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Estava olhando a assinatura dos métodos da classe Optional e não entendi o que significa esse <T> na frente do retorno do método empty():

public static <T> Optional<T> empty()

Ele retorna um Optional<T>, certo!?
Mas por que usar um <T> na frente do retorno do método?

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2 Respostas 2

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Entendendo a sintaxe

Considerando a parte importante:

<T> Optional<T> empty()

T é uma variável de tipo. Isso funciona mais ou menos como uma variável em um template, onde você pode substituir T por um tipo qualquer, lembrando que tipo em Java é sinônimo de classe (não confundir com *tipos primitivos).

O primeiro <T> diz: este método vai usar um tipo genérico T em algum lugar. É como uma dica para o compilador (e para o programador desatento).

O tipo de retorno do método Optional<T> então diz que o tipo genérico de Optional deve ser do mesmo tipo genérico do método.

Confuso, né? Quando o Java vai saber o tipo T? Isso ocorre no momento em que você vai usar o método. Como o @Maniero já disse, quando você chama o método atribuindo o resultado a um certo tipo, o Java consegue inferir o tipo usado naquela chamada.

Por exemplo, se você está atribuindo o retorno do método a uma variável do tipo Optional<String>, então T = String e você pode ler o método como:

Optional<String> empty()

De fato, as IDEs mais avançadas como Eclipse e IntelliJ irão mostrar a assinatura com a substituição adequada de T durante o autocompletar sempre que for possível inferir tipo pelo contexto atual.

É bom lembrar que a inferência de tipos genéricos é uma garantia em tempo de compilação de que não haverá incompatibilidade entre tipos durante atribuições e acessos. Portanto, isso nada influencia durante a execução do programa.

Outro exemplo

Esta não é a única maneira do compilador subentender o tipo genérico. Um exemplo clássico é um método que retorna um mesmo tipo passado por parâmetro:

static <T> T instanciar(Class<T> classe) throws IllegalAccessException, InstantiationException {
    return classe.newInstance();
}

Da mesma forma que no primeiro exemplo, <T> diz que o método é genérico, o retorno será do tipo T e o método recebe uma classe do tipo Class<T>. Exemplo de uso:

Cliente c = instanciar(Cliente.class);
Produto p = instanciar(Produto.class);

Como o Java infere o tipo T aqui? O compilador olha o tipo de classe passado no parâmetro e assim garante que o valor retornado seja do mesmo tipo.

Diferente do caso da pergunta, onde o tipo é inferido pela variável que recebe o retorno do método, aqui o tipo é inferido por um dos parâmetros informados.

Por exemplo, Cliente.class é um atributo que retorna um objeto do tipo Class<Cliente>, portanto o retorno da primeira chamada será to tipo Cliente, onde T = Cliente.

Porque <T> é necessário antes do tipo do método

Há classes/interfaces genéricas e métodos genéricos. Se a classe/interface for genérico, os métodos dela podem usar o tipo genérico.

Exemplo:

interface Generico<T> {
    T empty();
}

Ou:

class Generico<T> {
    T empty() { ... }
}

Entretanto, se apenas o método é genérico, a declaração precisa vir antes do método. Isso vale para métodos estáticos e de instância.

Note que você pode misturar classes e métodos genéricos e usar diferentes nomes para as variáveis de tipos:

class Generico<T> {
    T empty() { ... }
    static <X> Optional<X> empty() { ... }
    <Y> Optional<Y> of(Y instance) { ... }
}

Entretanto, considere que existe uma convenção para nomes de variáveis de tipos.

Creio que a decisão de exigir a declaração do tipo genérico foi tomada por questões de legibilidade do código, além de evitar sintaxes obscuras para não confundir um tipo genérico T com um class T {}.

O tipo genérico é estritamente necessário?

Não. Os genéricos em Java são apenas uma questão de segurança para o programador.

Você bem pode fazer isso:

public static Optional empty() {
    return Optional.empty();
}

E voltamos à era do Java 1.4, onde não havia genéricos, mas em compensação casts e erros de ClassCastException apareciam em todo lugar.

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  • "Entretanto, se apenas o método é genérico, a declaração precisa vir antes do método, como no exemplo.", apenas métodos estáticos ou instâncias de classes também?
    – ptkato
    27/11/2015 às 1:36
  • @Patrick Se a variável genérica não pertence à classe ela deve ser declarada em todos os casos.
    – utluiz
    27/11/2015 às 1:39
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Este é um placeholder para o tipo que será usado. É como se fosse uma super variável. O "valor" dela é o tipo que foi escolhido do uso do método ou classe. Até aí provavelmente você sabe.

A questão é que um método estático não tem como saber que tipo foi selecionado para a classe. Afinal o método pertence à classe e não à instância e a classe não é instanciada. Então o método precisa ser chamado indicando qual é o tipo que deve ser usado nele. Este primeiro <T> é a sintaxe usada para receber este tipo.

Portanto você pode usar:

Optional<Integer> x = Optional.empty();

neste caso ele vai chamar o equivalente a:

public static <Integer> Optional<Integer> empty() ...

Alternativa de chamada dentro de uma expressão:

Optional.<Integer>empty();

Coloquei no GitHub para referência futura.

Se o método tivesse um parâmetro igual ao retorno ele poderia inferir por ele mas neste caso o único jeito é ser explícito.

Se me perguntar se dava para ter uma sintaxe sem isto eu acho que sim mas os criadores da linguagem quiseram diferenciar explicitamente o caso, ou sabem de algum problema que eu não sei.

Lembre-se sempre que os métodos da classe são completamente distintos dos métodos da instância e portanto o tipo de uma pode ser diferente do tipo da outra

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  • Eu não entendi o <T> antes. Ele poderia ser omitido? O retorno é um Optional<T>, se a assinatura fosse public static Optional<T> empty() seria a mesma coisa? 26/11/2015 às 22:48
  • Não seria. O Java não aceita esta sintaxe.
    – Maniero
    26/11/2015 às 22:51
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    Ainda que esse fosse um método de instância, uma construção dessa poderia ser útil caso ele operasse em outros tipos arbitrários que não um dos tipos genéricos da classe. A propósito, muito interessante essa forma de usar, não conhecia, +1.
    – mgibsonbr
    26/11/2015 às 23:26

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