Não posso ver nenhuma vantagem real em alocar um std::vector
dinamicamente. Mas deve-se ter cuidado ao retornar um vetor como resultado de uma função. Mesmo ele sendo pequeno (tipicamente 12 bytes em sistemas 32-bit) seu construtor de cópia é lento.
Se possível, permita que o compilador aplique as otimizações de retorno. Nelas o objeto a ser retornado é construído diretamente na variável de destino dele depois da chamada da função. São duas modalidades possíveis (12.8/31):
NRVO (Named Return Value Optimization): Quando você cria uma variável dentro da função cujo tipo é o tipo de retorno da função e em todos os pontos de retorno, você retorna essa variável. Exemplo:
// Otimização de valor nomeado:
// Todos os returns devem retornar a mesma variável local.
std::vector<int> func_nrvo() {
std::vector<int> result;
// execute algo aqui e adicione elementos ao vetor
return result;
}
std::vector<int> result = func_nrvo();
RVO (Return Value Optimization): Quando você retorna um objeto construído no próprio ponto de retorno, ou seja: um temporário (que seja exatamente do tipo da função). Exemplo:
// Otimização de valor não nomeado:
// Todos os returns devem ser um objeto temporário do tipo de retorno.
std::vector<int> func_rvo() {
return std::vector<int>(5, 0);
}
std::vector<int> result = func_rvo();
Se não for possível aplicar essas otimizações (sugiro reescrever de forma que a função fique como em um desses exemplos), então resta duas opções: mover ou copiar o objeto, sendo a primeira bastante leve e a segunda muito custosa. Infelizmente não existe o conceito de mover no C++03 e se você não pode utilizar o C++11 terá que usar de outros meios para evitar a cópia, como usar um argumento de referência para retornar:
void func_ref(std::vector<int>& vec) {
vec.clear();
vec.push_back(1);
}
std::vector<int> vec;
func_ref(vec);
Se você usa um compilador que suporta o C++11:
O vetor nesse caso tem um construtor que pode mover o objeto. Então retornar o vetor por uma função é bastante leve e você não precisa se preocupar. Nos casos em que a otimização de retorno de valor não se aplicar, mas se você retornar uma variável local, o resultado será movido automaticamente. Mas você pode forçar a ação de mover usando o std::move
se a situação for diferente.
std::vector<int> func1() {
return std::vector<int>({1, 2, 3, 4, 5});
}
std::vector<int> func2() {
std::vector<int> a, b;
if (rand() % 2)
return a;
else
return b;
// Otimização não se aplica. Estamos retornando variáveis diferentes.
// Mas ainda estamos retornando variáveis, mover é implícito.
}
std::vector<int> func3() {
std::vector<int> a, b;
return (rand() % 2) ? std::move(a) ? std::move(b);
// Otimização não se aplica. Estamos retornando variáveis diferentes.
// Mas note que não estamos retornando variáveis, e sim uma estrutura
// mais complexa (a condicional ternária). Nesse caso precisa forçar o move.
}
std::vector<int> vec1 = func1(); // Resultado construído diretamente em vec1
std::vector<int> vec2 = func2(); // Resultado movido para vec2
std::vector<int> vec3 = func3(); // Resultado movido para vec3
Nota:
No código da sua função vejo que você usa uma mutex. Repare que a chamada da função insert
no vector pode falhar e lançar a exceção std::bad_alloc
em caso de falta de memória. Se isso acontecer sua função será encerrada sem liberar a mutex. Um deadlock aguardando para surgir!
O ideal é usar uma classe cujo construtor trave a mutex e o destrutor a destrave, como o std::lock_guard
. Assim mesmo no caso de uma exceção a mutex será liberada pois o destrutor das variáveis locais sempre é chamado.
Em caso de dúvida...
As regras que regem exatamente qual tipo de construtor chamar, quando e quais otimizações podem ser feitas em cada caso são bastante complexas e analisar um código se baseando apenas em seus "instintos" pode ser arriscado. Quando defronte a situações como essa uma atitude é confiar em seu compilador para lhe dizer o que está acontecendo. Em vez de um vetor, use uma classe "cobaia" para ver através do código. Exemplo:
struct Cobaia {
Cobaia() {cout << " Cobaia()" << endl;}
~Cobaia() {cout << " ~Cobaia()" << endl;}
Cobaia(const Cobaia&) {cout << " Cobaia(const Cobaia&)" << endl;}
Cobaia(Cobaia&&) {cout << " Cobaia(Cobaia&&)" << endl;} // apenas C++11
};
volatile bool cond = true; // volatile para não otimizar
Cobaia func1() { Cobaia r; return r; }
Cobaia func2() { return Cobaia(); }
Cobaia func3() { Cobaia a, b; if (cond) return a; else return b; }
Cobaia func4() { Cobaia a, b; return cond ? a : b; }
Cobaia func5() { Cobaia a, b; return std::move(cond ? a : b); } // apenas C++11
int main() {
cout << "func1:" << endl; Cobaia c1 = func1();
cout << "func2:" << endl; Cobaia c2 = func2();
cout << "func3:" << endl; Cobaia c3 = func3();
cout << "func4:" << endl; Cobaia c4 = func4();
cout << "func5:" << endl; Cobaia c5 = func5(); // apenas C++11
cout << "fim:" << endl;
}
Aqui o resultado desse programa (compilado com GCC 4.8.1 em modo C++11, comentários meus):
func1:
Cobaia() // Otimização acontecendo. Tudo acontece como se 'c1' estivesse dentro de func1
func2:
Cobaia() // Otimização acontecendo. Tudo acontece como se 'c2' estivesse dentro de func2
func3:
Cobaia() // Construção do local a
Cobaia() // Construção do local b
Cobaia(Cobaia&&) // Mover a ou b para c3
~Cobaia() // Construção do local b
~Cobaia() // Construção do local a
func4:
Cobaia() // Construção do local a
Cobaia() // Construção do local b
Cobaia(const Cobaia&) // Copiar a ou b para c4
~Cobaia() // Construção do local b
~Cobaia() // Construção do local a
func5:
Cobaia() // Construção do local a
Cobaia() // Construção do local b
Cobaia(Cobaia&&) // Mover a ou b para c5
~Cobaia() // Construção do local b
~Cobaia() // Construção do local a
fim:
~Cobaia() // Destruir c5
~Cobaia() // Destruir c4
~Cobaia() // Destruir c3
~Cobaia() // Destruir c2
~Cobaia() // Destruir c1
Observe a diferença entre func3
, func4
e func5
. É um exemplo claro do quão obscuras essas regras podem ser. Em func3
o retorno é uma variável local, logo possui um endereço fixo de onde os dados podem ser movidos. No caso de func4
a expressão de retorno é um temporário, logo é esperado que seu valor vá ser destruído logo antes de efetivamente retornar da função. Dessa forma o compilador precisa primeiro copiar o resultado para o endereço de retorno antes de continuar. Na func5
uso o std::move
para converter a expressão em um Cobaia&&
que pode ser movido.
Se você executar o mesmo código em C++03 verá que as últimas realizam cópias já que não existe o conceito de mover um objeto.
Para doses extras de diversão, acrescente a flag -fno-elide-constructors
no GCC. Ela desliga todas essas otimizações e você poderá ver todas e cada uma das cópias acontecendo. Um exercício: determinar o motivo de cada uma.