Uma coisa importante a se lembrar é que Lua não é orientada a objetos. Não existem classes propriamente ditas.
Lua funciona mais como a "orientação a objetos" do JavaScript (versões mais antigas dele, pelo menos), onde você mexia no ".prototype" do objeto.
Mas Lua é flexível ao ponto de poder "simular" orientação a objetos com algumas de suas construções.
Você pode começar definindo a sua "classe" (que, lembre-se, é um objeto mesmo. Não existem classes).
local Quadrado = {}
Quadrado.__index = Quadrado
A primeira linha simplesmente cria uma tabela vazia. Depois vamos colocar uns atributos e métodos nela. O importante aqui é a segunda linha. O __index
passa todas as indexações (Classe[x]
, Classe.x
) para a própria tabela. Isso vai fazer sentido no próximo bloco de código.
Agora, vamos definir um construtor:
function Quadrado:novoQuadrado(tamanhoLado)
return setmetatable({lado = tamanhoLado}, Quadrado)
end
A mágica é feita no setmetatable
. Observe que estou retornando uma nova tabela, com um atributo lado ({lado = tamanhoLado}
, e passando minha definição de Quadrado como a metatable dele.
Uma metatable é uma forma de alterar o comportamento de uma tabela. Um bom exemplo disso, é definir duas tabelas, a
e b
, e tentar somá-las a + b
. Lua não sabe fazer isso, mas ela vai olhar nessas metatables das tabelas. Se alguma delas tiver um método no índice __add
, Lua vai usar esse método para fazer a soma (algo como a:__add(b)
).
Lembra do __index
que mudamos lá em cima? É o mesmo esquema. Estamos mandando nosso Quadrado ir procurar indexações no próprio Quadrado. Quando se usarmos um Quadrado.area
, que definiremos daqui a pouco, Lua vai procurar esse índice (ou atributo, ou campo) na tabela Quadrado
, e encontrar Quadrado.area
. Isso não faz sentido? Mas lembra que passamos o Quadrado como metatable? Então todos os objetos que criarmos usarão Quadrado como metatable, e vão procurar suas indexações da mesma forma (Quadrado.area
). Não sei se deu pra entender o que quero dizer :(
Para definir um método, podemos usar a seguinte sintaxe:
function Quadrado:area()
return self.lado * self.lado
end
Essa sintaxe Quadrado:area
é só syntatic sugar para
function Quadrado.area(self)
Agora é só usar a nossa "classe":
local q = Quadrado:novoQuadrado(10)
print(q:area()) -- 100
O q:area
é syntatic sugar para q.area(q)
(lembra que alteramos a metatable? Isso está usando o area do Quadrado). Ainda não sei se deu pra entender, mas é isso.
Então, respondendo suas perguntas:
- Não, não existe um construtor, porque não existe uma classe. O que existe é a função que nós convencionamos como construtor (
Quadrado:novoQuadrado
).
- O método é declarado com a alteração na metatable.
- É importante notar que estamos usando dois "objetos" (duas tabelas,
Quadrado
e q
), e não uma classe e um objeto.
Claro, faz tempo que não estudo Lua, e não sei se tem evoluções nesse esquema. Mas na minha época era assim.