A classe totalcross.json.JSONFactory
interpreta setters de dados rasos e objetos profundos com construtor padrão.
O que seria um dado rasos? São dados que não possuem dados internamente.
E objeto profundo? Objeto que possuo atributos internamente.
Quais são os dados rasos reconhecidos?
Os primitivos e seus wrappers são reconhecidos. Além deles, objetos do tipo String
também são considerados rasos. Segue a lista dos tipos:
int
boolean
long
double
java.lang.Integer
java.lang.Boolean
java.lang.Long
java.lang.Double
java.lang.String
Lidando com objetos profundos
Para o TotalCross conseguir usar adequadamente um objeto profundo, ele precisa ter setters
, que nem o objeto sendo produzido. O JSONFactory
vai interpretar que objetos profundos são mapeados como objetos JSON também. Por exemplo, poderíamos ter a seguinte estrutura:
class Pessoa {
private String nome;
// getter/setter
}
class Carro {
private String placa;
private String modelo;
private Pessoa motorista;
//getters/setters
}
O TotalCross iria conseguir interpretar o seguinte JSON enviado como sendo da classe Carro
:
{
'placa' : 'ABC1234',
'model' : 'fusca',
'motorista': {
'nome' : 'Jefferson'
}
}
O seguinte JSON iria falhar, pois o TotalCross não entende que o objeto Pessoa
só tem um único atributo string:
{
'placa' : 'ABC1234',
'model' : 'fusca',
'motorista': 'Jefferson'
}
Isso lançaria uma exceção com a seguinte mensagem:
JSONObject[motorista] is not a JSONObject.
Como a classe totalcross.util.Date
não se encaixa no entendimento de objeto profundo (não possui setters com os nomes dos atributos), não é possível utilizá-la no JSONFactory
. Mas há alternativas!
Contornando a situação
Existem algumas alternativas para contornar esses problemas. As que eu consigo imaginar facilmente agora são:
- DTO
- setter artificial
- compilador de JSON próprio
DTO
A estratégia seria construir um DTO equivalente do objeto e, também, um método que transformaria o DTO no seu objeto de negócio:
// classe do DTO apenas com dados rasos
class DescargaDTO {
private Integer seqDescarga;
private Integer cdEmpresa;
private Integer cdFilial;
private String placa;
private String siglaUfPlaca;
private String dtEntrada;
private String hrEntrada;
// getters/setters
}
// método que transforma o DTO no objeto desejado
public static Descarga dto2Descarga(DescargaDTO dto) {
if (dto == null) {
return null;
}
Descarga descarga = new Descarga();
descarga.setSeqDescarga(dto.getSeqDescarga());
descarga.setPlaca(dto.getPlaca());
// ... demais campos rasos ...
try {
descarga.setDtEntrada(new Date(dto.getDtEntrega(), totalcross.sys.Settings.DATE_YMD));
} catch (InvalidDateException e) {
// tratar formato de data inválida do jeito desejado; pode até ser lançando a exceção para o chamador deste método tratar
}
return descarga;
}
Esse esquema de DTO eu considero o menos invasivo, em que não exige mudança na sua classe de negócio.
Setter artificial
Esta estratégia exige alteração na classe de negócio, portanto é mais invasivo do que o anterior. A intenção aqui seria ter um setCampoJson(String campoJson)
para um campo campoJson
. Podemos implementar isso de duas maneiras:
- mudar o nome do campo de JSON de
dtEntrada
para outro nome, como dtEntradaStr
, e adicionar o método setDtEntradaStr(String dtEntradaStr)
;
- mudar o setter
setDtEntrada(Date dtEntrada)
para receber como parâmetro uma String setDtEntrada(String dtEntradaStr)
.
A primeira alternativa exige uma mudança na serialização do objeto, onde ele não mandaria mais o campo como dtEntrada
, mas como dtEntradaStr
.
Particularmente, eu acho a segunda alternativa (mudar o setter para receber outro parâmetro) ainda mais invasivo.
Para a estratégia de adicionar um novo setter de String, a classe Descarga
ficaria assim:
class Descarga {
private Integer seqDescarga;
private Integer cdEmpresa;
private Integer cdFilial;
private String placa;
private String siglaUfPlaca;
private Date dtEntrada;
private String hrEntrada;
// getters/setters reais
public void setDtEntradaStr(String dtEntradaStr) {
setDtEntrada(new Date(dtEntradaStr, totalcross.sys.Settings.DATE_YMD)); // TODO tratar a exceção possivelmente lançada pelo construtor, seja com try-catch ou lançando a exceção para o chamador
}
}
Na opção de mudar o parâmetro do setter setDtEntrada
para String:
class Descarga {
private Integer seqDescarga;
private Integer cdEmpresa;
private Integer cdFilial;
private String placa;
private String siglaUfPlaca;
private Date dtEntrada;
private String hrEntrada;
// getters/setters para todos os atributos EXCETO dtEntrada
public void setDtEntrada(String dtEntradaStr) {
dtEntrada = new Date(dtEntradaStr, totalcross.sys.Settings.DATE_YMD); // TODO tratar a exceção possivelmente lançada pelo construtor, seja com try-catch ou lançando a exceção para o chamador
}
public Date getDtEntrada() {
return dtEntrada;
}
}
Compilador de JSON próprio
Essa alternativa envolve mais esforço. Bem mais esforço, na verdade. A vantagem desse daqui é que você pode usar uma estratégia diferente da DOM. O pacote totalcross.json
usar a estratégia DOM para interpretar os JSONs.
A estratégia DOM é montar toda a árvore de informação para, depois, passar para alguém interpretar. A class JSONFactory
trabalha assim.
Uma estratégia alternativa ao DOM é a alternativa SAX. A alternativa SAX permite interpretar o conjunto de dados como uma stream, não precisando montar o objeto inteiro.
Um framework para tratar JSON numa estratégia SAX é o JSON-Simple. Fizemos um port significativa do JSON-Simple para dentro do TotalCross, as classes continuam inclusive com os mesmos pacotes =)
Para compilar de modo SAX, implemente a interface ContentHandler
e chamá-la no método JSONParser.parse(Reader in, ContentHandler contentHandler)
.
Para transformar a HttpStream
em um Reader
, faça assim:
public void exemploParseJson(HttpStream stream) java.io.IOException, org.json.simple.parser.ParseException {
JSONParser parser = new JSONParser();
parser.parse(new InputStreamReader(stream.asInputStream(), getMyContentHandler());
}
Temos um exemplo de ContentHandler
aqui.
Update
Detecção do caracter de erro
Hipoteticamente, talvez esteja lendo mais bytes do que apenas o JSON. Para depuração, podemos fazer o seguinte teste:
static class JsonTokenerTest extends JSONTokener {
public JsonTokenerTest(String s) {
super(s);
}
@Override
public JSONException syntaxError(String message) {
this.back();
return new JSONException(message + " around this char: '" + this.next() + "' " + this.toString());
}
}
HttpStream httpStream = new HttpStream(new URI(VarGlobais.url + "/descarga/listDescarga"), options);
if (httpStream.isOk()) {
byte[] BUFF = new byte[2048];
int read = httpStream.readBytes(BUFF, 0, BUFF.length);
String firstBytes = new String(BUFF, 0, read);
JSONObject teste = new JSONObject(new JsonTokenerTest(firstBytes));
[...]
}