Sei como implementar e usar as interfaces, mas não consigo compreender qual o real motivo delas existirem no c# ou java, já que uma vez que você estende sua classe a uma interface é preciso implementar todos os métodos da interface.
2 Respostas
O conceito de desenvolver o código voltado para interfaces vem da necessidade organizar as classes de forma mais coesa, com baixo acoplamento e funcionalidades bem encapsuladas (fundamentos da Orientação a Objeto).
Programar voltado a interface exige abstrair a ideia da implementação. Vou tentar resumir de uma forma bem simplista:
public class Empresa {
public void efetuaPagamento(CNPJ cnpj, double valor){
String cnpj = cnpj.getNumero();
...
}
public void efetuaPagamento(CPF cpf, double valor){
String cnpj = cpf.getNumero();
...
}
}
A classe Empresa está acoplada as CPNJ e CPF. Para cada novo tipo de documento será necessário copiar o método. Para evitar isso, podemos criar uma interface.
public interface Documento {
public String getNumero();
}
E então as classes podem implementa-las.
public class CNPJ implements Documento {
public String getNumero(){
//implementação
}
public void validaCNPJ(String cnpj){
//implementação
}
}
public class CPF implements Documento {
public String getNumero(){
//implementação
}
public void validaCPF(String cpf){
//implementação
}
}
Simplificando assim a classe Empresa
public class Empresa {
public void efetuaPagamento(Documento documento, double valor){
String documento = documento.getNumero();
...
}
}
Não se apegue muito no conteúdo dos exemplos, o ponto é entender que qualquer mudança na implementação será feita em um único ponto (Classes CNPJ ou CPF). A classe Empresa está desacoplada, para ela só interessa receber o número do documento, não importando o tipo do documento. Além de que qualquer novo documento, bastará criar uma classe e implementar o Documento, que não afetará em nada a classe Empresa.
-
Eu não sabia que uma interface poderia receber uma classe que implementa a mesma, agora vou poder programar de forma mais otimizada, obrigado. 24/07/2016 às 3:26
-
@Fells, dessa forma o código fica mais limpo e organizado. Sempre tive a dúvida de como utilizar interfaces. Vou me aprofundar mais nesse assunto porque quero passar a utilizar interfaces nos próximos projetos que desenvolver. 26/07/2016 às 12:44
-
@DiegoFarias Na minha opinião, a curva de aprendizado da Orientação a Objetos é um pouco longa. Eu mesmo demorei bastante para entender o conceito na prática. Você até compreende quando lê algum artigo ou vê exemplos mas a absorção mesmo só vem depois que você começa a perceber a necessidade de melhorar a qualidade do código no dia a dia. Essa apostila da Caelum exemplifica de uma forma bem didática - caelum.com.br/apostila-java-orientacao-objetos/…– Fells26/07/2016 às 16:23
Basicamente, uma interface é um contrato, estabelecido normalmente para uso entre dois componentes distintos, como um sistema e uma biblioteca, por exemplo, ou ainda para diminuir restrições no uso de objetos.
Há vários usos. Um dos mais interessantes é o de IEnumerable<T>
no C#. A implementação de uma enumeração pode não ser um objeto, mas uma função geradora. Vários objetos implementam IEnumerable<T>
, como List<T>
, arrays
, Collection<T>
, Queue<T>
, Stack<T>
e qualquer função cujo retorno seja baseado em yield return
, que acumula vários retornos de objetos que resultam em uma enumeração pelo método chamador. Este é um caso de redução de restrição: quando declaro:
IEnumerable<Objeto> lista;
Posso atribuir a ele quaisquer um dos objetos já citados:
lista = new List<Objeto>();
lista = new Collection<Objeto>();
lista = new Queue<Objeto>();
lista = new Stack<Objeto>();
lista = new Objeto[10];
lista = MinhaFuncaoComYieldReturn();
public static IEnumerable<Objeto> MinhaFuncaoComYieldReturn()
{
for (var i = 0; i <= 10; i++)
yield return new Objeto();
}
Além disso, Java e C# são duas linguagens que não suportam herança múltipla. Interfaces são uma boa maneira de garantir que uma classe seja uma composição de várias implementações diferentes.
Um caso emblemático disso é a classe SortedDictionary<TKey, TValue>
, também do C#:
public class SortedDictionary<TKey, TValue> : IDictionary<TKey, TValue>,
ICollection<KeyValuePair<TKey, TValue>>, IEnumerable<KeyValuePair<TKey, TValue>>,
IEnumerable, IDictionary, ICollection, IReadOnlyDictionary<TKey, TValue>,
IReadOnlyCollection<KeyValuePair<TKey, TValue>>
Ela precisa ser um dicionário, uma enumeração, uma coleção, ter suporte a ordenação e ainda ter métodos em modo somente leitura. Isto garante uma grande quantidade de usos da mesma estrutura de dados.
O Java funciona da mesma forma.
Por último, vale ainda a pena falar de troca de componentes. Suponha por exemplo que temos uma classe implementada em uma biblioteca que por algum motivo não queremos mais usá-la:
public class ClasseDaBibliotecaASerRetirada
{
public void Metodo1(int i, int j) { ... };
public int Metodo2() { ... };
public int[] Metodo3(params int[] parametros) { ... };
}
Podemos extrair a interface dela:
public interface IClasseDaBibliotecaASerRetirada
{
void Metodo1(int i, int j) { ... };
int Metodo2() { ... };
int[] Metodo3(params int[] parametros) { ... };
}
E implementar outra classe, sem modificar muito do código dependente dessa classe:
public class MinhaNovaClasse : IClasseDaBibliotecaASerRetirada
{
public void Metodo1(int i, int j) { ... };
public int Metodo2() { ... };
public int[] Metodo3(params int[] parametros) { ... };
}