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Sou novo em C# e ainda não entendi totalmente o conceito da utilização de um delegate:

public delegate void HTTPRequestsHandler(string url);

Gostaria de saber quando usá-los e em quais casos um delegate é útil.

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Sua pergunta é muito parecida com esta, mas o contexto é um pouco diferente.

Delegates podem ser definidos, grosso modo, a tipos que definem funções. No seu exemplo:

public delegate void HTTPRequestsHandler(string url);

Você está definindo o tipo HTTPRequestsHandler, que é um tipo de função que não devolve nada, e cujo argumento é uma string.

O principal uso de delegates é o de definir funções em tempo de execução. Neste exemplo, a ideia deve ser definir uma função que trate requisições HTTP já com o aplicativo executando.

Suponha que você escreve um servidor que receba requisições HTTP, mas quer dar a liberdade de outras pessoas escreverem exatamente como querem que a requisição seja processada. Seu servidor irá esperar uma função em tempo de execução, e seu código apenas se concentrará em chamar esta função no tempo adequado.

Exemplos

Sem delegate

Suponha uma classe assim:

public class MeuServidor
{
    public void MinhaFuncaoQueTrataHttpRequests(string url) 
    {
        /* Note que aqui preciso declarar minha função. 
           Não tenho a opção de declarar ela em outro momento. */
    }
}

Com delegate

Suponha a declaração tanto do delegate quanto da minha classe assim:

public delegate void HTTPRequestsHandler(string url);

public class MeuServidor
{
    public HTTPRequestsHandler minhaFuncaoDelegate { get; set; }
}

Note que ela aparece como propriedade, e que eu posso usar o set para defini-la em outro ponto do código. Assim:

HTTPRequestsHandler delegateEmOutroLugar = delegate(string url) {
    /* Faço alguma coisa aqui, como uma função. */
};

var meuServidor = new MeuServidor();
// Posso definir agora minha função de delegate, assim:
meuServidor.minhaFuncaoDelegate = delegateEmOutroLugar;
// E executar assim:
meuServidor.minhaFuncaoDelegate("http://umsitequalquer");
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A grosso modo é uma forma de guardar um código em uma variável. Ou seja, de uma certa forma simplificadamente falando, o valor da variável é um código que poderá ser invocado em algum momento.

Quando usar

A ideia geral indica o uso sempre que quiser permitir que uma ação possa ser configurada a posteriori.

Um exemplo de uso da ideia geral é o LINQ. Ele sabe executar certas ações mas não sabe os detalhes específicos de como fazer isto, então ele espera que você passe um código para ele:

objeto.Where(x => x == 0);

Dentro do Where() é feito uma série de coisas. Em determinado momento ele precisa decidir se deve pegar um dado ou não. Esta decisão o Where() não sabe qual é, então ele recebe um código que define como fazer a comparação. Este código é o que está sendo passado aí como argumento do Where(). Lá dentro isto será executado como se fosse um método, e o resultado é que será usado. Note que este código não será executado aí. Ele será executado lá dentro no momento que ele for útil, quantas vezes forem necessárias. E em cada chamada será passado pelo código dentro do Where() um argumento, que será recebido por este código como o parâmetro x.

Isto é chamado de callback function, já que definimos uma função que será usada como "parâmetro" do que deve executar (chamar de volta).

Esta é uma forma de delegação, mas não da forma apresentada na pergunta.

Em eventos é outra grande utilização, afinal o evento sempre precisa chamar um determinado método que ele não sabe exatamente o que faz. Ele só sabe como é o contrato deste deste método. É algo externo ao conhecimento dele. Um outro trecho de código dirá qual é a real implementação.

Delegate na forma apresentada na pegunta praticamente não deve ser usado. Esta forma era necessária no início do C# e ainda é necessária em casos bem específicos, em geral, para criar uma abstração melhor.

Seu funcionamento

Quando criamos um delegado estamos dizendo ao código que vamos ter ali algo que precisa ser executado, mas ainda não sabemos exatamente o que, só sabemos como deverá ser feita a chamada.

A forma apresentada é apenas a declaração do delegado. Como o próprio nome diz é uma forma de delegar uma ação para um código que ainda será estabelecido. A declaração consta apenas da assinatura do método esperado. Isto é importante para o compilador saber como tratar aquele delegado específico, e gera um novo tipo na aplicação.

Assim, toda vez que uma variável for criada usando este tipo ele saberá como invocar o método de forma adequada de acordo com a assinatura fornecida. A variável irá armazenar uma referência para um método concreto criado em algum momento no desenvolvimento da aplicação. Quando atribuímos um código à variável que será a delegada estamos definindo seu valor. Ou seja, estamos apontando um comportamento específico que valerá até que outro código mude o apontamento.

