Em C por que y = (y=2 , y+3)
retorna 5 se o +
tem prioridade em relação ao =
e a ,
?
2 Respostas
Você tem várias prioridades aí. A primeira coisa que será executada é
y = 2
Este statement se encerra aí por causa do operador de vírgula.
Depois o código executa
y + 3
Como antes o y
valia 2, agora ele vale 5. Como o resultado de uma lista de instruções é o resultado da última, o resultado de
(y = 2, y + 3)
é o resultado desta última, ou seja, 5. E este é o valor que será em guardado em y
no final, já que é o objetivo da expressão toda.
y = (y = 2, y + 3)
Provavelmente sua dúvida esteja no operador de separação de instruções. Ele torna expressões em instruções separadas. Este operador é quase esquecido mas está lá na tabela de precedência. Note que este operador tem a mais baixa precedência.
Talvez sua dúvida se deva ao fato que o operador de atribuição, o =
, tenha associatividade da direita para esquerda, portanto o que está à direita executa primeiro.
Em geral os parênteses não são necessários mas neste caso eles são usados para evitar ambiguidade e um comportamento indefinido.
Escrevendo de outra forma:
y = 2;
temp = y + 3;
y = temp;
No fundo, exagerando nos parênteses para ficar mais visível, pode ser visto como:
(y = ((y = 2), (y + 3)))
Coloquei no GitHub para referência futura.
Por que a última expressão é usada? Porque C definiu assim. Porque parecia ser a forma mais lógica de usar um resultado. Só um deles poderia ser usado, então você ficava entre o primeiro e o último (outros fariam bem pouco sentido até porque eles podem até não existir) e é mais provável que você precise do último resultado do que do primeiro que possivelmente ainda será manipulado nas instruções seguintes.
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Minha dúvida era que se o operador de separação tem a menor precedência ele não seria executado por último? Aí o y + 3 seria executado primeiro.– Igor22/03/2015 às 18:21
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3Primeiro em relação a que? Isto é importante. Quando falamos de precedência de operador é só em relação à operação realiza diretamente por ele, não pelas sub-expressões realizadas pelos seus operandos. Então o que antes da vírgula é executado primeiro, depois é executado o que está depois da vírgula porque ambos são sub-expressões que precisam ser completadas para servirem como resultado para a expressão maior que é onde a vírgula é usada. Daí este operador ignora tudo que está antes da última vírgula e considera como seu resultado o que foi obtido depois da vírgula, que no fim é atribuído a y– Maniero ♦22/03/2015 às 18:27
Só para chamar à atenção que o operador _ , _
é um dos poucos operadores em C
que garante uma ordem de execução dos seus argumentos.
Só é garantida ordem de cálculo nos seguintes operadores:
a && b
a || b
a ? b : c
a , b
Exemplo de algumas expressões com semântica indefinida
i = ((y=2) + y+3)
i = ++i + i++; // undefined behavior
i = i++ + 1; // undefined behavior
f(++i, ++i); // undefined behavior
f(i = -1, i = 2); // undefined behavior
f(i, i++); // undefined behavior
a[i] = i++; // undefined behavior
a = i + (i=2);
a = (i=2) + i;
cout << i << i++; // undefined behavior (C++)
UPDATE: Acerca de semântica indefinida
Semântica indefinida é uma das grandes causas de bugs de SW. Do ponto de vista do compilador corresponde a: este construtor não é permitido/válido, mas não vou verficar para não perder tempo. Se o programador o usar, não me responsabilizo, vale tudo!
Qual a saída do programa:
#include <stdio.h>
int main() {
int x=1;
printf("%d %d %d\n", x++,x++,x++);
return 0;
}
No meu gcc 5.2 deu 3 2 1
; experimentei noutra máquina e
deu 1 2 3
.
Estão ambas de acordo com a comportamento prescrito pelo C, são ambas válidas; se um compilador se lembrar de formatar o disco, tambem é uma implementação válida desta instrução.
Já agora, gcc -Wall
alerta para alguns destes casos.
Um exemplo ilustrativo bastante interessante e que descreve como essas coisas surgem foi postado nesta resposta do SOEn (não se trata de uma tradução livre, e sim de uma redescrição em Português):
Imagine duas implementações de um compilador em C: a versão da empresa FooCoorp (que eu vou chamar de
fcc
) e a versão da empresa BarCoorp (que eu vou chamar debcc
). Suponha que na compilação do códigoM(A(), B())
o compiladorfcc
interprete isso como "Primeiro executatempA = A()
, depois executatempB = B()
, e então executaM(tempA, tempB)
. E suponha que na compilação do mesmo código o compiladorbcc
interprete isso como "Primeiro executatempB = B()
, depois executatempA = A()
, e então executaM(tempA, tempB)
. O resultado final, nesse exemplo, vai ser o mesmo. Mas, independentemente de produzir o mesmo resultado ou não, a ordem de execução ai é arbitrária. Quem está certo? O comitê que definiu a especificação semântica da linguagem poderia indicar uma ordem específica para esse exemplo, mas e para todas as outras combinações semânticas possíveis e ainda não necessariamente pensadas? Pode ser que tal comitê decida por deixar essa questão em aberto (isto é, ambas as opções são válidas, dependendo das escolhas de quem implementar o compilador a respeito de opiniões pessoais ou questões de otimização). Acaba sendo esse o caso quando as empresas FooCoorp e BarCoorp pertencem ambas ao comitê de decisão. :)
Esse exemplo ilustrativo trata de C, mas o mesmo poderia valer para a semântica de qualquer linguagem.
\thanks{Luis Vieira} pelas sugestões e exemplo fcc / bcc
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Seria bom deixar claro para futuros leitores o que exatamente vc quer dizer com "semântica indefinida". :) 31/03/2016 às 14:28
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@LuizVieira, tens toda a razão, mas é realmente um conceito com alguma cmplexidade... Juntei algumas linhas: se tiveres paciência, está à vontade para completar / corrigir.– JJoao31/03/2016 às 16:28
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Ficou bem melhor, obrigado! Eu já havia votado +1, mas votaria de novo se pudesse. :) 31/03/2016 às 16:56
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1Caso não tenha ficado claro para alguém, a vírgula que separa argumentos de função não é o “operador vírgula”. A vírgula que separa declaração de variáveis também não. Acho que o uso mais comum do verdadeiro operador vírgula seria num
for(;; ++i, ++j){}
.– marcus1/04/2016 às 14:56