Isso de sair de loops aninhados realmente é um problema de programação que dura gerações.
O comando break
, como você deve saber, sai de um único for
ou while
, e tem que estar diretamente dentro desse for
ou while
- não poderia estar dentro de uma função chamada para esse fim.
Então, se o break fosse a única coisa existente, a única forma de resolver seria essa:
def funcao_que_resolve_se_sai():
...
return sair_ou_nao
def funcao_principal():
sair = False
for laco1 in coisas1:
for laco2 in coisas2:
...
sair = funcao_que_resolve_se_sai()
if sair:
break
if sair:
break
Ou seja: você teria que guardar a decisão de sair dentro de uma variável,
e ter um if
com um break
em cada laço.
Em Python, e outras linguagens de alto-nível que tem o recurso de "exceções", isso se resolve com o uso das mesmas.
Mas "exceção não é só quando acontece um erro?" - não necessariamente -
uma exceççao pode ser causada deliberadamente, com o comando raise
,
justamente com o intuíto de mandar um sinal
que consiga escapar da ordem normal de execução.
O ideal é criar uma exceção personalizada, para diferencia-la,
mesmo que só de forma semântica, de uma exceção real, causada por um
problema na execução. Mas para manter o exemplo simples, vou usar
o RuntimeError
mesmo:
def funcao_que_resolve_se_sai():
...
if sair_ou_nao:
raise RuntimeError()
def funcao_principal():
try:
for laco1 in coisas1:
for laco2 in coisas2:
...
funcao_que_resolve_se_sai()
except RuntimeError:
pass
funcao_principal()
Então veja como ficou- quando a exceção "RuntimeError" é causada pelo comando raise
dentro da função chamada, o programa vai pular direto para
a próxima cláusula except
que pegar essa exceção. Se a claúsula estiver depois dos loops que queremos deixar, ele sai de todos os loops.
Agora note uma cois a importante: eu coloco o nome da função específica no except
. No seu código, você coloca except
sem nada, dentro do seus laços - isso é uma prática muito ruim, já que o except
sem nada pega todos os tipos de erro - inclusive erros que vocẽ não está esperando, e mais ainda, inclusive qualquer erro personalizado que você queria usar para o controle do fluxo do programa.
Por isso é muito, muito mesmo importante sempre colocar exceções específicas quando usar o Excecept. No caso do seu código, você usa o except para tratar valores não numéricos que o usuário digita. O erro lançado nesse caso é o ValueError
. Então seu programa, na parte interna dos laços, tem que capturar só o ValueError!
Essa técnica de exceções personalizadas é interessnte, por que não importa quantos loops, e quantas funções são chamadas uma dentro da outra (isso é - vamos dizer que a funcao_que_resolve_se_sai
chamasse ainda uma outra função) - quando a exceção é lançada, o programa sai das funções e dos laços todos, até o Except.
Isso dá um controle muito maior do que chamar exit
, porque depois do Except, você continua executando o programa na próxima linha, normalmente. (o comando pass
dentro do Except não faz nada, só deixa o bloco com a sintaxe válida, por que ele não pode ser vazio)
Isso é usado em qualquer sistema grande em Python - por exemplo, em sistemas Web, os frameworks sempre chamam as funções do seu sistema dentro de uma cláusula "try--except" apropriada - se o seu código gerar qualquer erro, o except
para todo o seu código, e gera uma página HTML com o código de erro apropriado - e, o servidor continua rodando normalmente, esperando outras requisições.
Por fim, a forma de personalizar uma exceção também é bem simples - é só criar uma subclasse, que pode ser vazia, de Exception
:
class SairDosLacos(Exception):
pass
def funcao_que_resolve_se_sai():
...
if sair_ou_nao:
raise SairDosLacos()
def funcao_principal():
try:
for laco1 in coisas1:
for laco2 in coisas2:
numero_ok = False
while not numero_ok:
try:
a = int(input("digite um número"))
except ValueError:
print("número inválido, tente de novo - ")
else:
numero_ok = True
# codigo usando o número digitado:
...
funcao_que_resolve_se_sai()
except SairDosLacos:
pass
funcao_principal()
(note aqui o uso do else
para o try/except/else
- o bloco else
do comando try
só é executado se não aconteceu nenhuma exceção - nesse caso, se o número for válido)
Há um outra forma sem uso de exceções, que não dá pra usar no seu caso, por que você não colocou seus laços principais do programa dentro de uma função - acostume-se a sempre fazer isso.
Mas além de uma exceção com o comando raise, um outro comando que sai de qualquer número de loops é o return
- ele encerra a função atual imediatamente, e o controle volta para a função que chamou a atual.
Se dentro da função você não vai fazer mais nada depois dos laços (e está dentro de uma função), é só por um return.
O seu código ficaria assim:
print('Olá, seja bem vindo!')
programa = 0
while programa == 0:
def ask_continue():
ask = str(input("Deseja repetir a operação? (Y/N): "))
if ask.lower() == 'y':
program = 0
return True
elif ask.lower() == 'n':
programa =+ 1
return False
def principal():
x = 0
while x == 0:
try:
a = float(input("Informe a variável 'a': "))
b = float(input("Informe a variável 'b': "))
campo_de_saída = a*b-a+b
print("O campo de saída é {}".format(campo_de_saída))
if not ask_continue():
return
except:
print("Valor inválido, tente novamente.")
x = 0
Linguagens que não tem o mecanismo de exceções, como o C, para sair de vários laços as vezes tem o comando goto
- ele pode fazer a execução do programa saltar incondicionalmente para uma linha específica dentro da mesma função.
A literatura de programação execra o goto
de forma que sua menção causa "medo" em muitos profissionais experientes - por que era a única forma de modelar laços e funções antes de linguagens que tinham funções como as conhecemos hoje - só que por conta de sua flexibilidade extra, um programa poderia ficar realmente difícil de se acompanhar ou entender.
Bem usado, no entanto, ele é a forma convencional de sair de laços - um if
no laço mais interno pode conter um goto
para um ponto fora de todos os laços.
Reitero que goto
não existe em Python - existe em C
, e é a forma recomendada, por exemplo, de codificar o tratamento de erros se vocẽ está criando uma função em C que vai interagir, e ser chamada a partir de código Python.