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Vejo algumas pessoas do meio da programação se referindo a esse termo sempre que aparece um código com uma solução estranha ou meio "engambiarrada".

Dando uma pesquisada rápida no Google, eu cheguei a conclusão de que realmente é isso.

Achei os termos Go Horse Process e Extreme Go Horse.

O que achei estranho é que, em alguns artigos que falam sobre Go Horse Process, apareceu também vários tópicos de "como fazer" (22 itens) e ainda foi chamado de "metodologia".

Mas do que realmente isso se trata?

É realmente uma metodologia, ou uma piada, ou uma forma hilária de se listar aquilo que deve ser evitado na programação?

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  • 12
    É basicamente uma piada. Na forma normalmente divulgada não serve pra muita coisa, poderiam fazer de um jeito útil e bem humorado. Não vou responder e vamos ver se a comunidade aceita bem a pergunta ou trata como algo inútil. Um tonto fez uma pergunta próxima no SE.SE: softwareengineering.stackexchange.com/q/7217/389
    – Maniero
    8/11/2016 às 13:28
  • 6
    Estou votando para fechar esta pergunta como fora de escopo porque acho que é uma pergunta não construtiva, abre espaço para respostas baseadas em opiniões e discussões desnecessárias.
    – Jéf Bueno
    8/11/2016 às 15:48
  • 25
    Com certeza é uma metodologia real. Eu vejo adeptos o tempo todo, inclusive aqui no site.
    – Largato
    8/11/2016 às 16:04
  • 18
    Sou contra o fechamento dessa pergunta e já aviso que se for fechada, votarei para reabrir. 8/11/2016 às 19:19
  • 14
    Essa pergunta está perguntando "O que é XGH?", e não "me deem exemplos de XGH" e nem "qual o melhor/pior caso de XGH que você já viu?" - Assim sendo, ela não é uma pergunta opinativa, nem ampla demais e nem uma poll question. Ela de fato é uma pergunta objetiva, específica, clara e dentro do escopo do site, e portanto deveria ser mantida aberta. 8/11/2016 às 19:59

4 Respostas 4

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O Go Horse ou Go Horse Process é uma crítica mostrada de maneira a satirizar o mau-uso de certas "metodologias", assim como as "metodologias ágeis", ou nenhum uso delas. Ele na verdade é uma crítica ao que muitos desenvolvedores costumam fazer. Mesmo alguns com mais experiência têm momentos de:

  • Preguiça/relaxo.
  • Não se preocupar com correções ou melhoramentos futuros, pois acreditam que aquilo é definitivo.
  • Se preocupar com prazo, mas não com o funcionamento ou segurança.
  • Tudo isso geralmente acompanhado de gambiarras.

Entenda que o Go Horse (e o eXtreme Go Horse) não é algo para ser feito, é algo que se você vai ler e vai servir para entender que o não deve fazer, como disse antes é uma crítica ao que muitos desenvolvedores acabam por fazer.

  • Go Horse = vai cavalo
  • Go Horse Process = processo "vai cavalo"
  • eXtreme Go Horse = vai cavalo extremo

Vai cavalo não tem significado algum direto, ele provavelmente se refere a corrida de cavalos.

Como citado nas demais respostas, o site original foi encerrado. Todavia, tinha um grupo em português que se atualizava e ainda estão ativos.

Os autores Ornado e Mário Marolo deixaram uma nota de despedida http://www.gohorseprocess.com.br/adeus-ou-ate-logo-quem-sabe (com um pitada de humor).

Link http://www.gohorseprocess.com.br/extreme-go-horse-(xgh) da lista completa:

  1. Pensou, não é XGH.

    XGH não pensa, faz a primeira coisa que vem à mente. Não existe segunda opção, a única opção é a mais rápida.

  2. Existem 3 formas de se resolver um problema, a correta, a errada e a XGH, que é igual à errada, só que mais rápida.

    XGH é mais rápido que qualquer metodologia de desenvolvimento de software que você conhece (Vide Axioma 14).

  3. Quanto mais XGH você faz, mais precisará fazer.

    Para cada problema resolvido usando XGH, mais uns 7 são criados. Mas todos eles serão resolvidos da forma XGH. XGH tende ao infinito.

  4. XGH é totalmente reativo.

    Os erros só existem quando aparecem.

