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Vi algo escrito semelhante ao código abaixo. Esse segundo bloco no método metodo tem alguma utilidade? Tem como ser usado de alguma forma?

Rodei este código e ele compilou e apareceu apenas a mensagem Primeiro print., não apresentando Segundo print..

Já vi algo parecido com o try...catch...finally, mas este não é o mesmo caso.

Se puder ser usado de alguma forma, alguém me escreve um exemplo prático?

public class BlocoAninhado {

    public static void main(String[] argumentos) {
        BlocoAninhado.metodo();
    }

    public static void metodo() {
        System.out.println("Primeiro print.");
    }

    {
        System.out.println("Segundo print.");
    }
}

3 Respostas 3

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O bloco exemplo que você deu é um Instance Initializer com propósito diferente de um simples bloco de escopo. Sempre que você encontrar estes blocos soltos dentro do corpo de uma classe, se trata disso e não dos blocos de escopo de variáveis.

Um irmão do Instance Initializer é o Static Initializer:

public class BlocoAninhado {

    public static void main(String[] argumentos) {
        BlocoAninhado.metodo();
    }

    public static void metodo() {
        System.out.println("Segundo print.");
    }

    static {
        System.out.println("Primeiro print.");
    }
}

Este deve executar, e o bloco do seu exemplo não executa por que não é criada uma instância dessa classe. O Static Initializer executa porque não está vinculado à instância, assim como qualquer método estático.

O outro caso de blocos soltos são os comuns que você encontra dentro das funções, estes são blocos de escopo. Um uso comum e útil deles é nos cases do comando switch:

switch(foo) {
  case BAR: {
    int x;
  }
  break;

  case BAZ: {
    char x; //usando o mesmo nome sem problemas.
  }
  break;
}

Para ilustração, isto faria o tipo de bloco que você está usando executar:

public class BlocoAninhado {

    public static void main(String[] argumentos) {
        (new BlocoAninhado()).metodo();
    }

    public static void metodo() {
        System.out.println("Segundo print.");
    }

    {
        System.out.println("Primeiro print.");
    }
}
2
  • Seria se fosse uma classe sem main. Daí seria exatamente um Instance Initializer. 8/03/2014 às 2:50
  • 2
    @FelipeAvelar ainda é um Instance Initializer o fato de ter um main não importa, o que acontece é que como não é criada uma instância de fato dessa classe, um Instance Initializer não é chamado, se fosse um Static Initializer seria.
    – oblitum
    8/03/2014 às 2:56
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Os blocos do Java possuem várias aplicações

Corpo de classes e métodos

Classe:

class C { ... }

Método:

void m() { ... }

Implementações inline:

Runnable r = new Runnable() {
    public void run() { ... }
};

Agrupar declarações em condicionais, laços e controle excepcional

Condicional:

if (cond) { ... } else { ... }
switch (valor) { case 1: ...; break; default: ...}

Laços:

while (cond) { ... }
do { ... } while (cond)
for (...) { ... }

Controle excepcional e de encerramento:

try { ... } catch { ... } finally { ... }

Blocos arbitrários

São colocados no meio do código e seguem o fluxo normal de execução, porém com um escopo próprio, o que significa que as variáveis declaradas deixarão de existir no seu fechamento.

int a = 1;
{
    int b = a + 2; //b == 3
}
//b não existe mais

Isso provavelmente é permitido por uma questão de linguagem, isto é, um bloco pode substituir um comando válido na gramática do Java. Isso simplifica muito a implementação porque o compilador não precisa fazer uma verificação especial para permitir blocos apenas em comandos específicos.

Labels

É possível usar o comando break <label> para interromper a execução de um bloco em específico.

Não consegui pensar em nenhuma aplicação prática, então vai um exemplo sem o menor sentido mesmo assim:

int a = 1;
myLabel: {
    for (int i = 0; i < 20; i++) {
        a++;
        if (a == 5) {
            break myLabel;
        }
    }
    System.out.println("Não vai imprimir isso!");
}
System.out.println(a);

Inicializadores de instância e de classe

De instância (executa antes do construtor):

classe C {
    { ... }
}

Estático (executa quando a classe é carregada no primeiro uso:

classe C {
    static { ... }
}

A ordem de execução

Uma questão interessante sobre os blocos de inicialização é sobre a ordem em que eles são executados, considerando que há o construtor do objeto e inicializações de atributos.

