Quanto à primeira dúvida, o padrão da arquitetura Java EE é que a aplicação declare no web.xml
de quais DataSources ela depende e a configuração seja realizada no servidor de aplicação no momento do deploy pelo cliente ou responsável.
Para os casos onde o cliente pode querer duas instâncias da aplicação apontando para diferentes DataSources, cabe a ele configurar corretamente o servidor.
Infelizmente, cada servidor de aplicação tem sua configuração própria. Por exemplo, no Tomcat cria-se um arquivo context.xml
para cada aplicação com os respectivos DataSources. Já no Websphere e Weblogic é possível vincular as dependências de recursos aos DataSources através do painel administrativo.
Por outro lado, é bem possível ignorar os DataSources do container e deixá-los a carga da aplicação. Uma forma bem simples é carregar o persistence.xml
a partir de um diretório ao instanciar manualmente o EntityManagerFactory
. A configuração desse diretório poderia ser feita por variável de ambiente, então o cliente ainda teria a flexibilidade de apontar para qualquer diretório. Sendo possível definir variáveis específicas para cada JVM ou para cada aplicação (em alguns servidores, pelo menos), ainda seria possível ter diferentes arquivos de configuração para cada instância da aplicação.
Dados como usuário e senha são sempre responsabilidade do cliente, sua aplicação nunca deve carregar esses dados dentro do pacote.
Quanto a sua segunda dúvida, configurações dependentes de ambiente devem ser armazenadas em algum local do ambiente.
A grande maioria das aplicações corporativas armazena as configurações ou "parâmetros" de sistema em banco de dados. Isso facilita o gerenciamento por parte do cliente, afinal somente é necessário conhecer um pouco de SQL para fazer a manutenção quando necessário.
Outra forma comum é armazenar as configurações em arquivos XML, Json ou properties (este último mais comum por ser um padrão da plataforma Java). Não recomendo apontar diretamente para um diretório, mas usar a mesma técnica descrita logo acima, isto é, utilizar uma variável de ambiente. A variável de ambiente pode ser definida em vários níveis: sistema operacional, usuário do SO, JVM, Servidor de Aplicação ou para uma única aplicação.
Em todo caso, um item muito importante é ter um roteiro para instalação inicial e atualização do sistema.
Também é importante fazer uma espécie de homologação da aplicação nos diversos servidores de aplicação. Infelizmente há diferenças enormes entre eles e nem sempre a compatibilidade é tão fácil de ser atingida. Alguns servidores JEE vêm com um caminhão de bibliotecas que podem conflitar com o que tem sua aplicação, cada um tem uma forma de resolver esses conflitos.
Atualização
Configurações específicas no Tomcat
No Tomcat, o context.xml
é o arquivo de configuração ideal para apontar para Data Sources, principalmente no que se refere a bancos de dados. Basta usar a tag <Resource>
, conforme a documentação.
Você também pode usar o arquivo context para definir parâmetros de contexto ou variáveis de ambiente específicas da aplicação. Veja a documentação.
Configurações específicas no JBoss
No JBoss você pode configurar os Data Sources no arquivo standalone.xml
, que fica num subdiretório do servidor.
Existem outros arquivos para configurações específicos da aplicação, veja a documentação aqui.
Esses arquivos de configuração ficam dentro do WAR e, assim como o arquivo context.xml
do Tomcat, são chamados de deployment descriptors, pois são arquivos que configuram o deploy da aplicação num servidor específico. Cada servidor deve ter o seu, com mais ou menos flexibilidade.
Como carregar um arquivo específico por aplicação
Você também pode carregar um arquivo de configuração externo diferente para cada aplicação ou instância da aplicação da seguinte forma:
- Defina uma variável de ambiente apontando para um diretório de configuração, por exemplo:
/path/to/conf
.
- Crie um
ServletContextListener
para carregar a configuração durante o startup do sistema.
- Leia a configuração usando o diretório configurado, mais o context path como nome da arquivo.
Dessa forma se houver duas instâncias da mesma aplicação em diferentes contextos, por exemplo /myappinstance1
e /myappinstance2
, cada uma acessará sua própria configuração, respectivamente:
/path/to/conf/myappinstance1.properties
/path/to/conf/myappinstance2.properties