Existem situações em que uma das duas formas é "exigida" e em outras que, antecipando a resposta longa, é uma questão de gosto.
E só para deixar claro que estamos falando de variáveis locais, não de campos da estrutura que devem ter seus tipos explícitos sempre (assim como dos parâmetros). Há debate se isto deveria mudar ou não. Há dificuldades na implantação.
LINQ
Quando o LINQ está sendo usado é comum selecionar alguns campos de informação como é feito no SQL e o retorno da informação será encapsulada em uma estrutura que não foi definida em lugar algum, ela é criada ali na hora do select
. Qual é o tipo dela? Ninguém sabe. Mas como todo dado em C# precisa ter um tipo, podemos chamá-lo de tipo anônimo. E um tipo anônimo não pode ser declarado explicitamente, portanto a única alternativa é o uso do var
.
var dadosProduto = from p in produtos select new { p.Nome, p.Preco };
Nesse exemplo a variável dadosProduto
terá um tipo IEnumerable<AlgumTipoGeradoNaHora>
. Esse tipo terá apenas dois campos com nomes (internos) que só o compilador conhece.
Ao contrário do que alguns imaginam, o var
não é tão obrigatório assim, portanto para os puristas, a escolha deveria ser nunca usá-lo. É possível explicitamente criar antes o tipo necessário para acomodar o resultado do select
e usar este tipo na consulta. Fica bem longo e ninguém quer fazer isso.
Mas o var
é isso, apenas uma comodidade, não uma obrigação.
Polimorfismo
Há um caso em que usar o tipo explicitamente é obrigatório, pelo menos para passar a intenção correta. Se você deseja criar um objeto concreto de um tipo especializado, mas quer que a variável que o contém seja de um tipo mais geral, fica óbvio que declarar o tipo explicitamente se torna necessário:
Control botao = new Button();
Nesse caso a variável botao
será do tipo Control
mas guardará um objeto do tipo Button
que obviamente é derivada de Control
.
Ainda dá para evitar se usar um cast, mas é uma solução pior e nada recomendada.
Ambiguidade
Você também não pode usar o var
quando não inicializa a variável.
var produtos; //não funciona
Como saber de que tipo é a variável? Não há qualquer informação que indique isso, nem o programador, nem o compilador sabem. Sem saber o tipo exato só é possível declarar uma variável com outra palavra-chave que permita que a verificação seja feita em runtime (mas aí é outro assunto e uma forma não equivalente ao que foi perguntado):
dynamic variavel;
Até seria possível o compilador inferir o tipo pelo seu uso posterior, mas não quiseram complicar o compilador para algo que pode ser discutível. Linguagens funcionais costumam procurar por todo código para descobrir o tipo. Ótimo. Mas se o coitado do programador quiser saber o tipo, terá que fazer o mesmo (claro que IDEs ajudam um pouco). Então parece ser mais sensato ter que deixar explícito no local da declaração se não pode ser determinado ali mesmo.
Gosto
Fora esses casos há controvérsias quando usar a declaração implícita ou explícita, mesmo entre membros da equipe do C# há divergências.
Alguns dizem que o var
só deveria ser usado nos casos onde não existe outro jeito ou onde ficaria muito grande fazer um código que o dispensasse, ou seja, só no exemplo citado acima.
Obviedade
Outros, talvez a maioria, já acham que o var
deve ser usado em qualquer situação onde o tipo é óbvio e visivelmente identificável. Talvez seja mesmo a forma mais sensata (é a minha :P). Exemplos:
var x = 1;
var texto = "exemplo";
var botao = new Button();
var lista = new List<cliente>{ cli1, cli2 };
var dic = new Dictionary<string, Tuple<Produto, Fornecedor>>();
Em todos esses casos o tipo está bem explícito logo ao lado do nome da variável. Não tem necessidade de duplicar esse texto do outro lado. Tá maluco de escrever algo assim, né?
Dictionary<string, Tuple<Produto, Fornecedor>> dic = new Dictionary<string, Tuple<Produto, Fornecedor>>();
Viu? Não dá nem para ler parte do código que talvez seja mais relevante. E quando você tem quebrar linha demais indica algo errado no código.
Polêmica
O caso mais polêmico, e que tem apoiadores, é deixar explícito quando o tipo não é óbvio.
var valor = CalculaParcelas(total);
De que tipo é valor
? int
? float
? double
? Estranho usar esses tipos, mas poderia ser. Decimal
parece mais lógico mas poderia ser bool
, o método poderia jogar o valor em outro lugar e só dizer se deu tudo certo, outra coisa estranha, mas poderia ser. Poderia ser uma struct
ou class
qualquer definida pelo programa. Explicitamente fica mais claro com o que você terá que lidar:
List<Decimal> valor = CalculaParcelas(total);
Faz sentido que você tenha parcelas com valores diferentes por algum critério e que cada valor individual precise ser conhecido, mas não tinha como saber olhando o código.
O Visual Studio pode dar uma dica. E convenhamos que C# não foi feito para se programar sem um IDE (ainda que seja perfeitamente factível sem nenhuma perda exceto um pouco de produtividade, que fará relativamente pouca diferença). Mesmo assim é justo achar que deveria ser visível sem ter que apertar nada ou movimentar o mouse.
Mas de qualquer forma se o uso da variável está longe da declaração, você preferirá usar esse recurso do VS em vez de procurar o que está explícito no código.