  5. XGH vale tudo, só não vale dar o ****.

    Resolveu o problema? Compilou? Commit e era isso.

  6. Commit sempre antes de update.

    Se der merda, a sua parte estará sempre correta e seus colegas que se *****.

  7. XGH não tem prazo.

    Os prazos passados pelo seu cliente são meros detalhes. Você SEMPRE conseguirá implementar TUDO no tempo necessário (nem que isso implique em acessar o BD por um script maluco).

  8. Esteja preparado para pular fora quando o barco começar a afundar... ou coloque a culpa em alguém ou algo.

    Pra quem usa XGH, um dia o barco afunda. Quanto mais o tempo passa, mais o sistema vira um monstro. O dia que a casa cair, é melhor seu curriculum estar cadastrado na APInfo, ou ter algo pra colocar a culpa.

  9. Seja autêntico, XGH não respeita padrões.

    Escreva o código como você bem entender, se resolver o problema, commit e era isso.

  10. Não existe refactoring, apenas rework.

    Se der merda, refaça um XGH rápido que solucione o problema. O dia que o rework implicar em reescrever a aplicação toda, pule fora, o barco irá afundar (Vide Axioma 8).

  11. XGH é totalmente anárquico.

    A figura de um gerente de projeto é totalmente descartável. Não tem dono, cada um faz o que quiser na hora que os problemas e requisitos vão surgindo (Vide Axioma 4).

  12. Se iluda sempre com promessas de melhorias.

    Colocar TODO no código como uma promessa de melhoria ajuda o desenvolvedor XGH a não sentir remorso ou culpa pela ****** que fez. É claro que o refactoring nunca será feito (Vide Axioma 10).

  13. XGH é absoluto, não se prende à coisas relativas.

    Prazo e custo são absolutos, qualidade é totalmente relativa. Jamais pense na qualidade e sim no menor tempo que a solução será implementada, aliás… não pense, faça!

  14. XGH é atemporal.

    Scrum, XP… tudo isso é modinha. O XGH não se prende às modinhas do momento, isso é coisa de *****. XGH sempre foi e sempre será usado por aqueles que desprezam a qualidade.

  15. XGH nem sempre é POG.

    Muitas POG’s exigem um raciocínio muito elevado, XGH não raciocina (Vide Axioma 1).

  16. Não tente remar contra a maré.

    Caso seus colegas de trabalho usam XGH para programar e você é um coxinha que gosta de fazer as coisas certinhas, esqueça! Pra cada Design Pattern que você usa corretamente, seus colegas gerarão 10 vezes mais código podre usando XGH.

  17. O XGH não é perigoso até surgir um pouco de ordem.

    Este axioma é muito complexo, mas sugere que o projeto utilizando XGH está em meio ao caos. Não tente por ordem no XGH (Vide Axioma 16), é inútil e você pode jogar um tempo precioso no lixo. Isto fará com que o projeto afunde mais rápido ainda (Vide Axioma 8). Não tente gerenciar o XGH, ele é auto suficiente (Vide Axioma 11), assim como o caos.

  18. O XGH é seu brother, mas é vingativo.

    Enquanto você quiser, o XGH sempre estará do seu lado. Mas cuidado, não o abandone. Se começar um sistema utilizando XGH e abandoná-lo para utilizar uma metodologia da moda, você estará ******. O XGH não permite refactoring (vide axioma 10), e seu novo sistema cheio de frescurites entrará em colapso. E nessa hora, somente o XGH poderá salvá-lo.

  19. Se tiver funcionando, não rela a mão.

    Nunca altere, e muito menos questione um código funcionando. Isso é perda de tempo, mesmo porque refactoring não existe (Vide Axioma 10). Tempo é a engrenagem que move o XGH e qualidade é um detalhe desprezível.

  20. Teste é para os fracos.

    Se você meteu a mão num sistema XGH, é melhor saber o que está fazendo. E se você sabe o que está fazendo, vai testar pra que? Testes são desperdício de tempo, se o código compilar, é o suficiente.

  21. Acostume-se ao sentimento de fracasso iminente.

    O fracasso e o sucesso andam sempre de mãos dadas, e no XGH não é diferente. As pessoas costumam achar que as chances do projeto fracassar utilizando XGH são sempre maiores do que ele ser bem sucedido. Mas sucesso e fracasso são uma questão de ponto de vista. O projeto foi por água abaixo mas você aprendeu algo? Então pra você foi um sucesso!

