Observação importante:
Nesta resposta eu uso livremente a terminologia alocação "estática"
e "dinâmica" para me referir, respectivamente, à alocação de dados no
stack e no heap. Eu chamo a alocação do stack de "estática"
porque ela é meio que imutável (é feita no início do programa), e a
alocação no heap de "dinâmica" porque o controle está mais diretamente
na mão do programador.
O colega @Maniero, por exemplo, comentou muito bem o seguinte a
esse respeito:
"Eu uso uma terminologia diferente, pra mim alocação estática é aquela
feita previamente e vale por toda a execução da aplicação, portanto
não precisa alocar. A alocação no stack, apensar do nome induzir a ser
algo estático por similaridade, não é uma alocação estática, ela é
automática. A alocação de todo o stack é estático, mas não os seus
objetos. Eu acho que a terminologia usada está errada e dá um
entendimento errado, pelo menos para quem entende do assunto. Pra quem
não entende vai até entender, mas o errado. Por isso a confusão."
E o colega @José X. também comentou muito bem a esse respeito:
"Esse assunto vai longe...dêem uma olhada aqui e aqui (o
texto do SO aponta para o link da Wikipedia). Só queria dar mais um
exemplo: uma membro não-static e não-ponteiro de uma classe que é
instanciada no heap...apesar de não ser um ponteiro, esse membro na
verdade é alocado no heap, não no stack."
Realmente, talvez o termo "alocação automática" seja mais apropriado
para não haver confusão. Fiz essa observação porque achei que ela era
importante, ainda que o foco da resposta não era esse necessariamente.
Os objetos alocados estaticamente (isto é, no stack) existem no escopo em que foram criados. Quando esse escopo termina, eles são automaticamente removidos pelo compilador. Assim, no seu código...
void MyClass::functionExample(){
AnotherClass obj;
obj.setData(1);
}
...a instância de obj
vai existir apenas dentro do método functionExample
. Quando esse método terminar, essa instância vai ser eliminada automaticamente (e o destrutor, se existir, vai ser invocado).
Diferentemente dos anteriores, objetos alocados dinamicamente (isto é, no heap) existem até que sejam explicitamente destruídos (pelo programador, em geral). Quando memória é alocada muitas vezes no heap e não é liberada por erro, ocorre o que se chama vazamento de memória (memory leak), o que causa mesmo uma gradual redução do desempenho do sistema pelo uso excessivo de recursos (ainda que não seja a exclusiva causa potencial de mal desempenho).
Assim, no seu código...
void MyClass::functionExample(){
AnotherClass *obj = new AnotherClass();
obj->setData(1);
}
Há um vazamento de memória. A variável obj
é um ponteiro para uma instância de AnotherClass
. Ela, por si só, é uma variável estaticamente alocada (no stack - não confunda com uma variável declarada como estática) e, portanto, existe somente dentro do escopo do método functionExample
. Usando o operador new
, você cria uma nova instância de AnotherClass
(alocando memória para tal) e guarda o endereço dessa memória na variável obj
. Quando o método functionExample
termina, essa variável é eliminada, e como você não tem mais a referência do endereço que foi alocado não tem mais como liberar aquela memória que permanece "perdida" no heap até que todo o programa termine.
Note que o Qt tem alguns recursos para gerenciar automaticamente a memória de objetos herdados de QObject
. Quando você cria uma widget, por exemplo, você pode informar como parâmetro o ponteiro para uma instância de outra widget (QWidget*
) que será o "pai" desse objeto. Esse objeto pai irá automaticamente destruir todos os seus filhos quando ele próprio for eliminado.
Não sei se era o caso, já que você não citou, de a sua classe AnotherClass
herdar de QObject
, mas mesmo que fosse o vazamento ainda existe porque você não passou o tal parâmetro (geralmente this
para indicar que o objeto atual é o pai daquele que está sendo criado).