Com a ferramenta certa (Resharper que claramente incentiva o uso do var
) seria possível usar o var
inicialmente para facilitar e com um ou dois cliques ou teclas mudar para o tipo explícito pego da assinatura do método. Isso vai apenas economizar a digitação que não é o melhor motivo do uso do var
. Já a poluição visual com informação redundante é um bom motivo.
O var
pode ser a melhor solução de expressividade
É bem verdade também que em muitos casos o tipo da variável pouco importa. E em alguns casos não saber o tipo pode ser útil. Lembra quando falaram para não usar notação húngara? Eu sei que não é a mesma coisa mas o princípio é o mesmo. Não vincule o tipo à variável explicitando no código. Claro que isso pode trazer bugs sutis em alguns casos.
Não é o nome da variável ou método que deve representar sua função no código? Então porque o tipo é tão importante? Sem o tipo escrito no código fica mais fácil dar manutenção em diversas situações.
Então façamos assim:
var parcelas = ObterListaParcelas(total);
Fica bem mais claro, e sem ser explícito quanto ao tipo, não? Além do nome da variável mostrar que serão parcelas o método diz claramente que vem uma lista de parcelas. Claro que ainda não é certo que é uma List
, tão pouco de Decimal
. Mas se a equipe é organizada e seguem padrões até dá para inferir isso com alguma certeza. Não é perfeito mas é quase óbvio.
Evidentemente que a solução final não seria obrigar todos métodos carregarem seu tipo usando notação húngara, assim:
var parcelas = PegaParcelasListDecimal(total); //muito feio e possivelmente problemático
Mais polêmica
Mas usando nomes mais representativos nos deixa em um caso ainda mais polêmico:
var listaClientes = PegaListaClientes();
É semelhante ao que citei na seção anterior. Fica fácil imaginar que o tipo de lista
será List<Cliente>
, principalmente se é um software desenvolvido com padrões rígidos de nomenclatura e estilo do que usar. E também dá para identificar fácil qual é o tipo sem auxílio de ferramentas. Claro que o método poderia ter sido desenvolvido por alguém sem noção e retornar um tipo diferente do que o nome indica, ou quem sabe até ter uma razão para isto, mas não é o normal.
Mas sim, precisa imaginar, não é garantido. O temor da dificuldade de identificação faz algum sentido para programadores de linguagens estáticas. Já quem programa em linguagens dinâmicas acha muito normal não ter o tipo e os bons programadores não estão fazendo softwares piores e com menos produtividade por causa disso.
Escolhendo um critério
É claro que fica mais difícil determinar quando usar ou não nesses casos, a avaliação cairá na subjetividade. Um critério de usar o var
quando o tipo já está concretamente explícito na declaração é mais objetivo e mais fácil de seguir. Outro critério objetivo é nunca ser explícito, embora radical, possui adeptos.
Quanto mais eu uso o var
e não tenho dificuldades, mais dá vontade de chegar próximo disto. Por isto a milhagem de cada um pode variar em casos assim. Evidentemente que se você for expor o código para um público externo alguns se irritarão por não ter um tipo declarado explicitamente. Um número provavelmente menor se irritará por ter os tipos poluindo o código. Não dá para agradar a todos. Mas esse é um outro critério para se levar em conta além do gosto.
Conclusão
Não existem recomendações oficiais. Após tentarem, perceberam que seria um erro fazer essa determinação. O conselho é geral: sempre que for possível escolher qual forma usar, use o que a equipe determinar. Mantenha o padrão mesmo que a equipe seja só você.
Cada vez mais eu vejo que o uso var
se torna mais prevalente nos código C#. Pelo menos nos casos óbvios. Parece que as pessoas estão aprendendo que é vantajoso e não é acompanhado de problemas.
Curiosamente as pessoas usam valores sem conhecer o tipo o tempo todo. Toda vez que ela usa um método ou até mesmo um operador em uma expressão, muitas vezes ela não sabe ao certo qual será o tipo do resultado daquela sub-expressão. Ela não faz um cast explícito para o mesmo tipo que dará o resultado, só para deixar explícito. Por que a declaração implícita deveria causar mais problemas que isto?
Ninguém se preocupa com o tipo que retorna aqui, simplesmente funciona:
ImprimeListaQualquer(PegaListaClientes());
Coloquei no GitHub para referência futura.
Documentação
Declarar o tipo explicitamente só deveria ser usado quando o programador quer que aquele tipo seja sempre usado. Que uma mudança na inicialização por uma mudança no método que resulta no valor inicial não altere o tipo. Escrever código é documentar algo. Colocando o tipo explicitamente está dizendo que precisa ser daquele tipo, aconteça o que acontecer. Como você documenta que o tipo não é importante? Não colocando-o implicitamente.
Quando vejo código de um programador, um dos muitos critérios para avaliá-lo é o uso de var
. Quase sempre quem não usa pelo menos nos casos óbvios, ou a pessoa desconhece o recurso ou tem apego à regras inúteis, o que diz muito sobre sua qualificação. Claro que não pode ser o único critério e deve-se levar em conta o contexto, por exemplo se não é código legado, afinal o var
existe "só" desde 2007, ou se ele faz por "imposição" da equipe.
Referências (opiniões):
Extra
C# 9 tem uma nova feature que pode fazer o var
ser bem menos usado.