No momento que fazemos uma chamada de método através desta variável delegada, estamos executando o código que está apontado por ela.

Quando criamos esta forma de delegação estamos dizendo ao código que sabemos que um determinado método precisa existir ali, e sabemos qual é sua assinatura. Só não sabemos ainda qual é seu corpo, o que realmente ele faz na implementação concreta. Alguma outra parte do código dirá o que deve fazer. E é possível mudar o que deve ser executado a qualquer momento em tempo de execução.

Terminologia

Se conhece outras linguagens isto é o mesmo que um function pointer. O delegado é uma das formas de ter um ponteiro para uma função. Existem outros termos sinônimos ou relacionados.

Forma mais moderna

Hoje, em C#, usamos mais a lambda, que é uma função anônima com uma sintaxe mais simples e que, em geral, dispensa a declaração do delegado.

Isto não quer dizer que ele não exista, apenas que não é preciso escrevê-lo. O compilador infere a assinatura daquele método e cria o delegado para você. Em alguns casos onde a inferência não é possível, dá para usar um Func ou Action para substituir a declaração do delegado.

Formas de definir o código

Claro que o método ou código solto deve existir e ser previamente compilado (até é possível fazer essa compilação em tempo de execução, mas isto é menos comum e só recentemente ficou mais fácil fazer isto). O método concreto que deve ser usado pode ser definido do jeito tradicional ou pela sintaxe de lambda ou de delegate (note que a palavra-chave delegate é usada para declarar um delegado e também para definir um, mas ambos são incomuns hoje, já que o uso de lambda é mais conveniente*).

Você pode usar qualquer método existente na aplicação, incluindo métodos existentes no .NET como implementação concreta de um delegado. Claro, desde que a assinatura bata com a declarada no delegado. Há métodos que possuem um membro escondido que é o tal do this, então pode parecer que um método tem uma mesma assinatura e na verdade ser outra.

Então seu exemplo poderia ser definido assim:

public static void Metodo(string url) => WriteLine(url); // só um exemplo

E definiria o delegado assim:

HTTPRequestsHandler handler = Metodo; //é o método acima

Ou pode simplificar um pouco e fazer a definição do método e do delegado ao mesmo tempo:

HTTPRequestsHandler handler = delegate(string url) {
    WriteLine(url); // só um exemplo
};

Ou como lambda (HTTPRequestsHandler nem precisa existir):

var handler = (string url) => WriteLine(url); // só um exemplo

Comparando com interfaces

Conhece bem o uso de interfaces ou classes abstratas? Uma interface se assemelha muito com um delegado, só que a interface concretiza o método de forma fixa e definida em tempo de compilação. O delegado pode ser definido em tempo de execução (ainda que o código em si a ser executado também será definido em tempo de compilação).

interface IManipulador {
    public void HTTPRequestsHandler(string url);
}

class Exemplo : IManipulador {
     public void HTTPRequestsHandler(string url) => WriteLine(url); // só um exemplo
}

Fez a mesma coisa. Qualquer classe que implemente a interface Manipulador pode ter um método que é garantido que atende as necessidades (a assinatura) imposta no delegado. Só que não tem flexibilidade de trocar em tempo de execução.

public delegate void HTTPRequestsHandler(string url);

class Exemplo {
     public HTTPRequestsHandler handler = (string url) => WriteLine(url); // só um exemplo
}

Aí você pode fazer:

var x = new Exemplo();
x.handler("http://dominio.br/pagina.html"); //escreve isto pulando uma linha
x.handler = (string url) => Write(url);
x.handler("http://dominio.br/pagina.html"); //escreve isto sem pular a linha

Pronto, mudou o que deve fazer de fato, agora imprime sem pular linha. O exemplo é bobo mas mostra a flexibilidade. O consumidor desta classe pode dizer como deve ser o manipulador. Claro que se não tomar cuidado pode abusar disto.

Esta é uma forma de evitar herança e polimorfismo e várias situações (ainda que isto seja uma forma de polimorfismo). Não quer dizer que deva em todos, claro, tudo tem o momento certo para usar.

Esta classe poderia ser escrita da forma mais moderna evitando a declaração do delegado:

class Exemplo {
     public Action<string> handler = (string url) => WriteLine(url); // só um exemplo
}

Neste caso específico, já que WriteLine() possui uma assinatura compatível, pode fazer melhor ainda:

class Exemplo {
     public Action<string> handler = WriteLine; // só um exemplo
}

Veja funcionando no ideone. E no .NET Fiddle. Também coloquei no GitHub para referência futura.

Mais informações

Poderia falar dos delegados multicast e seu uso principalmente com eventos. Mas é melhor entender uma parte de cada vez.

Artigo bem interessante sobre o assunto.

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