Desde c++11, a biblioteca para geração e distribuição de números aleatórios <random>
foi introduzida para resolver esse grande buraco que existia em c++ anteriormente, como você já notou. A cppreference tem uma versão traduzida (boa parte automaticamente) para Português, basta apenas colocar pt.
no lugar de en.
no link: <random>
em Português. Está um pouco desatualizado, mas deve ajudar. A página em Inglês é completa, entretanto.
Enfim, vamos para a dissecação do código agora:
std::random_device r;
std::default_random_engine e1(r());
std::uniform_int_distribution<int> uniform_dist(1, 100);
return uniform_dist(e1);
A primeira linha constrói um std::random_device
, um gerador de números aleatórios não-determinístico1 (isto é, seria uma verdadeiro gerador de números aleatórios, e não pseudoaleatório). Esse é um dos vários geradores que existem na biblioteca padrão. O uso básico desse gerador é chamar o operador de chamada de função operator()
para gerar o próximo número aleatório e avançar o estado do gerador:
std::random_device rd;
auto N = rd(); // N contém o número aleatório gerado por rd()
No caso do std::random_device
, a fonte de entropia não vem de uma semente. Em algumas implementações, como a libc++ e a libstdc++, a fonte de entropia por padrão é a /dev/urandom
em sistemas Unix-like, em vez de uma semente. Outros geradores (de números pseudoaleatórios) na biblioteca padrão aceitam uma semente como fonte de entropia, que pode ser o caso do std::default_random_engine
.
std::default_random_engine
pode não ser igual entre implementações, já que seu motor é deixado como implementation-defined (ou seja, a critério da implementação). Os únicos requirimentos recomendados são que a seleção desse motor forneça, pelo menos, um comportamento aceitável para uso relativamente casual, inexperiente e/ou leve. O motor std::linear_congruential_engine
é normalmente usado com alguns parâmetros específicos para definir o std::default_random_engine
.
Voltando ao código:
std::default_random_engine e1(r());
Essa linha constrói um motor de números pseudoaleatórios (definido pela implementação), com uma semente, cujo número é gerado por r()
, como fonte de entropia. Isto é, o motor r
foi utilizado apenas para gerar a semente de um outro motor e1
. Como esse código foi tirado de dentro de uma função, esse tipo de tática não é boa, uma vez que sempre ao chamar a função gerar_aleatorio()
, dois motores serão construídos, um deles semeados e apenas a primeira geração de número é realizada. O mais correto seria utilizar um único motor construído para o programa inteiro e usar algum distribuidor (como o std::uniform_int_distribution
nesse caso) pra gerar os números aleatórios. Outra solução é fazer o e1
ser thread_local
, pois assim sua inicialização é feita apenas uma vez para cada thread.
Indo para a próxima linha no código, temos:
std::uniform_int_distribution<int> uniform_dist(1, 100);
Essa distribuição é uma de várias outras na biblioteca padrão. Distribuidores de números aleatórios pós-processam o número gerado por um motor de números aleatórios, de modo que o resultado seja distribuído de acordo com uma dada função de densidade probabilística estatística. Em outras palavras, o resultado de um distribuidor segue um padrão estatístico. Em específico, o distribuidor std::uniform_int_distribution
produz um número que siga uma distribuição uniforme (ou seja, cada número no intervalo terá quase a mesma quantidade de vezes gerado estatisticamente). Esse intervalo é dado ao construí-lo através dos parâmetros do construtor (no caso do seu código, esse intervalo é [1, 100]
inclusivo).
Finalmente, a última linha:
return uniform_dist(e1);
O distribuidor do uniform_dist
tem um operator()
parecido com o de um motor: cada chamada gera o próximo número aleatório e atualiza/avança o estado do motor/distribuidor. A diferença é que, no caso do distribuidor, ele recebe como parâmetro um motor de números aleatórios. Como dito antes, isso é necessário, pois um distribuidor apenas aplica uma função de densidade no número aleatório gerado por um motor. Quem realmente gera o número aleatório é o motor, já o distribuidor apenas faz uso dessa saída. O resultado de uniform_dist(e1)
avança o estado do motor e1
e do distribuidor uniform_dist
e gera um número pseudoaleatório uniformemente distribuído dentro do intervalo [1, 100]
.
1 Uma implementação pode definir o gerador std::random_device
em termos de um gerador de números pseudoaleatórios caso não houver uma fonte não-determinística.