Mitos
Você está aprendendo que a esmagadora maioria das coisas que você lê por aí não faz sentido. Pelo menos não sem ter uma boa explicação que faça sentido.
Se disseram que algo é bom ou ruim e não disseram porque, provavelmente estão inventando ou passando pra frente algo que viram em algum lugar, não entenderam e deram sua versão, criando um "telefone sem fio". Imagine que isso vai piorando.
Se ver algo assim é bom questionar em bons lugares, onde as respostas podem ser avaliadas por outras pessoas. Um desses lugares é aqui mesmo. Questionando é que se aprende.
O primeiro problema é as pessoas venderem OOP como solução para tudo, como se fosse um paradigma máximo que deve ser sempre seguido, e pior, que deve segui-lo puramente, mesmo em linguagens que não são puramente orientadas a objeto. É bom fazer OOP o que faz sentido. Um mito comum, inclusive, é vender certas linguagens como orientadas a objeto em sua essência. Nenhuma linguagem mainstream tem como principal paradigma a orientação a objeto, mas várias fazem este marketing (fuja de marketing, não necessariamente da linguagem). Na verdade é questionável se existe alguma linguagem OO pura.
Isso é importante porque a pergunta é sobre usar OOP para evitar o if
. Existe a tag, cita o paradigma como referência base do problema e pede para comparar com outro paradigma.
if
pode ser ruim
De fato a manutenção pode sofrer se abusar do uso de ifs
(tem ótimas respostas sobre o problema real, não vou repetir aqui). Existem algumas formas de evitá-los que facilitam a manutenção dos softwares, especialmente quando estamos falando de regras de negócio que podem ser mutáveis, que façam parte de uma API pública. A principal forma é através de polimorfismo.
Quando estamos falando de detalhe de implementação aí muda de figura. Ainda não quer dizer que devemos abusar de ifs
. Mas também não podemos abusar de outros mecanismos quando o if
é bem adequado.
Note que dizem para evitar todo o mecanismo do if
substituindo por OOP. Não adianta nada substituir o if
por um mecanismo que faz a mesma coisa, como o switch
ou pattern matching (disponível no C# 7), por exemplo. A ideia que estão "vendendo" é que tenha nenhum desvio do fluxo de execução, sempre, que é característica de linguagens imperativas, exceto funções.
Isso também é pregado pelas linguagens funcionais, o que faz mais sentido.
Como eliminar o if
nos exemplos citados
Tá certo que não vi o contexto deles, mas em C#, eu não sei como fazer os códigos apresentados sem o uso do if
, não só porque eles usam coisas que foram desenvolvidas com claro intuito de serem usadas em if
s, mas também porque não vejo o que poderia ficar melhor sem o uso deles.
Talvez vendo o contexto completo de onde estejam estes códigos, aí esses ifs
específicos podem não ser necessários ou pelo menos eles poderiam ser modificados, ainda que acho improvável que dê para fazer algo muito melhor.
Um bom indicativo como é difícil fazer isto está na resposta do Cigano. Ele tentou dar dois exemplos sem o if
e não conseguiu. Um deles o if
continua lá e o outro só substituiu por um switch
que é até mais criticado que o if
em si pelos defensores de OOP, já que ele é até mais usado para substituir o polimorfismo que o próprio if
.
Primeiro exemplo
Você tem que tomar uma decisão dependendo se o valor é nulo. Tem como fazer algumas construções diferentes que podem ser feitas, mas todas usariam um if
ou algo parecido.
A única forma de evitar é garantir que o objeto nunca seria nulo, aí é óbvio que o if
não seria necessário. Pode garantir nesse caso? Acho que não.
Em C# 8 pode garantir que um objeto não seja nulo. Mesmo assim será algo opcional e é possível que este caso faça sentido ele poder ter valor null
.
Em C# 7 pode usar pattern matching para estabelecer nulidade e no 9 a não nulidade.
Ali tomar uma decisão pode ser uma regra de negócio. Não é fácil eliminar essa possibilidade.
Segundo exemplo
Até indica ser possível eliminar o if
garantindo que este código só rode dentro de um ToolStripMenuItem
. Uma técnica de especialização poderia ser aplicada. Então teria um método que só aceitaria esse tipo, portanto ele só seria chamado com um objeto desse tipo. Aí a verificação e o cast não seriam necessários. Obviamente seria necessário um outro método mais geral para executar quando o objeto é um controle diferente.
Esse if
existe por pragmatismo. Se quase todo o código é igual entre os controles, ele é aproveitado e apenas faz um desvio no caso específico. Se é o melhor ou não, depende de ver o todo, apenas posso dizer que parece ser melhor.
Muitas vezes para usar essa técnica evita-se o reuso e até gera-se duplicação de código que pode ferir a manutenção de forma pior. Aí pode-se cometer um pecado maior. Para cumprir uma regra boba pode-se preferir um código todo complicado.
Seria algo assim (sem contexto fica difícil):
public string GetControlXXX(ToolStripMenuItem ctrl) { //talvez poderia até ter outro nome
...
GetMenuItems(ctrl , items);
...
return ...;
}
public string GetControlXXX(Control ctrl) {
...
//faz alguma coisa com ctrl, mas não precisa ver se é um ToolStripMenuItem
...
return ...;
}
Coloquei no GitHub para referência futura.
Obviamente que o problema precisaria fazer sentido ter esses dois métodos, não estou dizendo que o caso faz, é provável até que nesse exemplo específico não faça mesmo.
Outra forma hipotética é se a arquitetura do seu framework trabalhasse diferente. O que poderia evitar o if
, mas criaria outras dificuldades no código.
Outra linguagem
Se fosse outra linguagem seria diferente, mesmo assim não dá pra fazer milagre, não quer dizer que o código sairia melhor sempre.
Linguagens onde a resolução da chamada de função possa se dar pelo valor do argumento pode eliminar ifs
. Mas isso não quer dizer que seja uma coisa boa. Como a resolução será feita em tempo de execução, até mesmo onde não precisaria, a performance vai pagar.
E ainda existe outro problema já mencionado mais acima: ou teria repetições de código, ou o código teria tantas indireções que seria difícil entendê-lo.
Paradigmas
Linguagens puramente orientadas a objeto possuem if
, mesmo que de forma mais disfarçada.
É possível usar programação procedural ou não procedural em C#, mas acho que isso nada tem a ver com o problema e foi apenas colocado por equivoco na pergunta. Em essência não é possível programar em C# sem usar o paradigma imperativo. Tecnicamente até é possível, mas é inviável tentar fazer isso, até porque OOP é um paradigma secundário.
Conclusão
Evitar if
a todo custo é bem forte, né? Vamos salvar a vida de uma pessoa a todo custo? Mesmo que signifique matar 200?
O certo é fazer o que fica fácil de ler, entender, dar manutenção (até isso tem hora certa pra questionar). E nenhuma regra fixa e única consegue dar uma resposta definitiva. Um conjunto de técnicas aplicadas corretamente na medida certa em cada caso ajuda atingir esse objetivo.
Regras bobas: