Gostaria de saber como as ORMs em ruby, transformam uma proc/lambda como esta:
{ (id > 1) & (created_at < Time.now) }
em algo como " id > 1 and created_at < '2018-01-25' "
.
De forma simples, um ORM é uma técnica para mapear manipulações de bancos de dados para objetos em linguagens de programação. Uma das funcionalidades de um ORM, como você citou, é converter queries utilizando uma DSL da linguagem utilizada para um dialeto SQL.
É por isso que no Active Record (o ORM padrão do Rails) isso:
Car.find_by(name: 'Opala')
se traduz para
SELECT * FROM cars WHERE name = 'Opala' LIMIT 1
E como isso funciona? Bem, vamos ao código do #find_by:
def find_by(arg, *args)
where(arg, *args).take
rescue ::RangeError
nil
end
Parece que ele chama um método chamado #where
. Isso é interessante, pois parece que várias palavras do SQL foram escritas em suas versões Ruby. Vamos mais a fundo, ao código do #where.
def where(opts = :chain, *rest)
if :chain == opts
WhereChain.new(spawn)
elsif opts.blank?
self
else
spawn.where!(opts, *rest)
end
end
Não se assuste com esses if
s. Isso se dá pois o #where
pode ser utilizado de diversas formas, como por exemplo:
User.where.not(name: "Jon")
Porém, o tipo de #where
que estamos utilizando aqui é o Hash, com o argumento { name: 'Opala' }
. Sendo assim, ele cai no else
, para o método #where!
. Vamos ao código!
def where!(opts, *rest) # :nodoc:
opts = sanitize_forbidden_attributes(opts)
references!(PredicateBuilder.references(opts)) if Hash === opts
self.where_clause += where_clause_factory.build(opts, rest)
self
end
Agora parece que estamos no caminho que chegar em algo um pouco mais "baixo nível", onde ele realmente monta uma string com código SQL, que afinal, é o produto final de um ORM. Veja o que esse método where!
faz:
where_clause
O interessante desse método é o trecho where_clause_factory.build(opts, rest)
. Veja o código:
def where_clause_factory
@where_clause_factory ||= Relation::WhereClauseFactory.new(klass, predicate_builder)
end
(se você não conhece o "pipe pipe equals / or equals) do Ruby, ||=
, dá uma olhada aqui)
O #where!
chama o Relation::WhereClauseFactory#build
. Essa fábrica de clausulas WHERE
vai analisar o input, que no nosso caso é { name: 'Opala' }
, para montar a query.
No Active Record, esse input pode vir de várias maneiras, como:
{ name: 'Opala' }
{ year: 1999...2000 }
{ pilot: { id: 1 } }
Essa fábrica gera uma só instância de WhereClause
, adicionando ou removendo as condições do WHERE
.
Até agora, só falamos Ruby e Active Record.
Depois de montada toda a árvore da query, armazenada em memória em classes como WhereClause
, o Active Record chama um "montador de queries SQL", chamado Arel.
O papel do Arel é falar Ruby e SQL ao mesmo tempo, conseguindo ler o código Ruby e traduzir para SQL (por definição, o Arel é um SQL Abstract Syntax Tree).
O conceito de AST é utilizado por compiladores e outras linguagens de programação como uma representação abstrata do código, ou qualquer outra estrutura sintática, como o bom e velho Português.
Um exemplo matemático (fonte):
5 * 3 + (4 + 2 % 2 * 8)
+
/ \
/ \
* +
/ \ / \
5 3 4 *
/ \
% 8
/ \
2 2
E um exemplo do JavaScript:
Veja um exemplo do Arel montando queries:
users = Arel::Table.new(:users, ActiveRecord::Base)
select_manager = users.project(Arel.star).where(users[:id].eq(23).or(users[:id].eq(42)))
select_manager = users.project(Arel.star).where(users[:id].eq_any([23, 42]))
select_manager.to_sql
# => SELECT * FROM "users" WHERE ("users"."id" = 23 OR "users"."id" = 42)
O Active Record converte as classes próprias (WhereChain
, WhereClause
, GroupClause
) e as converte em chamadas do Arel, "cuspindo" queries complexas montadas com DSLs simples, fáceis e Rails-like.
Na verdade a minha duvida era outra, não estava em duvida de como a querie é criada. a minha duvida basicamente era essa:
Como é transformada uma expressão como essa: { (id > 1) & (created_at < Time.now) }
que é basicamente uma lambda sem parâmetros, numa string: id = 1 and created_at < data_atual
sabendo-se que id
e created_at
são definidos somente dentro desse bloco.
Resposta
No caso é usado o método instance_exec
com uma class
e os métodos não definidos, são criados dinamicamente, assim como seus comparadores, fazendo com que retornem uma string.
lembrando que o instance_exec
captura uma lambda e usa os somente os métodos definido na class
ou seja, se você colocar um print
dentro desse bloco, haverá um erro porque a função não foi definida.
Basicamente o que posso concluir disso tudo é que, no caso da ORM Sequel
fizeram isso só pra dizer que conhecem bem a linguagem, pois dificultaram o um processo simples que é escrever uma string.