  22. O problema só é seu quando seu nome está no Doc da classe.

    Nunca ponha a mão numa classe cujo autor não é você. Caso um membro da equipe morra ou fique doente por muito tempo, o barco irá afundar! Nesse caso, utilize o Axioma 8.

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  • 7
    Boa resposta. Alguém que realmente entende do assunto :p 8/11/2016 às 13:55
  • 9
    Nesse caso "alguém que realmente entende do assunto" é um elogio ou uma ofensa? :p 8/11/2016 às 14:32
  • 2
    @renan nenhum dos dois hehehe, quero dizer o problema GHP não é nem sempre culpa do desenvolvedor, pode ser culpa da equipe inteira de desenvolvimento e até da equipe e dos "acionistas", eu mesmo vivo isto, não porque eu desejo, mas devido as "necessidades" da empresa, que nos "forçam" a trabalhar assim. Tentei organizar de várias maneiras, mas sem aprovação dos superiores e excessiva cobrança por menores prazos, má vontade em entregarem os requisitos e acharem que podemos estipular prazos em 5 minutos acabamos sendo forçado a usar o "GHP" . Então digamos que eu entendo, mas não porque quero.
    – Syzoth
    8/11/2016 às 14:37
  • 2
    @GuilhermeNascimento 11: XGH é totalmente anárquico.. Se está em um nível hierárquico, você está utilizando errado. :p
    – Randrade
    8/11/2016 às 19:15
  • 5
    "Vai cavalo provavelmente vem da corrida de cavalos" - eu interpreto de uma forma parecida mas um pouco diferente, penso que vem do ato de dar com a espora no lombo do cavalo, ou seja, evoluir um projeto na base dos trancos e barrancos, uma coisa forçada, sem cuidado.
    – Piovezan
    8/11/2016 às 21:25
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+100

Ensō, o símbolo da iluminação, força, elegância, o universo e o vazio

Assim disse o Mestre Programador: Quando um programa está em fase de testes, é muito tarde para se realizar mudanças de escopo.


Diz a lenda que em uma longínqua província havia um monastério onde o Mestre Programador compartilhava seus ensinamentos. Um de seus diálogos foi a respeito das práticas do infame engenheiro da corte Xingh, e os acontecimentos que circundaram a construção das Duas Pontes.


'Mestre', dialogou um dos arquitetos da corte de Tang, 'Nós começamos os trabalhos da Ponte Norte do Rio Amarelo seguindo seus veneráveis preceitos KISS, YAGNI e DRY, que são os verdadeiros pilares que sustentam nossa estrutura.

Porém recentemente o Imperador tem se mostrado bastante impressionado com a eficiência da equipe de Mestre Xingh, que aparentemente ignora todos os preceitos dos antigos Mestres ao construir a Ponte Sul - ele não se preocupa com o equilíbrio e harmonia, ao invés disso reforçando as estruturas com o que tiver à mão.

Seus trabalhadores também são tratados como escravos - ondas de novatos vem e vão, exauridos e desgostosos. Porém ainda assim sua ponte se ergue, caótica até o ponto onde a estrutura é coberta, e sua aparência melhorada. Você acha que estamos perdendo muito tempo? Deveríamos abraçar o caos?'

'Seu coração é fraco, e sua resolução se esvai com a primeira brisa,', disse o Mestre Programador. 'Procure sempre o equilíbrio, e utilize sempre os pilares dos antigos Mestres. Caos atrai caos; Harmonia atrai harmonia.'

O Engenheiro, envergonhado pelas duras porém verdadeiras palavras, se retirou em silêncio para o campo onde a equipe de construção se reunia.


A Corte Imperial se reuniu para a inauguração das Pontes oito meses depois.

A Ponte Norte se erguia bela e delicada; o orgulho de seus artesãos, suas formas graciosas espelhadas no rio. Nada lhe faltava, nada lhe excedia.

A Ponte Sul, entretanto, tinha sido concluída quatro meses antes - e já contava com expansões que a tornavam várias vezes mais larga. Ao encontrar o Arquiteto da Ponte Norte junto ao Imperador, Mestre Xingh não conseguia conter seu fino sorriso de escárnio.

O Imperador, um homem de números, ouro e guerras, proferiu rasgados elogios a Mestre Xingh por sua eficiência. O Príncipe-Herdeiro, admirador dos Grandes Mestres, agradeceu profusamente ao Arquiteto pela nova jóia que adornava a cidade.

