Não, não existe uma barreira. Um compilador é apenas mais um peça de software. Nada impede alguém de fazer um fork de um compilador / interpretador qualquer, traduzir palavras reservadas e eventualmente localizar a liguagem.
O Excel por exemplo possui fórmulas localizadas. Inclusive, até onde vai meu conhecimento, não é possível mudar a língua das fórmulas sem instalar um Language Pack. Bem, a Microsoft ao menos teve a decência de matar o VBA localizado nos anos 90. O problema com macros em Alemão, Francês, etc seria com certeza muito pior do que o problema das fórmulas.
As perguntas subentendidas são: Então por que essa não é uma prática mais popular? Por que não traduzimos e adotamos linguagens em Português?
Ao meu ver as desvantagens não justificam as vantagens de localização. Voltando ao Excel: Tente parear com um colega Francês e usar o Excel no laptop dele (sim, eu vivi isso). Mesmo que seu ambiente de trabalho não seja tão globalizado há desvantagens na localização. Após se acostumar com o Excel em Português, tente abrir uma planilha no Excel em Inglês e editar as fórmulas (ou vice-versa)... Não, não é divertido.
O Inglês é a língua franca da computação, assim como o Italiano é a língua franca da música e o Latim é ainda hoje fortemente usado em nomenclatura científica.
Enquanto traduzir "if" para "se", "while" para "enquanto", "or" para "ou", etc pode facilitar - até certo ponto - a vida de um lusófono, me pergunto se essa é uma barreira cognitiva tão significativa assim...
Na data que escrevi essa resposta o Java possui 57 palavras reservadas, Python possui 33. Quando consideramos tudo o que um programador tem que aprender, o uso dessas palavras reservadas em Inglês me parece um problema menor. Eu trabalhei e estudei por muitos anos com programadores muito bons que não falam Inglês.
As palavras reservadas também são só o começo do problema. O que fazer com toda a biblioteca padrão da linguagem? Devemos traduzir também? E o que fazer com nomes de variáveis (que inclusive podem conflitar com palavras reservadas)? O que fazer com literais (separadores decimais, datas, etc)? Devemos portar e traduzir todas as bibliotecas e frameworks?
A tradução de uma linguagem resulta em... bem... outra linguagem. Uma linguagem talvez mais acessível para a comunidade local; porém incompatível, quando não totalmente inacessível para a comunidade original. O resultado final são ecossistemas separados, reinvenção da roda e um esforço enorme para portar software entre duas linguagens.
O lado positivo da localização é a inclusão (vide Stackoverflow PT). O lado negativo é a fragmentação.
Pense em uma realidade alternativa em que a linguagem Lua tivesse sido criada usando palavras reservadas em Português. Ela talvez tivesse encontrado um nicho, ao menos temporariamente, na Petrobrás e nas atividades de pesquisa da PUC do Rio. Quem sabe Lua teria até um pézinho em outras empresas e Universidades nacionais. Hoje porém muito provavelmente Lua seria uma relíquia do passado. Esse mundo hipotético teria perdido muito... Instituições como Adobe, Blizzard, Mozilla, NASA, etc não teriam a chance de fazer coisas fantásticas com uma linguagem criada aqui no Brasil.
Fonte: SOEn - Do there exist any compilers with localized versions of programming languages?