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Geralmente sempre tenho dúvida sobre o uso das funções para liberação de memória, em quais situações ela deve ser usada ou deverá sempre ser usada? E a minha realmente passará a ter um melhor desempenho?

Se possível alguém poderia me dar um exemplo de seu uso?

1 Resposta 1

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Nunca!

Ok, se você tiver um completo domínio do funcionamento da implementação atual do GC, estiver disposto pagar o preço se uma mudança ocorrer e puder melhorar quando houver uma mudança, pode ser que valha a pena fazer alguma coisa nesse sentido. Ou seja, só quando souber quando forçar a coleta lhe dará o "direito" de fazer isso. Em uma resposta superficial na internet, não te dará isto.

Se conseguir fazer testes exaustivos, se eles tiveram qualidade suficiente e provarem que a coleta manual não provoca perda de performance ou pelo menos que essas perdas não afeta a aplicação, então pode usar. Normalmente nem compensa o trabalho, na maior parte dos casos haverá perda. Nos casos onde a perda é tolerável, provavelmente a coleta manual não ajudará.

Implementação atual

Na implementação atual do .NET chamar o coletor só piora as coisas, eu diria em 99,99% dos casos. Como ele é geracional, ele vai fazendo os dados de uma geração irem para outra artificialmente, e tudo o que você não quer é que os dados cheguem na última geração, a mais difícil de manipular e que causa os problemas que as pessoas dizem que o coletor de lixo tem, como as longas paradas, por exemplo.

Quando você faz a coleta de um lixo sem o "cesto" estar cheio há um desperdício de recurso. Quanto mais lixo, melhor o GC funciona, até porque ele trabalha com cópia dos dados "sobreviventes". Idealmente nenhum dado sobrevivente faria a coleta ser bem mais rápida. O GC do .NET é um dos melhores existentes do mercado e foi desenhado com cuidado para trazer os melhores resultados, é raro o programador ser mais esperto que ele.

Já vi dizerem que se você sabe que tudo está indo rápido para a Gen 2 (a última), então não é muito problemático. Sim, é verdade, mas por que isso está acontecendo? Provavelmente há um problema de design da aplicação.

Onde é seguro usar

Há um caso onde pode usar quase seguramente. Quando for fazer um teste de performance e saiba que a memória não vai encher. Pode forçar só para ajudar garantir que o coletor não seja chamado dentro do teste. Ainda assim o ideal é assegurar que ele não foi chamado antes de confiar nos resultados. É possível instrumentá-lo.

Outros casos são usados para obter o mesmo efeito, evitar que uma coleta ocorra no meio de algo importante. Mas se é importante mesmo, talvez não deveria usar algo que possa ser coletado.

Há quem tente fazer isso entre renderização de frame de jogos para evitar congelamentos inesperados. Isso pode funcionar em certas circunstâncias, mas em geral é uma má ideia e não se costuma fazer isto. A implementação atual ajuda evitar paradas longas, por isso jogos são feitos com .NET sem problemas. Chamar a coleta provavelmente provocará mais paradas longas.

Evitar a criação de lixo

O que dá pra fazer é minimizar o uso da memória gerenciada pelo GC, alocando mais coisas na pilha, ou criar pools de memória gerenciados pela aplicação, mesmo que eles estejam no heap gerenciado, assim só desaloca quando o programador quiser. Mas o trabalho que isto dá, a dificuldade de fazer certo, normalmente não compensa. Se isso é realmente necessário, quase sempre é melhor usar outra linguagem. Ou pelo menos pode usar um pool de objetos padrão que agora tem no .NET.

Mas é preciso tomar cuidado, em geral o GC faz um ótimo trabalho. Há um artigo mostrando o trabalho a mais que dá para tentar gerenciar as alocações por conta própria. E se fizer isso corre o risco de errar e acabar com um vazamento de memória.

O artigo mostra como o Raymond Chen fez um código em C++ que obteve uma performance excelente, mas deu muito trabalho e o código ficou complicado e quase ilegível, além de ter sido fácil cometer erro nele. Enquanto que o código C# teve performance próxima em um port simples da primeira versão do Raymond, sem sequer "idiomatizar" para o C#. Com pouca melhoria ficou mais próximo ainda.

Note que o C# usado era primitivo, não tinha generics que passou ajudar muito a performance agora. Hoje o resultado final poderia ser mais favorável ao C#. E se entendi bem o teste envolve até o tempo de carga do executável que claramente é pior no C# por causa do JITter (agora temos a possibilidade de rodar sem JITter). E talvez poderia ter melhoras se aceitasse um código em C# menos legível, usando técnicas mas avançadas.

Gerenciar código manualmente certamente consegue melhor resultado que código gerenciado por GC, mas em grande parte dos casos não compensa. Em muitos casos o GC dará uma performance melhor que um código mais simples e ingênuo com gerenciamento manual. Para tudo existem exceções.

Referências

Coloquei no GitHub para referência futura.

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  • 1
    Ótimo trabalho @bigown, esta resposta diz tudo, ja passei por problemas seríssimos ao utilizar o GC.Collect sem avaliar o impacto do mesmo. Essa resposta ajudará e muito toda a comunidade de desenvolvimento de software. 4/02/2016 às 11:48
  • Pelo que o que entendi sobre o que foi exposto aqui, é que, eu nunca faça a chamada do GC manualmente ? Só, que andei pesquisando sobre o consumo de memória quando é utilizado ReportViewer e não vejo uma caminho a seguir. Tem um exemplo para que eu posso me basear ? 26/04/2017 às 20:12
  • @DiegoFarias Chamar o GC só piora a situação. Precisa resolver o problema que está causando isso, que eu não sei qual é.
    – Maniero
    26/04/2017 às 20:15
  • Entendi, vou tentar outros caminhos para resolver. 26/04/2017 às 20:21

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