Considere o seguinte exemplo:

public class Initializations {
    static class X {
        static int y(String str) { 
            System.out.println("y(" + str + ")");
            return 1;
        }
    }
    static class A {
        static { 
            System.out.println("static initializer A"); 
        }
    static int y = X.y("static A");
    int y2 = X.y("instance A");
        { 
            System.out.println("instance initializer A"); 
        }
        public A() {
            System.out.println("constructor A");
        }
    }
    static class B extends A {
        static int y = X.y("static B");
        int y2 = X.y("instance B");
        static { 
            System.out.println("static initializer B"); 
        }
        { 
            System.out.println("instance initializer B"); 
        }
        public B() {
            System.out.println("constructor B");
        }
        public void imprime() {
            System.out.println("imprime()");
        }
    }
    public static void main(String[] args) {
        System.out.println("init main");
        new B().imprime();
        System.out.println("end main");
    }
}

Irei comentar o resultado produzido pelo código acima:

  1. init main: o primeiro item é do método main, logo as subclasses não foram inicializadas.
  2. static initializer A: ao executar new B() o Java executa primeiramente o inicializador estático da classe Pai.
  3. y(static A): em seguida, o atributo estático y da classe A foi inicialiada.
  4. y(static B): em seguida, o atributo estático y da classe B foi inicialiada.
  5. static initializer B: agora, sim o inicializador estático de B.
  6. y(instance A): agora o atributo de instância y2 da classe A.
  7. instance initializer A: agora o inicializador de instância da classe A.
  8. constructor A: e o construtor de A.
  9. y(instance B): agora o atributo de instância y2 da classe B.
  10. instance initializer B: e o inicializador de instância de B.
  11. constructor B: terminando a sequência de inicialização, o Java executa o construtor de B.
  12. imprime(): e o método de instância é chamado.
  13. end main: finalmente o método main termina.

Com base nisso, podemos dizer que a ordem de execução é:

  1. Variáveis e inicializadores estáticos, começando da classe pai e terminando na filha, e na ordem em que estão declaradas no corpo de cada classe da hierarquia.
  2. Começando mais uma vez na classe pai e terminando na filha, são executados, nesta ordem, inicialização de variáveis de instância, inicializadores de instância e construtores.
2

Isso é principalmente utilizado para declarar que uma variável pertence apenas aquele escopo. Por exemplo:

public class Teste{

  public static void main(String[] args){
    Teste.imprime();
  }

  public static void imprime(){
    {
      int i = 0;
      System.out.println(i);
    }
    {
      int i = 2;
      System.out.println(i);
    }
  }
}

Você conseguirá compilar com sucesso e terá como saída:

0
2

No entanto, se você inverter, por exemplo, a ordem das linhas no segundo bloco:

public class Teste{

  public static void main(String[] args){
    Teste.imprime();
  }

  public static void imprime(){
    {
      int i = 0;
      System.out.println(i);
    }
    {
      System.out.println(i);
      int i = 2;
    }
  }
}

Você receberá o seguinte, para este código, o seguinte erro de compilação:

Teste.java:13: error: cannot find symbol
                        System.out.println(i);
                                           ^

Ou seja, serve como uma forma bem primária de encapsulamento, restringindo o acesso apenas ao bloco que ela pertence.

8
  • 2
    No exemplo da pergunta o bloco aparece fora de qualquer função, no escopo da classe. 8/03/2014 às 2:45
  • Na verdade a linha a mais foi colocada pelo NetBeans @GuilhermeBernal. Muito bom Felipe, obrigado.
    – GarouDan
    8/03/2014 às 2:47
  • @GarouDan tem certeza que não é o caso da resposta que dei. São coisas bem diferentes.
    – oblitum
    8/03/2014 às 2:48
  • @GuilhermeBernal, eu coloquei dentro do outro, porque, caso você tente executar o exemplo proposto, ele só executará o primeiro print. 8/03/2014 às 3:39
  • 1
    @FelipeAvelar Acontece que, a pergunta tem um tom leigo de alguém que viu algo e não sabe o que é. Você não respondeu sobre o código dado, e a descrição dada é vaga, porém o código é válido, você no final deu uma resposta baseada numa suposição que não deriva do código dado, o qual pode ser de fato o que o OP viu por aí.
    – oblitum
    8/03/2014 às 3:52

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