Desfazendo uma confusão
em um projeto o [padrão Singleton] era utilizado para instanciar classes que faziam o carregamento de dados na memoria quando o programa era iniciado.
Na verdade, o Singleton não serve para iniciar dados no início do programa, mas sim para garantir uma instância única (dentro de um contexto) de um certo objeto.
Aí, não importa se o objeto é instanciado no início do programa (eager) ou na primeira chamado ao método (lazy).
Duas implementações
public class Singleton {
private static Singleton eagerInstance = new Singleton();
public static Singleton getEagerInstance() {
return eagerInstance;
}
private static Singleton lazyInstance;
public static Singleton getLazyInstance() {
if (lazyInstance == null) {
synchronized (Singleton.class) {
if (lazyInstance == null) {
lazyInstance = new Singleton();
}
}
}
return lazyInstance;
}
}
Instanciar o objeto no início do programa (ou no carregamento da classe) é mais simples, porque não precisamos nos preocupar com sincronização. Porém, os recursos usados são alocados mesmo que não venham a ser usados.
Deixa para instanciar o objeto sob demanda economiza recursos em alguns casos, mas pode causar um certo atraso na resposta ao primeiro cliente que use o recurso e exige cuidados extras com a concorrência. Sim, os dois if
s são necessários para garantir 100% que não há chance de carregar o objeto duas vezes numa chamada concorrente.
To Singleton or not to Singleton?
Agora, pense no exemplo eager e no seguinte comentário:
porque não chamar um método estático onde carregue todos esses dados na memoria?
Carregar os dados em memória através de um método estático é praticamente o que fiz no exemplo acima. Então, no fim das contas, sua implementação ainda é um Singleton.
Por outro lado, se você acessa as instâncias diretamente por um atributo, por exemplo Singleton.instance
, então realmente não se trata do padrão Singleton.
E isso traz várias desvantagens, que vão além das desvantagens do próprio padrão Singleton, como a quebra de encapsulamento e o alto acoplamento entre implementações.
Considerações
Em última análise, todo padrão de projeto é dispensável.
Quem leu o GoF com atenção já deve ter percebido que o efeito colateral mais citado nos padrões é o aumento da complexidade e do número de classes.
A verdade é que existem formas muito mais diretas de resolver os problemas. A grande diferença entre não usar padrões e usá-los (adequadamente) pode ser observada a longo prazo.
Resolver um problema de forma mais simples e direta pode causar um problema ainda maior do ponto de vista de manutenção. Por exemplo, usar um atributo estático como mencionei acima pode causar sérios problemas se a forma como o sistema funciona mudar. Imagine se amanhã ele não for mais um Singleton, mas precisar ser um ThreadLocal
(Singleton por thread). Podem também emergir erros graves após testes de carga, desempenho e concorrência que exijam sincronização do objeto recuperado.
Por fim, vamos considerar a última afirmação:
Não consigo pensar em nenhum exemplo onde não seja possível substituir qualquer implementação Singleton por um simples uso de membros estáticos.
Em geral, isso ocorre porque não há diferença. O padrão Singleton é apenas uma formalização de como acessar devidamente um atributo estático.