflexão
Podemos usar o tipo Method
para receber a referência do método, assim:
public static long executar(Method metodo, String[] vetor) {
long initialTime = System.nanoTime();
try {
metodo.invoke(null, new Object[] { vetor });
} catch (IllegalAccessException e) {
throw new RuntimeException(e);
} catch (InvocationTargetException e) {
throw new RuntimeException(e);
}
return System.nanoTime() - initialTime;
}
O método invoke
da instância de um método permite chamar o método referenciado. O primeiro parâmetro é a instância do objeto, mas se o método for estático basta passar null
e depois um array com os parâmetros, que no caso é um array de String
.
Obtermos a referência ao método assim:
Method metodo = Sorting.class.getDeclaredMethod("staticSort", String[].class);
E a chamada ao método fica assim:
executar(metodo, vetor);
Os problemas da reflexão incluem:
- Ela pode levar a erros em tempo de execução que não são pegos em tempo de compilação, pois os nomes dos métodos são recuperados usando simples
String
s.
- Desempenho. Usar reflexão é muito mais lento.
- Código verboso e "feio", tendo que tratar várias exceções complicadas.
Usando interfaces
Uma forma indireta de passar um método é usar interfaces específicas para o determinado uso.
O exemplo mais comum disso são threads que implementam a interface Runnable
. Aliás, esta interface pode e é usada em diferentes aplicações que precisam passar um método a ser executado que não recebe nem retorna valor.
De qualquer forma, você pode criar sua própria interface. Exemplo:
interface Sorter {
void sort(String[] vetor);
}
E então pode criar quantas implementações quiser. Exemplo:
class BubbleSorter implements Sorter {
@Override
public void sort(String[] vetor) { ... }
}
E o método consumidor será:
void executar(Sorter sorter, String[] vetor) { ... }
Então o método principal será algo assim:
Sorter bubbleSorter = new BubbleSorter();
executar(bubbleSorter, vetor);
A vantagem dessa abordagem é que ela é eficiente, torna o código fácil de entender e também estender com novos tipos de implementações.
A desvantagem é que exige a criação de novas interfaces para cada tipo de método que você quer parametrizar.
Esta é uma abordagem razoavelmente flexível, pois permite que qualquer objeto possa implementar essa interface, mas não tão flexível, pois você só pode ter um método sort
por classe e tem que ter a mesma assinatura.
Referências de Métodos do Java 8
Não é só de lâmbdas que o Java 8 ganhou fama. Esta versão também introduziu referências a métodos.
Existem três formas principais de representar semanticamente as referências de métodos, usando as seguintes interfaces:
Consumer
: um método consumidor que recebe um parâmetro e não retorna nada.
Supplier
: um fornecedor que não recebe parâmetros e retorna um valor.
Function
: uma função que recebe um parâmetro e retorna um valor.
Existem outros tipos de interfaces funcionais mais especializadas, mas estas são as mais genéricas.
Um método de execução genérico poderia então ser escrito assim:
public static long executar(Consumer<String[]> metodo, String[] vetor) {
long initialTime = System.nanoTime();
metodo.accept(vetor);
return System.nanoTime() - initialTime;
}
Usamos a interface Consumer
, já que nosso método apenas recebe um vetor de String
e não retorna nada.
A chamada ao nosso método de execução usando o método de ordenação estático descrito mais acima ficaria assim:
executar(Sorting::staticSort, vetor);
Se quisermos fazer referência a um método de instância, basta usar o nome da instância antes do operador ::
, assim:
Sorting instancia = new Sorting();
executar(instancia::sort, vetor);
Esta abordagem é mais flexível e superior semanticamente do que as edições anteriores.
Note que qualquer método que seja compatível com a interface usada como parâmetro pode ser passado como referência. Não precisa ser necessariamente as 3 interfaces que mencionei assim. Por exemplo, se você usar a interface Comparator
como parâmetro, pode passar como referência qualquer método que recebe dois parâmetros do mesmo tipo. Você pode usar suas próprias interfaces também.
A limitação aqui fica na quantidade de parâmetros. Se você quiser passar vários valores, vai precisar ter uma interface com a quantidade certa de parâmetros com os mesmos tipos. No entanto, esta limitação é essencial para que o programa seja compilado com segurança, caso contrário vários erros iriam passar despercebidos até o momento de execução.
Considerações
Nos exemplos acima, usei um vetor de String
como tipo. Isso pode parecer limitador. Entretanto, lembre-se de que você pode usar genéricos para criar interfaces funcionais que "obrigam" o código cliente a passar um método que seja uma função, consumidor ou fornecedor respeitando as regras de tipos impostas por você.
Finalmente, se quiser imprimir o vetor e conferir o resultado, pode usar isso:
System.out.println(Arrays.stream(vetor).collect(Collectors.joining(", ")));
main()
o que sãometodoA
emetodoB
? São métodos do objectoteste
?