O Imperador montou em Jíduān qù mǎ, seu cavalo preferido, e se encaminhou para a Ponte Sul - ao mesmo tempo que o Príncipe-Herdeiro se encaminhou para a ponte Norte, montado em Wěn.

Todos se surpreenderam quando um estrondoso ruído oriundo da Ponte Sul, acompanhado de uma gigantesca nuvem de poeira e farpas de madeira, indicou o momento onde tanto a ponte quanto o Imperador se fizeram ao rio.

"Alguém testou se a ponte aguentava cavalos?" sussurrou em choque um dos descrédulos trabalhadores da Ponte Sul. Eles se entreolharam em silêncio.

O Príncipe, que já havia atravessado a Ponte Norte, cavalgou veloz até o local do acidente, suas lágrimas se tornando parte do rio ao encontrar o corpo alquebrado do Imperador. Neste momento o Mestre Programador se aproximou do agora Príncipe-Regente, e proferiu estas palavras:

"Que a dor de sua perda diminua com o tempo, porém nunca esqueça da lição aprendida aqui: Que KISS, YAGNI e DRY sejam os pilares de um longo e harmonioso reinado."


Daquela época muito já se foi e não existe mais.

Da Ponte Sul, apenas o infame termo 'como uma ponte de Xingh' restou - e muitos desconhecem sua origem. A natureza retomou as margens do rio, e mesmo sua pedra fundamental foi perdida.

Porém até hoje os visitantes da Cidade Imperial são recebidos pela Ponte Norte; inúmeras gerações de Imperadores passaram sob seus elegantes arcos, aos quais o tempo só dignidade adicionou. Tão altiva como no dia da sua inauguração, suas delicadas formas espelhadas no rio.

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  • 8
    Poético... É assim mesmo que acontece nos dias atuais,,,E mais fácil de entender... Issa ae dá um curta metragem...
    – MagicHat
    15/11/2016 às 15:29
  • 1
    Eu gostaria de ser discípulo desse Mestre :p 16/11/2016 às 10:34
  • 1
    Ok, mas o que é XGH? 16/11/2016 às 14:09
  • 8
    O cavalo do Imperador. ;)
    – OnoSendai
    18/11/2016 às 18:19
  • 4
    Mestre XinGH! 😂😂😂 Muito bom! 22/04/2017 às 18:27
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Go Horse é uma sátira sobre o desenvolvimento de software que basicamente é a junção de pessoas executando papéis e processos.

O Extreme Go Horse é a metodologia que sugere quais processos devem ser executados para se atingir as metas do projeto, onde praticamente a única métrica de qualidade é "está funcionando?".

É uma piada com fundo de verdade. Algumas situações ou recomendações parecem até tirinhas do dilbert. Ela mostra que, mesmo com um ambiente caótico, nenhuma organização, realização de tarefas iguais (repetição) com resultados diferentes, pessoas incompetentes e geração de artefatos que não agregam valor nenhum. Sim, é possível construir software que funcione, atenda as necessidades do cliente e seja rentável.

Mais detalhes ácidos em: gohorseprocess

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  • 2
    Perfeita descrição, esqueci de citar o "objetivo"
    – Syzoth
    8/11/2016 às 14:14
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Explicando melhor. Retirei do site do Hélio esse exemplo.

XGH é uma das coisas mais genias que surgiu nos últimos tempos, descrevendo a estupidez que se aplica em métodos ágeis, mas que reflete bem o ambiente corporativo.

1- Pensou, não é XGH. XGH não pensa, faz a primeira coisa que vem à mente. Não existe segunda opção, a única opção é a mais rápida.

2- Existem 3 formas de se resolver um problema, a correta, a errada e a XGH, que é igual à errada, só que mais rápida. XGH é mais rápido que qualquer metodologia de desenvolvimento de software que você conhece (Vide Axioma 14).

3- Quanto mais XGH você faz, mais precisará fazer. Para cada problema resolvido usando XGH, mais uns 7 são criados. Mas todos eles serão resolvidos da forma XGH. XGH tende ao infinito.

Então XGH é um "método" que é bastante utilizado hoje e sempre. Uma piada direcionada aos maus métodos (POG).

Veja mais em EXtreme Go Horse - XGH

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