Gostaria de saber, um exemplo, onde iria aplicar essa função em um cenário real?
Jobs
Eu uso bastante para criar Jobs, particularmente uma implementação do Laravel.
Funciona basicamente assim: Você serializa uma instância de uma classe que vai executar uma ação específica e salva ela no banco de dados. Aí você desserializa essa classe e chama um método específico dessa classe através da linha de comando.
Sessão
Além disso, o PHP nativamente usa o serialize para poder salvar os dados armazenados na variável $_SESSION
, e unserialize
quando você vai recuperar esses dados.
Veja o que o pequeno código abaixo faz:
session_save_path('tmp_sessions');
session_start();
$_SESSION['nome'] = 'Wallace';
Acima eu defini que as sessões serão salvas dentro da pasta tmp_sessions
. Após executar o script, aparece um arquivo dentro da pasta tmp_sessions/sess_st3e3ksr5vjsj8h5rrm57u11l4
, com o seguinte conteúdo:
nome|s:7:"Wallace";
Qual a vantagem de utilizar o serialize em relação a uma variável qualquer?
Acho que parte dessa pergunta foi respondida acima, mas é natural usar serialize em casos onde você precisa recuperar esses dados mais tarde, de maneira que o PHP conseguia recuperá-lo com o mesmo estado que ele foi criado.
Observações importantes
A serialização visa o armazenamento de dados em formatos que são interpretados pelo PHP para uma recuperação futura. Você deve ter em mente que há algumas restrições quanto a serialização de dados.
Uma delas é Closure
e também Classes Anônimas. Obviamente esses dados não podem ser serializados nativamente por representarem uma estrutura temporária, o que dificultaria bastante a reconstrução desses objetos.
Nos casos onde você precisa implementar serialização em uma instância específica de um objeto, talvez seja necessário definir como o PHP vai se comportar quando mantar serializar este objeto, no caso, ou criando o método __wakeup
e __sleep
ou implementando a interface nativa Serializable
, que tem os métodos serialize
e unserialize
. Esses métodos tem como objetivo "apontar" para o PHP o que será ou não serializado daquele objeto.
Vejamos o exemplo do JOB que citei anteriormente.
No caso abaixo, considere que estou querendo criar um "trabalhador" que vai enviar os e-mails para mim pela linha de comando, para eu não ter que fazer isso pelo http.
No HTTP:
interface Trabalho
{
public function trabalhar();
}
class EmailNotificacao implements Trabalho, Serializable
{
public function __construct($id)
{
$this->id = $id;
}
public function trabalhar()
{
$usuario = Usuario::find($this->id);
Email::texto('Enviando email para o usuário', $usuario->email);
}
public function serialize()
{
return serialize(['id' => $this->id]);
}
public function unserialize($data)
{
$properties = unserialize($data);
$this->id = $properties['id'];
}
}
$id = 1;
BancoDeDados::inserir('trabalhos', serialize(new EmailNotificacao($id)));
No caso acima, isso me permite inserir a instância de uma classe serializada no banco, porque a serialização sempre retorna uma string
, o que pode ser facilmente incluído numa coluna do tipo TEXT
.
Agora, um script que está no seu cronjob rodando e têm acesso as mesmas definições de classe da sua aplicação http poderá recuperar os dados através da desserialização.
Veja:
// no script do cronjob
$trabalho = BancoDeDados::obterPrimeiro('trabalhos');
$trabalho_instancia = unserialize($trabalho['dado_serializado']);
if ($trabalho_instancia instanceof Trabalho)
{
$trabalho_instancia->trabalhar();
BancoDeDados::deletar($trabalho_instancia->id);
}
Veja um pequeno exemplo da costumização do comportamento de serializable
no Ideone
Por que então usar dois passos a mais (serialize/unserialize) para algo que pode ser "tratado" direto?
É porque você está pensando na aplicação numa única execução. Nesses casos, realmente não tem sentido serializar os dados - a não ser que seja algo bem específico.
Como eu disse, o objetivo da serialização é criar uma string contendo uma representação de uma estrutura de dados do PHP.
Isso pode ser muito útil para você salvar um objeto em um local específico para recuperá-lo posteriormente, como é feito no caso da sessão.
Se não fosse a serialização, como você poderia salvar arrays
, strings
ou até mesmo instâncias de determinados objetos na sessão da sua aplicação?
Repare que no caso das sessões você além de obter o valor armazenado anteriormente, você obtém ele no mesmo tipo. Se você salvar um int
, você sempre terá o mesmo int
na nova chamada da página.
Para você entender melhor, a sessão funciona basicamente assim:
Crie o script serialize.php
e em seguida crie um arquivo session.txt
na mesma pasta, vazio.
Agora adicione isso ao seu script:
$file = 'session.txt';
// desserializa o conteúdo do arquivo
$_session = unserialize(file_get_contents($file));
// Se for false, é que o arquivo está vazio
if ($_session === false) {
// então definimos que queremos que a variável seja um array
$_session = [];
}
// mostra os dados da sessão
var_dump($_session);
$_session['nome'] = 'wallace';
if (! isset($_session['quantidade_execucao']))
{
$_session['quantidade_execucao'] = 0;
}
// adiciona uma contagem para cada vez que o script é executado
$_session['quantidade_execucao']++;
// salvas os dados serializados no arquivo
file_put_contents($file, serialize($_session));
Basicamente, é assim que a sessão funciona, e não seria manter os estados das variáveis, como no exemplo acima, se não houvesse a serialização.
Mas por que não usar JSON, que é tão popular?
O JSON
tem como objetivo a comunicação entre linguagens ou aplicações diferentes. Já o serialize
do PHP serve unica e exclusivamente para o PHP.
Além do mais, o json_encode
do PHP, quando se trata de objetos, é uma via de mão única, pois o mesmo apenas é capaz de determinar como será que os dados de um objeto (em se tratando de uma classe específica) será serializado para JSON, porém não existe a opção de se fazer o contrário.
Ou seja, o json_decode
nunca poderia reconstruir um objeto do tipo ArrayObject
, por exemplo. Porém o serialize é capaz de lidar com isso perfeitamente.
**Observação: se você tentar desserializar um serial que contenha uma classe inexistente no esopo, o PHP retornará um erro, dizendo que não pode desserializar __php_incomplete_class.
Sempre é necessário, ao trabalhar com serialização de classes, que ela esteja incluída tanto onde se serializa quanto onde se desserializada.
serialize não faz a mágica de salvar o código fonte da sua classe nele, ele apenas armazena as informações necessárias para reconstruir uma instância. Para isso, é necessário que a classe exista!
Veja essa pergunta que fiz sobre o assunto:
resources
). Que podem ser conexão com o banco de dados, stream, etc.. Esses recursos não podem ser persistidos e nem fechados/abertos automaticamente. O fato desses dois passos a mais, pode ser para fechar um recurso (duranteserialize
) e recriar o recurso (duranteunserialize
).